Mitos e verdades sobre a amamentação
Muitos mitos são propagados quando o assunto é amamentação. Será que seios pequenos produzem pouco leite? Existe leite fraco? Canjica, cerveja preta, água inglesa e outros alimentos aumentam a produção de leite? Segundo o coordenador do Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz, João Aprígio, essas afirmações não podem ser tidas como verdades. “Seios grandes e pequenos produzem a mesma quantidade de leite, pois o que dá o tamanho é o tecido adiposo e não a glândula mamária. A quase totalidade do leite humano é produzida no momento da mamada, sempre respondendo à demanda do bebê”, explica Aprígio.
Sobre leite fraco, o pesquisador da Fiocruz afirma que isso não existe. O leite sempre tem a mesma constituição, não importa a quantidade e é o único alimento recomendado à criança até os seis meses de idade. A mãe deve oferecer sempre o seio para o bebê, que irá estimular a produção.
A alimentação da mãe deve ser vista com cuidado. “Se ela não costumava beber leite de vaca, não deve começar durante a amamentação. Isso aumenta o risco de o bebê desenvolver alergia a esse tipo de leite. A mãe deve obedecer a uma dieta saudável, recomendada pelos profissionais de saúde e permitir que o bebê sugue à vontade, estimulando a produção”, diz o pesquisador.
Algumas informações quanto à amamentação são pouco conhecidas do grande público. Um exemplo é o fator antidengue que compõe o leite materno. Durante os seis meses de amamentação exclusiva, o bebê permanece protegido contra a transmissão do vírus do dengue se for picado por mosquitos infectados. Outro aspecto que precisa ser valorizado é a recuperação estética após o nascimento do bebe. Durante a gestação, a mulher acumula peso para formar uma reserva energética justamente para ser gasta no período da amamentação.
Toda mãe pode amamentar
Um mito muito difundido é o de que mães que fizeram operação cesariana não podem amamentar. Em verdade, segundo Aprígio, a amamentação sempre é possível. Muitas dificuldades podem ser vencidas buscando um posicionamento que proporcione um maior conforto para a mãe no momento da amamentação. “A mãe deve buscar a melhor posição, seja sentada, em pé, deitada e oferecer o seio à criança. Deve promover uma boa pega, com a criança abocanhando a maior parte possível da auréola, para evitar fissuras”, recomendou o pesquisador.
A amamentação só deve ser interrompida caso haja uma indicação médica expressa. A maioria das dificuldades que podem surgir durante o processo de amamentação podem ser facilmente vencidas e até mesmo prevenidas, com a adoção de mediadas preventivas. Um exemplo é a prática de passar um pouco do próprio leite na região da auréola, para eliminar bactérias, umedecer e manter a elasticidade da pele, evitando assim a ocorrência de rachaduras ou fissuras de bico.
Mães que observam acúmulo de leite nos seios devem fazer a “ordenha de alívio”, para evitar problemas de empedramentos ou mastite. O leite em excesso pode ser encaminhado para o banco de leite mais próximo, para atender a crianças pré-maturas. Hoje são mais de 160 em todo o país. Para se informar sobre os bancos de leite e sobre amamentação, basta ligar gratuitamente para o SOS Amamentação no telefone 0800-268877 de segunda à sexta, das 8h às 17h.
Mentiras
1. Seios pequenos produzem pouco leite.
2. Leite materno é fraco e deixa o bebê com fome.
3. Canjica, cerveja preta, água inglesa e outros alimentos aumentam a produção de leite.
4. A mulher que faz cesariana não pode amamentar.
5. Seios inflamados impedem a amamentação.
6. Mãe com alguma infecção não pode amamentar.
7. Quando a mãe não tem leite o bebê pode mamar em outra mulher.
Verdades
1. Tamanho não é documento. Seios grandes e pequenos produzem a mesma quantidade de leite.
2. Não existe leite materno fraco. Pelo contrário, o leite materno é o melhor para seu bebê.
3. Alimentação saudável, recomendada por um profissional de saúde, e deixar o bebê sugar à vontade são as principais dicas para aumentar a quantidade de leite.
4. Colocando o bebê ao seio, aos poucos, nos primeiros dias, o leite descerá normalmente.
5. Ao contrário, deve-se dar de mamar mais vezes, para o peito não empedrar e ajudar a desinflamar.
6. Poucas infecções ou medicamentos impedem o aleitamento materno. Na maioria dos casos, é necessário apenas pequenos cuidados e uma consulta a um profissional de saúde.
7. Toda mãe é capaz de produzir leite, desde que orientada por um profissional. Nunca deixe o bebê mamar no seio de outras mulheres, pois há risco de transmissão de doenças, inclusive a Aids.
Setembro/2003