BIBI VOGEL: para sempre em nossos corações e na história da Amamentação no Brasil e na Argentina
MULHERES DE PEITO
Diploma Mulher-Cidadã
Por iniciativa da Deputada Inês Pandeló, Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, foi instituído pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, o DIPLOMA MULHER- CIDADÃ. Este Diploma destina-se a agraciar mulheres que, no estado, tenham oferecido contribuição relevante em defesa dos direitos da mulher e questões de gênero.
E com grande alegria, comunicamos que nossa companheira BIBI VOGEL, idealizadora e fundadora do Grupo de Mães Amigas do Peito foi escolhida para receber esse prêmio, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, por seu trabalho, desde 1980, a favor da amamentação e em defesa do direito da mulher a amamentar.
As Amigas do Peito têm o prazer de convidar todos vocês para a sessão solene de entrega do Diploma Mulher- Cidadã que será realizada no dia 09 de março de 2004, às 19 horas, no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, Palácio Tiradentes, Rua Primeiro de Março, s/nº, Praça XV, no Rio de Janeiro.
Justo reconhecimento à esta mulher tão bela, batalhadora, amiga,visionária…
Dr. Marcus Renato de Carvalho
Texto Coletivo das suas para sempre
Amigas do Peito
Hoje estamos reunidos na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro para homenagear nossa companheira Bíbi Vogel. É doloroso para nós que ela esteja neste momento em Buenos Aires quando a sentimos tão perto de nós. Seu delicado estado de saúde não permitiu que ela viajasse para cá hoje. Muitas vezes na vida dor e alegria se misturam de forma vigorosa. Agora é assim, a alegria desta homenagem se mistura com a dor de ver Bíbi doente, em sua conhecida coragem de se expor, de seguir adiante, de viver plenamente cada experiência socializando seus sentimentos e reflexões. Bíbi é assim, corajosa, medrosa, ousada, tímida, artista, delirante, realista, realizadora, atrapalhada, solidária, solitária, apaixonada, livre, presa, poliglota, elegante, bonita, vaidosa, humilde, amiga, fácil, difícil… Bíbi é uma mulher completa e homenageá-la no Dia Internacional da Mulher é homenagear uma vida de mulher. Sua trajetória é uma trajetória de mulher, comprometida com ser mulher e com as outras mulheres num mundo ainda desigual.
Nossa amizade começou em 1980 quando ela veio de Buenos Aires amamentando Mayra e trazendo consigo um modelo de grupo de apoio à amamentação entre mulheres. Até então ela era conhecida como atriz de sucesso, como uma bela modelo de moda, como cantora acompanhando Sérgio Mendes nos EUA. De lá para cá sua trajetória mudou radicalmente: ficou conhecida no mundo menos glamuroso da luta pelos direitos humanos, como militante feminista e ativista da amamentação. Quem conhece a história de Bíbi se impressiona com a riqueza de experiências, com o valor desta mulher, que provou de muitos e diferentes aspectos da vida. Sua origem traz na história de seus pais, imigrantes judeus alemães fugidos do nazismo, uma história de luta, sofrimento e valentia. Herdou de sua mãe, cantora lírica, o dom de ser artista. Herdou de seu pai, militante socialista, a busca da justiça e a crença na solidariedade. Bíbi Vogel, que se chama legalmente Sylvia Dulce Kleiner, fez destas heranças uma mistura livre e corajosa e seguiu em frente. Seu apelido, Bíbi, era porque sua mãe admirava a atriz Bibí Ferreira e no seu português alemãozado lia Bíbi Ferreira…e apelidou a pequena Sylvia de Bíbi… e Vogel era o sobrenome de seu primeiro marido. Iniciamos com ela o grupo das Amigas do Peito que traz no seu nome a amizade. Nos envolvemos e batalhamos muito para amamentar nossos filhos, então nos anos 80, isso era ainda mais difícil do que hoje. Um ano depois, ao comemorar nosso primeiro aniversário do grupo, escrevemos uma carta para Bíbi e nas despedidas criamos o trocadilho, das suas amigas do peito, que até então era usado para denominar amigos queridos, amigos do coração. Bíbi se emocionou com a carta, e como sempre entusiasmada propôs trocar o nome do grupo, até então Grupo de Ajuda Materna, para Amigas do Peito. Bíbi será sempre, em todos os sentidos, nossa primeira Amiga do Peito.
