Uma espaço de informação atualizada para
mães e pais sobre os cuidados,
o crescimento e o desenvolvimento
de bebês saudáveis desde o ventre materno.
Aprenda a amamentar sem se machucar
Pediatra esclarece o que fazer para evitar rachaduras e sangramento
Blog do pediatra: Há uma técnica para amamentar
Especialista explica como prevenir fissuras e dor
Enviado por Marcus Renato de Carvalho – 26/10/2006 – 7:37
DOR, RACHADURAS, SANGRAMENTO no ALEITAMENTO?
FALTOU ESCLARECIMENTO!
Tenho constatado que muitas mulheres ainda sofrem com bicos rachados e com as mamas cheias a ponto de terem febre. Em virtude disso e dos inúmeros questionamentos em relação a minha afirmação de que NÃO se devem preparar as mamas, resolvi explicar com mais detalhes que há uma “técnica” para amamentar.
Hoje, não recomendamos preparar as mamas (pegar sol, passar bucha, esfregar…) para a Amamentação. Nem nos países nórdicos, onde as nutrizes têm a pele muito clara existe esta prescrição.
A ausência deste “preparo” artificial não é a causa das rachaduras. A natureza prepara as mamas para o aleitamento. Durante a gestação, a aréola fica mais escura (resistente), aparecem as glândulas de Montgomery que lubrificam de forma fisiológica os mamilos. As fissuras, a dor e o sangramento nas mamas são indicativos que algo não vai bem.
As fissuras (ou rachaduras) são indicações de que há má “pega”, isto é, na forma como o bebê abocanha a mama. A maneira correta é o lactente pegar não só o bico (mamilo), mas também a aréola.
Além da má “pega”, as causas dessas rachaduras podem ser:
– uso de pomadas e cremes;
– higiene desnecessária dos mamilos antes das mamadas;
– dar o seio ingurgitado (cheio, com a aréola endurecida);
– candidíase = sapinho = monilíase (fungo);
– infecção bacteriana local.
A melhor alternativa é prevenir estas intercorrências, e, para tratá-las, passar o próprio leite materno em toda a aréola, deixá-lo um pouquinho ao ar livre (com intuito de diminuir a umidade), variar as posições do bebê nas mamadas (posições não tradicionais) e não usar bicos de silicone (intermediários).
É importante enfatizar que não é recomendado o uso de pomadas (ou lanolina, que está na moda). No lugar desta, deve ser usado o próprio leite, que possui substâncias antiinflamatórias, antiinfecciosas, cicatrizantes, glóbulos brancos e não precisa ser RETIRADO para o bebê mamar. Assim, são evitadas novas lesões na delicada pele que tenta se cicatrizar.
Sou especialista em amamentação pelo Wellstart International, pelo International Board Lactation Consultant Association e com quase 25 anos de experiência. Mais informações no nosso livro: “Pós-Parto & Amamentação – dicas e anotações” pela Editora Àgora.
Por uma amamentação prazerosa!
Até a próxima.
**********************************************************************
Pediatra critica excesso de cesáreas no país
Marcus Renato de Carvalho diz que partos operatórios aumentam em 2,9 vezes mortalidade de recém-nascidos
Enviado por Marcus Renato de Carvalho – 30/10/2006 – 17:20
CESÁREA: Riscos para mãe e para o bebê
Nós, pediatras, estamos muito preocupados com o aumento alarmante de cirurgias cesarianas. Estudos recentes demonstram que estes partos operatórios incrementam em 2,9 vezes a mortalidade dos recém nascidos. Em contra-partida, o parto normal tem efeitos benéficos sobre o bebê. Ele estimula a liberação de hormônios que amadurecem os pulmões, e a compressão experimentada no canal de parto facilita a expulsão de líquidos do sistema respiratório.
As cesarianas trazem riscos para mães e bebês. A morbidade e a mortalidade é maior nas mulheres que são submetidas a esta cirurgia sem indicação clínica. Já os bebês, têm mais chance de nascerem prematuros, com distúrbios respiratórios, de ficarem internados e de serem desmamados precocemente.
