Vai dar certo!
Como resolver os problemas mais comuns na amamentação
Que amamentar é bom para o bebê ninguém discute. Nos primeiros dias, porém, não se parece em nada com a delicadeza divulgada pelos filmes de TV. Se você anda se estranhando com a nova tarefa, acredite: você pode virar esse jogo. A comerciante Carole Makdesi, 27 anos, mãe de Gabriel, 5 meses, que o diga. “Meu bico rachou e sangrou * “, diz. “Amamentei chorando de dor *”, mas ainda bem que não desisti, considera.
São muito raros os casos em que há uma incapacidade biológica de a mulher amamentar, avisa o ginecologista Sérgio Hibner, de São Paulo. Apesar disso, pesquisas indicam que mais da metade das mães pára de dar o peito até o final do primeiro mês. CRESCER ouviu diversos especialistas, levantou os principais problemas que podem surgir e reuniu dicas de como resolvê-los. Confira.
Mamas muito cheias
Se o bebê não consegue esvaziar os peitos e a produção de leite é grande, seus seios podem ficar pesados e doloridos. O normal é que, nos primeiros dias, entre em funcionamento um mecanismo de ajuste do próprio corpo, que faz com que a produção seja compatível com as necessidades do bebê.
Solução Se o desconforto se estender além da primeira semana, você pode aumentar a freqüência das mamadas ou esvaziar os seios por meio de uma massagem com movimentos circulares em volta das aréolas utilizando a palma da mão ou a ponta dos dedos.
Ingurgitamento
Os seios ficam com pequenos nódulos e os mamilos, intumescidos. Os dutos obstruídos podem causar a interrupção da produção de leite, dor e febre.
Solução No final de cada mamada, extraia o leite que restar apertando o indicador e o polegar em forma de C em movimentos rítmicos ou com o auxílio de uma bomba manual ou elétrica. Não faça compressas quentes, elas estimulam ainda mais a produção.
Mastite
A mastite é uma complicação do ingurgitamento. É quando os dutos obstruídos, cheios de leite empedrado entram em contato com as bactérias da saliva do bebê levando à infecção, com febre e mal-estar generalizado.
Solução: O tratamento é feito com antibióticos e com a retirada do excesso do leite.
Dor nos mamilos
Os seios ficam sensíveis e doloridos nos primeiros dias por causa da sucção do bebê. É a pega incorreta durante as mamadas que fere a aréola.
Solução: Certifique-se de que o bebê está abocanhando corretamente a aréola – ela deve ficar toda dentro da boca. Enquanto os mamilos estiverem machucados, varie de posição e aplique compressas frias de gaze embebida em chá de camomila por apenas alguns minutos. Por mais tempo, essas compressas podem estimular a produção de leite.
Fissuras
A pele fica tão machucada pela sucção, que chega a rachar e pode sangrar.
Solução: Espalhe leite do peito em volta das aréolas depois de cada mamada e deixe os seios expostos ao ar livre, se possível ao sol da manhã. Há também uma variedade de pomadas cicatrizantes. Se as aréolas estiverem muito machucadas, faça a ordenha manual e ofereça o leite em um copo por uma mamada, para dar tempo de a pele se recompor. O tratamento varia conforme o grau do ferimento, cada médico tem uma conduta, consulte o seu. Evite remédios caseiros, como a popular casca de banana. Ela é cicatrizante, mas pode contaminar os dutos com bactérias.
Pouco leite
São raríssimas as mães que não produzem leite suficiente para alimentar o bebê. Porém há quem insista em achar que, se o bebê chora muito, o leite não o está satisfazendo.
Solução: Lembre-se de que é comum nos primeiros meses que os bebês chorem por uma série de motivos além de fome, como cólicas, fralda suja, frio, calor, busca de aconchego. O ganho de peso abaixo da média é uma pista de que a produção pode não estar sendo suficiente. Mas não é conclusivo. O pediatra provavelmente pedirá que você amamente seu filho na presença dele para que seja possível observar se as mamadas estão sendo eficientes, isto é, se o esforço do bebê para abocanhar e sugar o seio está correto e, portanto, surtindo o efeito desejado, que é o de retirar o leite do seio. Muitos bebês ficam horas no peito, mas apenas chupetando.
Plástica nos seios
A colocação de próteses de silicone não afeta a amamentação, mas a cirurgia de redução das mamas pode comprometer o aleitamento, conforme a técnica utilizada.
Solução: Se a cirurgia retirou parte do tecido mamário, mas não interrompeu completamente os dutos, é possível que haja produção de leite, apesar de pequena. Nessa situação, os pediatras costumam recomendar que se complemente a mamada com leite artificial **.
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Observações:
* A Amamentação não dói e não sangra !
A presença destas intercorrências denota erro de técnica, por ex. má pega, a nutriz não teve apoio de um profissional capacitado.
** Antes de indicar a fórmula infantil, o profissional preocupado em manter a lactação, pode utilizar uma medicação para aumentar a produção, lançar mão da técnica de relactação (ou indução à lactação) com uma sondinha junto ao peito…
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Para saber mais
» Grupo de Apoio e Promoção ao Aleitamento Materno (www.aleitamento.org.br)
» Clínica Interdisciplinar de Apoio à Amamentação (www.aleitamento.com)
» Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (www.ibfan.org.br)
» O Livro da Amamentação Vera Heloisa P. Vinha,
Editora CRL Balieiro Editores Limitada
» Cartilha de Amamentação… Doando Amor, Centro de Lactação de Santos Editora Almed