MULHERES (re) descobrem os benefícios da AMAMENTAÇÃO
Por Angela Schreiber
May. 09th
Comunidadenews.com – o jornal da comunidade brasileira nos EUA
Amamentar é um ato de amor:esta é a definição dada por todas mamães e futuras mamães, além delas também concordarem que o leite materno é o alimento mais completo para que o bebê cresça forte e saudável. No Brasil as mães são incentivadas a amamentar até a criança completar dois anos de idade, o que nem sempre é possível para as brasileiras que vivem nos Estados Unidos, já que aqui elas precisam voltar ao trabalho o mais rápido possível. Cada uma a seu modo vai conciliando o bebê com sua atividade profissional.
A housecleaner Marli Buchmeier está grávida de 32 semanas. Quando soube da vinda de Gabriel, tratou de diminuir o ritmo de trabalho sempre levando alguém junto para ajudá-la. “Parei totalmente de trabalhar na 29ª semana de gravidez pois sentia mais cansaço e minha barriga também estava mais pesada”, conta ela. Natural de Cianorte, Paraná e morando nos Estados Unidos há 2 anos e 10 meses, Marli planeja amamentar seu filho até no máximo um ano de idade. Na sua opinião não existe leite fraco ou pouco leite, enfatizando que “é um alimento que só traz benefícios ao bebê.” Ela vê como negativo o fato das mães americanas amamentarem tão pouco.
Quando Gabriel completar 3 meses Marli voltará a trabalhar. Suas patroas são chinesas que moram nos EUA há aproximadamente 30 anos e concordaram com que ela leve o bebê para o trabalho, embora não tenham apresentado muito entusiasmo com o fato de Marli amamentar. “Vou ganhar menos por trabalhar menos mas não tem problema”, disse ela, que conta com o grande apoio do marido, o carpinteiro Rubens Silva Costa. “O importante agora não é o dinheiro e sim o bebê”, disse ele. Ela destaca também que o apoio e o carinho do marido são imprescindíveis nesta hora. “Tenho amigas que são pressionadas pelos maridos para voltar logo ao trabalho”, lamenta. No hospital onde realiza os exames pré-natais, Marli é parabenizada por médicas e enfermeiras americanas, que incentivam a sua decisão de amamentar. “O leite materno é um alimento natural que não pode ser negado ao bebê. Amamentar é uma prova de amor”, finaliza.
Há dois meses atrás quando sua filha nasceu, Juliana Pires Custódia pensou que não poderia amamentá-la: Isabella precisou ficar no Centro de Terapia Intensiva por sete dias. “Meu sonho era amamentar minha filha e no início fiquei triste. Foi só eu me aproximar dela que comecei a produzir leite”, conta Juliana cheia de felicidade. Ela pretende voltar a trabalhar quando Isabella completar três meses e já sente culpa por não poder amamentar até os seis meses como gostaria. “Ouvi falar que quando se volta a trabalhar a tendência do leite é diminuir, porque a criança não suga mais o peito. O leite pode ser congelado por seis meses e como tenho bastante já estou armazenando”, disse Juliana.
Ela destaca a importância da amamentação dizendo que “o bebê fica mais tranqüilo, a mãe tem a oportunidade de acariciá-lo. O contato do bebê com a mãe e vice-versa é uma transmissão de afeto.” Juliana sente-se privilegiada por estar passando dois meses com a filha e pretende diminuir o ritmo pelo menos até Isabella completar três meses. “Depois disso volto à rotina normal”, conta. Juliana trabalha como housecleaner para americanas, as quais em sua grande maioria apoiaram sua decisão de amamentar, dando inclusive conselhos. Outras disseram preferir dar a fórmula porque a criança se desenvolve mais. “Mas não dando o peito perde-se aquele afeto gostoso. É tão bom amamentar”, conclui.
Opinião de um profissional
e dados científicos
O ginecologista e obstetra Hamilton Monteiro da Clínica Women’s Health Associates de Danbury sempre recomenda às suas pacientes o aleitamento materno. Formado pela Universidade de Brasília-UnB e há dez anos nos Estados Unidos, ele diz que “o obstetra tem a vantagem de reforçar para a mãe a idéia de amamentar.” Destaca que o leite materno tem muitas vantagens sobre a fórmula porque é uma boa maneira de oferecer os melhores nutrientes para o bebê: proporciona uma melhoria à sua saúde geral, prevenindo infecções e tornando o sistema imunológico mais forte.
Segundo Dr. Hamilton, a mãe também tem benefícios com a amamentação: se recupera mais rápido da perda de sangue sofrida no parto, perde o peso adquirido na gravidez além de promover a interação mãe e filho. Com 40% das pacientes brasileiras e os 60% restantes americanas, ele afirma que há estudos comprovando que as crianças que mamam no peito têm menos alergias e estão menos propícias à doenças crônicas na idade adulta, tais como diabetes e pressão alta.
“Quando a criança nasce ela mama a cada “duas” horas, produzindo mais leite na mãe. Depois a criança passa a mamar menos seguido e a produção de leite se normaliza”, disse o Dr. Hamilton, citando também o fato de que as americanas têm estado bem animadas para amamentar e que “ultimamente as pessoas estão melhor informadas.” O período de amamentação das americanas varia de 6 meses a 1 ano.
Dr. Hamilton aproveita para fornecer o telefone de uma Consultora de Lactação que trabalha no Hospital de Danbury tirando as dúvidas das mamães sobre o aleitamento materno. O número é 739-7093 e é fornecido com freqüência às suas pacientes. No mesmo hospital também existe um Centro de Amamentação onde três a quatro enfermeiras dão suporte sobre o assunto, além de incentivar as mães a amamentar.
Segundo a Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria-SBP, Dra. Elsa Giugliani, a África e a Ásia tem índices altos de aleitamento materno e não existe um “país” campeão.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um estudo sobre crescimento onde reforça a idéia de que a mãe deve amamentar pelo maior tempo possível, dada a sua importância no processo de desenvolvimento da criança. O aleitamento materno é um dos pontos que recebeu mais destaque nos resultados da pesquisa, e é reconhecido por guias brasileiros e internacionais como a melhor fonte de nutrição para crianças. O estudo aponta ainda para seus benefícios nutritivos e imunológicos.
Segundo o site www.aleitamento.com a maior rede de Bancos de Leite do mundo está no Brasil e tem seu funcionamento regulamentado pelo Ministério da Saúde.