Segundo a OMS, as taxas de cesáreas não deveriam exceder 15% dos partos. Porém, o Brasil possui altíssimas porcentagens, e tem sido criticado devido ao uso indiscriminado desse procedimento. Na rede privada, o índice de cesáreas em 2005 foi de 84,4%! No SUS (Sistema Único de Saúde), esse percentual é de 28,6%. Na Holanda, por exemplo, a cesariana é adotada em apenas 14% dos partos. A Espanha apresenta uma porcentagem de 22% e, os EUA, de 26%.
Em todo o mundo, diversas iniciativas têm incentivado o parto normal. Novos modelos de assistência obstétrica estão sendo experimentados – parteiras experientes, enfermeiras-obstetras, casas de parto, doulas como acompanhantes e partos domiciliares, são alguns exemplos. No Brasil, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula os planos privados de saúde está elaborando uma norma que poderá exigir que os planos ofereçam estrutura para a realização de partos naturais em sua rede.
É importante destacar que campanhas sociais serão fundamentais para reverter esse quadro, pois há, também, fatores educacionais e culturais envolvidos. Além de campanhas, recomendamos cursos de preparação para o parto, onde os casais possam compreender os mecanismos fisiológicos do parto transvaginal.
Michel Odent, um especialista francês, defende que a mulher precisa de privacidade e acolhimento. Sem isto, há liberação de adrenalina, produzida pelo estresse, que bloqueia o hormônio ocitocina. Este, por sua vez, é responsável pela contração do útero, pela descida do leite e, ainda, pela sensação de prazer.
Pelo 16º ano consecutivo, participarei do Encontro de Gestação e Parto Natural Conscientes, nos dias 24-26 de novembro, no Rio de Janeiro. O encontro tem como intuito refletir sobre as melhores formas para o início da vida humana. Esta é uma das iniciativas de vários movimentos como a ReHuNa – Rede de Humanização do Nascimento, e das mulheres da ONG Parto do Princípio, Associação Nacional de Doulas…
O NORMAL é ter NATURAL!
Até!
********************************************************
Pediatra defende a não separação mãe-bebê na hora do nascimento
Marcus Renato diz que o profissional pode
secar e examinar o recém-nascido no seio materno
Enviado por Marcus Renato de Carvalho – 2/11/2006 – 9:56
IMPORTÂNCIA DO CONTATO
MÃE-BEBÊ
AO NASCIMENTO
É sempre emocionante, transcendente o começo da vida humana. No parto humanizado, mesmo sendo cesárea, a mãe e o seu bebê têm o direito de ficarem juntinhos. O profissional que assiste ao parto avalia as condições do recém nascido nos primeiros segundos, podendo, inclusive, secar e examinar o bebê no seio materno.
Para o novo ser, o nascimento é traumático: de um ambiente semi-obscuro, com menor pressão gravitacional, ruídos abafados, aconchegante e quentinho, ele passa para um lugar oposto. Por isso, nos esforçamos para minorar este sofrimento com o calor e o aconchego do colo materno.
Em todo o mundo, entidades como a OMS, o UNICEF, as ONGs IBFAN e WABA, e, no Brasil, o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a ReHuNa, apóiam o Hospital Amigo da Criança. Nesta iniciativa, são propostos os 10 passos para maternidades promotoras da amamentação. Estes indicadores recomendam:
– pessoal de saúde capacitado;
– orientação especial para as grávidas;
– implantação do alojamento conjunto (ao invés do berçário);
– proibição do uso de chupetas, mamadeiras e bicos;
– apoio às nutrizes;
– contato entre mães e bebês, ainda no local do parto.
O recém nascido, ao sugar o colostro e usufruir o efeito analgésico da sucção, não é o único beneficiado pelo estabelecimento da amamentação, a puérpera, também, tem vantagens:
– saída da placenta facilitada;
– diminuição do sangramento;
– regressão mais rápida do útero;
– chegada do leite mais rapidamente;
– fortalecimento do vínculo mãe-bebê.
