ÚLTIMOS DADOS SOBRE A SITUAÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL
Fonte: “PESQUISA NACIONAL SOBRE DEMOGRAFIA E SAÚDE”
PNDS – 1996
* BENFAN * D H S * IBGE * USAID
* Ministério da Saúde * FNUAP * UNICEF
Começam Amamentando
Em geral, uma alta proporção de lactentes é amamentada (92%), sendo que não se registram grandes diferenças entre os diversos sub-grupos de população considerados, mesmo nos casos extremos, como por exemplo, mulheres sem instrução (89%) ou residindo no Rio de Janeiro (95%).
Haveria uma tendência ao aumento na proporção de lactentes amamentados, com relação a um passado próximo: o percentual de lactentes que foram amamentados durante o primeiro mês de vida, para o total do Brasil, registrado na PNSMIPF de 1986, foi de 83%. Da mesma forma, a região Nordeste, que em 1991 apresentou 90% de lactentes alguma vez amamentados (PSFN/91), tem, em 1996, 92%.
IHAC – PASSO 4 : Amamentação na Primeira ½ Hora de Vida
Com relação ao momento em que o recém nascido (RN) inicia a amamentação, a maioria começa a mamar durante o primeiro dia de vida (71%). O ideal, é que o RN mame na primeira meia hora pós-parto, como recomenda a IHAC – Iniciativa Hospital Amigo da Criança. A PNDS 1996 registra, no entanto que 33% dos recém nascidos são amamentados durante a primeira hora de vida. Novamente existe pouca variação entre as regiões ou entre o agrupamento segundo características sócio-econômicas, devendo-se ressaltar apenas o caso da região Centro-Leste, onde o processo de aleitamento materno é menos generalizado que em outros sub-grupos populacionais: apenas 15% dos RN mamam antes de completar a primeira hora de vida e 61% o fazem antes de completar as primeiras 24 horas.
Só Peito
A amamentação exclusiva diminui muito rapidamente antes que o lactente complete os 6 meses de idade. Foi constatado que perto de 60% dos menores de 2 meses se alimentam exclusivamente de leite materno e que, mais de 95% desses lactentes são amamentados, seja com ou sem suplemento alimentar. Antes de entrar no sétimo mês de vida, isto é, aos 6 meses, 13% dos lactentes se alimentam exclusivamente com leite materno e outros 51% são amamentados, embora recebam outros alimentos.
Alimentos e Líquidos Complementares
Entre os lactentes amamentados que estão nos 2 primeiros trimestres de vida, o suplemento é principalmente líquido. A ingestão de proteínas animais, não recomendadas para lactentes pequenos, está praticamente ausente, principalmente entre os que estão no primeiro trimestre de vida.
Entre os bebês não amamentados, a fórmula infantil (leite de vaca modificado) é o principal alimento. Todavia, chama a atenção o fato de serem ingeridos alimentos sólidos e proteínas de origem animal já no primeiro trimestre. Cereais e farináceos são consumidos por 17% desse tipo de lactentes, mais do que o dobro do correspondente aos bebês aleitados ao seio.
O uso de mamadeiras é, logicamente, maior entre os lactentes não amamentados, o que os torna mais acessíveis à falta de higiene e à probabilidade de contraírem infecções.
Aleitamento: Até Quando ?
A duração mediana é de 7 meses para todos os lactentes que foram amamentados, exclusivamente ou não. As variações mais notáveis são do tipo geográfico, em vez de sociais. Os maiores valores correspondem ao Rio de Janeiro, Norte e Centro-Oeste, onde a mediana da amamentação fica em torno de 10 meses. O Centro-Leste, de maneira coerente com a baixa proporção de lactentes amamentados, apresenta a menor mediana de duração (4,4 meses). Com relação às outras características, não se registram variações notáveis. Segundo níveis de educação, a maior variação corresponde aos lactentes cujas mães têm 4 anos de educação (9,4 meses), ficando os outros níveis de educação em torno do valor mediano. A relativa homogeneidade na duração da amamentação segundo a instrução da mulher, fato ausente na pesquisa de 1986 pode ser atribuída a um conviniente aumento da percepção das vantagens da alimentação ao seio. Dentro do país, a pesquisa de condições de vida da região metropolitana de São Paulo (1990) já revelava semelhante forma de correlação com a amamentação: dentro das famílias que viviam no extremo inferior da escala sócio-econômica da pesquisa, registrou-se uma proporção ainda menor de lactentes amamentados entre os denominados “miseráveis” com relação a categoria “pobres”. Já, pesquisas similares de países relativamente mais pobres que o Brasil mostram uma relação inversa entre educação e aleitamento natural, tendendo-se a diminuir notavelmente entre mulheres mais instruídas.
Mais Instrução: Melhor Performance
Com a amamentaçâo exclusiva, parece existir uma clara correlação com as características sócio-econômicas da população. A mediana está pouco acima de 1 mês, mas é marcadamente maior na área urbana, em São Paulo e na região Sul, e aumenta, muito claramente, segundo o nível de educação. Neste último caso, passa de 0,6 mês entre mulheres com pouca instrução para pouco mais do dobro entre mulheres mais instruídas. Correlação similar registra-se, também, ao observar a proporção de lactentes amamentados mais de 6 vezes ao dia. Mulheres com mais instrução amamentam mais freqüentemente seus filhos no lapso de 24 horas. Esta tendência, encontrada na Colômbia, país com níveis de urbanização semelhantes aos do Brasil, seria também fruto da maior conscientização dos benefícios da amamentação em contraposição às atitudes negativas que qualificariam o aleitamento como prática primitiva, conservadora e/ou própria de mulheres sem recursos.
Resumo por Marcus Renato de Carvalho da publicação:
Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil-BEMFAM, março 1997.