De Peito Aberto: Amamentação nua e crua com enfoque de gênero, de raça, de classe social
De Peito Aberto:
Amamentação nua e crua com enfoque de gênero, de raça e de classe social
Documentário produzido por financiamento coletivo (graças a 700 mulheres e 30 homens), “De Peito Aberto” acompanha mães de diferentes perfis sociais ao longo dos seis primeiros meses de vida de seus filhos e ouve especialistas brasileiros e internacionais em aleitamento materno. Nessa visão panorâmica proposta por Graziela Mantoanelli, diversas cartas são abertas sobre a mesa, desde a figura da Ama de Leite negra na sociedade brasileira até as estratégias das indústrias de fórmulas infantis e seu impacto no desmame precoce. Prevalece ao fim, uma abordagem que combina Poesia & Feminismo.
Sérgio Rizzo – Rio Show, O Globo
Documentário traz uma discussão sobre amamentação que vai muito além dos benefícios dela para mãe e bebê:
o filme mostra que o ato é político.
O longa conta a história de seis mulheres, de diferentes classe sociais, que sofrem com o preconceito e a falta de informação que ainda cercam o aleitamento materno. A produção acompanhou mães e filhos do momento do parto até os pequenos completarem 180 dias de vida. Esse é o tempo mínimo em que a amamentação deve acontecer de forma exclusiva, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para a diretora, Graziela Mantoanelli, o filme não apenas mostra que a amamentação é importante, mas também rompe com uma imagem “idílica” da maternidade. “Para a mãe conseguir amamentar ela tem que lutar contra tudo e contra todos”, observa a diretora, em entrevista à GALILEU. “É médico desatualizado pressionando a mãe, prescrevendo fórmula sem necessidade… E a família desinformada, sem entender a importância do leite materno”, relata.
Essas pressões sociais ganham destaque no documentário, que mostra como os índices de amamentação variam de acordo com as condições socioeconômicas.
O longa também relata como a maternidade é diferente para a mulher negra e traça um contexto histórico mostrando como o desmame precoce surgiu ainda durante o Brasil colônia. Naquela época, havia escravas que eram conhecidas como “amas de leite”, que amamentavam os filhos de mulheres brancas.
Outro ponto forte do filme é contar como as mães são pressionadas a amamentar, mas não têm condições para fazê-lo. A mulher ainda luta para conciliar tarefas domésticas com a maternidade – e a pressão que ela sofre não é apenas dentro, mas também fora de casa.
“As pessoas acabam impedindo a mulher de amamentar em público e isso acaba isolando a mãe, colocando-a em um lugar invisível na sociedade, como se não pudesse sair do lar”, explica Mantoanelli.
A força da indústria de leites infantis também aparece no longa como sendo um grande fator de pressão. O filme conta que marcas de fórmulas para lactentes patrocinam pediatras para que eles usem seus produtos. O resultado são receitas em doses erradas para bebês que, muitas vezes, não precisariam de nada além do leite materno.
Os cinemas e horários onde ocorrerá o primeiro circuito de exibição do documentário podem ser verificados aqui.
77min / Brasil / 2018 / Digital / Documentário
Lançamento do Filme: 03/10/2019
Direção: Graziela Mantoanelli
Classificação Indicativa: 10 anos
O aleitamento.com apoiou esse documentário, assistiu, recomenda e fica muito honrado do seu Editor participar como um dos especialistas em amamentação.
Prof. Marcus Renato de Carvalho