É curioso constatar que somos os únicos mamíferos que se separam das crias ao nascer, e isto tem repercussões por toda a vida. Estas questões são tão importantes, que serão tema da 15a. Semana Mundial de Aleitamento Materno em 2007, com o slogan:
Amamentar ao nascimento, sem nenhum impedimento:
Esse é um bom começo, de um caminhar sem tropeço!
Desde o ponto de partida, mamadas que salvam vidas!
Namastê!
* Para aqueles que ainda não me conhecem: Sou professor da UFRJ e dou aulas na Medicina, Fonoaudiologia e Psicologia. Co-coordeno um curso de pós-graduação de Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil que reúne profissionais de 8 áreas distintas. Todas as questões que abordamos neste Blog são temas que conversamos com nossos alunos. Acredito que estamos contribuindo para a formação de profissionais de saúde mais cuidadosos e cuidadores.
Enviado por Marcus Renato de Carvalho – 8/11/2006 – 0:06
O BEBÊ mesmo vindo com um
“MANUAL de INSTRUÇÕES”…
Mesmo que os nossos filhos viessem com um manual completo e ilustrado não conseguiríamos lê-lo, e lendo-o não iríamos “resolver” as angústias, ansiedades e dores (deles e nossas!).
“Eu tinha 6 teorias sobre o modo de educar crianças.
Agora tenho 6 filhos e nenhuma teoria.”
Tallulah Bankhead, atriz americana.
De todas as espécies mamíferas, o recém-nascido humano é o que mais depende dos cuidados de seus pais. Mesmo aqueles que nascem aos nove meses (duração ideal da gestação), os bebês são seres “prematuros”, imaturos, “fetos” extra gestacionais.
Explico: há milhares de anos, passamos a ser bípedes, e esta nova postura ereta, fez com que as bacias femininas se estreitassem, ou seja, nossas crias passaram a nascer com 38-42 semanas de gestação ou não conseguiriam mais sair do ventre de suas mães, já que o grande perímetro cefálico não permitiria.
Com isso, apresentam inúmeros “defeitinhos” fisiológicos. Eles dependem de um adulto, espirram, roncam, levam sustos (reflexo de moro), arrotam, golfam (insuficiência do esfincter esofagiano inferior), sentem cólicas viscerais, mamam e defecam (reflexo gastro-cólico exarcerbado), choram (uma eficaz forma de comunicação) quando se sentem sozinhos, sentem frio e dependem de uma substância (mais que alimento) muito especial – o leite materno…
Ser pai e mãe requer muita paciência, apoio, disponibilidade física e emocional, doação, dedicação exclusiva em horário integral, compreensão, afeto, investimento físico e emocional. Tudo isso é cansativo, mas muito recompensador…
Nossa sociedade não tem dado muito valor a estes funções maternas-paternas, as licenças são ainda pequenas. Muitas mulheres são trabalhadoras autônomas, profissionais liberais ou estão no mercado informal, sem a proteção de leis trabalhistas.
Algumas vezes delegamos os cuidados às babás, enfermeiras capacitadas ou “maternistas” (terceirização da maternagem). O melhor para o nosso bebê é a nossa presença, nosso carinho, nossa fala (voz, conversa…), mesmo que não sejamos “experts”, ou não tenhamos tido experiência anterior.
É lógico que precisamos de assessores técnicos: pediatra, nossas mães e pais, amigas mais experientes, grupos de apoio, como As Amigas do Peito, bons livros, sites e blogs recomendados, psicoterapeuta e muita ajuda.
Nesta nova fase, a casa não precisa ficar um brinco, de limpeza e organização, mas o que importa é a atenção ao nosso recém-chegado.
Não prescrevo receitas, não há fórmulas e nem remédios milagrosos.
“Nutrir a criança?
Sim.
Mas não só com o leite materno.
É preciso pegá-la no colo.
É preciso acariciá-la, embalá-la.
E massagea-la.
…Ser levados, embalados, acariciados, pegos,
massageados, constitui, para os bebês, alimentos tão indispensáveis,
se não mais, do que vitaminas, sais minerais e proteínas.”
Frédérick Leboyer
OK?
********************************************************************************
Não perca no próximo blog: LEITE FRACO EXISTE ?!
Confira todos os textos: http://oglobo.globo.com/blogs/saudebebe/