Campanha da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul sobre amamentação é polêmica
Nas imagens, o seio é substituído por um refrigerante, hambúrguer e rosquinha. E na legenda, a campanha apresenta a seguinte mensagem: “seu filho é o que você come”.
Pediatra considera campanha negativa e destaca que má alimentação da mãe não influencia no leite produzido
Uma campanha da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul com objetivo de conscientizar mães sobre as consequências da má alimentação durante a amamentação dividiu opiniões na internet.
Muitos receberam as peças de forma negativa e consideraram a publicidade um desestimulo ao aleitamento materno e incentivo ao uso de leite artificial.
Seu leite não é o que você come. Ao menos é o que afirmam alguns especialistas em aleitamento materno, contradizendo uma polêmica campanha idealizada pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Os cartazes, que alertam sobre os efeitos da má nutrição da mãe sobre os recém-nascidos, repercutiram na mídia internacional, a exemplo do jornal inglês Daily Mail, que classificou a campanha como “perturbadora”, e têm sido alvo de críticas por parte da comunidade médica.
Repercussão internacional:
Breastfeeding Photos Shame Moms for What They Eat
A Brazilian PSA about breastfeeding is sparking anger from moms who feel shamed by the sensational ads.
A new campaign created for the Brazilian Pediatric Society of Rio Grande is aimed to encourage breastfeeding moms to take a closer look at their diet. Instead, it’s outraging that very community—and for good reason. Engorged breasts painted like burgers, soft drinks, or doughnuts with babies latched on to their nipples is not inspiring at all. It’s gross!
“It’s mean and awful,” La Leche spokeswoman Diana West told Yahoo Parenting. “It promotes the idea that you have to have a perfect diet to breastfeed.” The striking campaign may be getting a second look, but the information is false according to the American Academy of Pediatrics.
Yes, it’s common knowledge that nursing mothers should avoid alcohol and limit caffeine to three cups of coffee daily. Tuna and sushi that contain high amounts of mercury should be sidelined, too. But according to the AAP, there’s nada suggesting a breastfeeding mama who is burning mucho calories and quite possibly on limited amounts of sleep can’t have a few slices of pizza or a juicy burger. Everything in moderation, right?
Com o slogan “Seu filho é o que você come. Seus hábitos nos primeiros mil dias de vida de seu filho podem impedir que ele desenvolva doenças graves”.
Segundo a médica pediatra do Imip, Vilneide Braga-Serva, a campanha se equivoca ao deixar subentendido que a má nutrição da mulher resultaria na produção de um leite materno inadequado.
“A mulher, sendo ela magra ou obesa, se alimentando bem ou com uma dieta rica em gordura e açúcar, é capaz de produzir leite materno saudável e adequado para o bebê. A má alimentação da mãe não deve ser considerada como fator para o desmame”,
esclarece a especialista, destacando que o leite só tem as taxas de gordura e vitaminas alteradas em casos de desnutrição grave da mãe.
A pediatra destaca ainda que a falta do aleitamento materno é que poderia causar doenças para o bebê. “O leite materno possui mais de 250 substâncias para proteger o bebê e é capaz de prevenir obesidade, diabetes, alergias e melhorar a imunidade, inclusive na vida adulta. Estudos mostram que os recém-nascidos que mamam na primeira hora de vida têm uma chance 22% menor de morrer durante o primeiro ano de vida”, afirma.
De acordo com recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), os primeiros seis meses do bebê deve ser exclusivamente de aleitamento materno, mas a realidade brasileira é de 54 dias. “Nos primeiros seis meses o bebê tira tudo o que precisa do leite da mãe. Eles não necessitam nem de água. A partir de então, outros alimentos começam a ser introduzidos, mas a amamentação deve seguir até, pelo menos, os 2 anos de vida. O aleitamento materno é fundamental para a criança”, finaliza a pediatra Vilneide.
“Como se fosse fácil não comer besteiras de vez em quando. Se dependesse disso ninguém amamentaria mais! Sempre fico atenta ao duplo sentido das coisas! A ideia inicial pode ser ótima, mas nosso país não tem cultura e maturidade para deixar claro que o leite materno é perfeito, e (a campanha) acabará servindo para contribuir para o desmame”, escreveu uma usuária do Facebook.
Mulheres do Grupo Virtual de Amamentação também protestaram e fizeram posts de mães amamentando com o conteúdo do leite materno (botton da capa).
Vamos nos perguntar a quem interessa culpabilizar a mãe que não tem uma alimentação super balanceada? Qual mãe que amamenta em livre demanda, cuida da casa, dos outros filhos, trabalha fora, entre outras atividades, consegue todos os dias ter uma alimentação “exemplar”?
Existe comprovação científica de que a alimentação da mãe pouco altera a qualidade do leite materno, sendo ainda o melhor alimento para o bebê, independente da alimentação da mãe, do que qualquer fórmula dita completa, superior e/ou semelhante ao leite materno.
De boas intenções o inferno está cheio:
Em nota de divulgação da campanha, o pediatra do Comitê de Nutrologia da entidade, Matias Epifanio, afirma que a iniciativa foi mal compreendida. Segundo ele, o objetivo é encorajar o aleitamento e que as mães tenham consciência que a falta de alguns alimentos pode fazer com que a criança tenha uma série de problemas no futuro. Fontes: Administradores.com + jconline.ne10 + parents.com + GVA
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