Durante os anos que nos conhecemos Bíbi tinha ido para a Argentina por uma historia de amor com o diretor de teatro Alfredo Zemma, com quem se casou e teve uma filha. Sua filha Mayra, hoje com quase 25 anos, vive em Buenos Ayres, onde nasceu, o que mantém nossa amiga Bíbi na Argentina. Desde então trabalhou com Alfredo em diversas produções teatrais até que se separaram, depois de um longo casamento. Na Argentina, além de militar sempre na Amamentação, trabalha na APDH (Asamblea Permanente por los Derechos Humanos) e mantém as Amigas do Peito conectadas com grupos feministas. Produziu 3 vídeos sobre maternidade, trabalhou como cantora de música popular brasileira, viajou para a Noruega e Holanda representando as Amigas do Peito e buscando contatos e patrocínios internacionais. Na comemoração dos 20 anos das Amigas do Peito idealizou e produziu uma exposição de artes plásticas e humor com os mais conhecidos cartunistas argentinos e brasileiros que foi exposta em Buenos Aires e no Museu da República no Rio. Muitas e muitas idéias saíram desta cabeça delirante, muitos sonhos sonhamos juntas, e realizamos muitas ações transformadoras da sociedade. Nos anos 90, por exemplo, Bíbi se sentiu triste de ver suas companheiras feministas rejeitarem a luta pela amamentação como uma luta feminista, como se fosse um retrocesso desejar ser mãe e ficar eventualmente afastada da profissão temporariamente. Nossas intermináveis discussões conseguiram unir nossas lutas, e hoje, as filhas das pioneiras que queimaram sutiãs tem a liberdade de desnudar seus peitos e amamentar . Hoje ver Bíbi ser homenageada é uma vitória de uma mulher que se deu sempre o direito de ser livre em sua cabeça, em seus pensamentos, de não aceitar preconceitos mesmo quando vindo dos amigos. É para as Amigas do Peito um enorme orgulho ver Bíbi Vogel hoje homenageada, é muito forte esta homenagem para cada uma de nós que privou de partilhar sua vida que ela tão generosamente abriu para quem precisasse. É maravilhoso partilharmos todos a dor e a alegria de ter a ausência e a presença de Bíbi Vogel conosco aqui, agora.
Claudia Orthof Pereira Lima (por muitas companheiras).
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Buenos Aires, Argentina, 3 de abril de 2004.
Querid@s amig@s de Bibi:
esta mañana a las 8h45 Bibi empezo su largo viaje al otro lado del espejo,
estuvo rodeada de mucho amor, comio una galletita brasileña con manteca (ya que no le pudimos atender a su pedido enérgico de PAN con mantea), pero era una galletita integral con gengibre y brasileña..
hizo todos los controles que pudo, se levanto para ir al baño pocas horas antes de partir y nos mostró – una vez más – qué es AMAR LA VIDA!
fue una bendición poder acompañarla y sabemos que estuvo acompañada por muchísimos mas, en sus pensamientos y oraciones
de nuevo, GRACIAS!
les pedimos que no llamen a la casa y que esperen un nuevo mail para enterarse del lugar y dia de la cremación: estamos haciendo TODO lo que pidió, quédense absolutamente tranquilos…
las agradecidas “amigas do peito” que pudimos acompañarla en este tramo final.
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Aprendi muito com Bibi e com as Amigas do Peito…
Conheci Bibi e como seu amigo pude constatar seu idealismo, ética, amizade, exemplo de luta e esperança para que nossos países e mundo fossem melhor…
Proponho, como sugere nossos amigos argentinos, que todas as bonecas artesanais que amamentam passem a se chamar
B I B I .
Marcus Renato de Carvalho
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querid@s amig@s,
much@s de ustedes conoceran, habran visto, tendran y aun fabricaran las ya mundialmente famosas muñecas que pueden parir a su bebe naturalmente, y luego amamantarlo. Estas muñecas, que ahora podemos encontrar en mil y una versiones alrededor del mundo, con el toque especial de cada cultura y cada grupo de apoyo que las produce, fue una idea original de nuestra entrañable amiga Bibi Vogel, creadora de Amigas do Peito en el Brasil, cante, actriz, luchadora incansable por los derechos humanos y la lactancia materna en sus dos patrias, Brasil y Argentina; pero por sobre todo, un ser maravilloso.
Una comun amiga, Nurit, me sugirio la excelente idea de proponer que todas esas muñecas que se oponen absolutamente al modelo Barbie, sean oficialmente bautizadas en honor a su creadora, con el nombre de Bibi.
Esa es la propuesta, y espero que esten de acuerdo
un abrazo
Fernando Vallone
Fundación LACMAT (lactancia materna)
IBFAN Argentina
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Bibi Vogel, a bela atriz que se uniu às Mães da Praça de Maio
Filha de judeus alemães que vieram para o Rio depois da Segunda Guerra Mundial, a atriz Bibi Vogel tinha como seu nome original Sylvia Dulce Kleiner. Muito bonita, apareceu em telenovelas, em filmes, apresentou o programa “Concertos para a Juventude” e esteve no elenco da primeira montagem do musical “Hair”, em 1969. Bibi foi a grande paixão de “Nino, o italianinho” (TV Tupi/1969). Outras novelas: “Os ossos do barão”, “O espigão”, “Bravo!” e “Espelho Mágico”, na Globo. No cinema fez “Bebel, garota propaganda”; “Anuska, manequim e mulher”; “A morte transparente” e “O pai do povo”, único filme dirigido por Jô Soares.
Nos anos 70 mudou-se para a Argentina, onde casou-se com o diretor de teatro Alfredo Zemma. Com ele teve em 1979 uma filha, Mayra. Eventualmente vinha ao Brasil para seus trabalhos, o que incluiu posar nua para a “Playboy” em 1975. Mas Bibi sempre voltava para Buenos Aires, onde se uniu ao grupo das Mães da Praça de Maio (ou Loucas de Maio), que exigiam dos ditadores argentinos notícias de seus filhos desaparecidos. No Brasil, Bibi ajudou a criar o grupo Amigas do Peito, em 1980. Pela militância em causas humanitárias, foi homenageada este ano, no Dia Internacional da Mulher, pela Assembléia Legislativa fluminense. Mas, já muito doente, não pôde vir. Há um ano sofria de câncer no estômago. Bibi morreu dia 3, em Buenos Aires, cercada de amigos, aos 60 anos. Pouco antes, pedira para comer um doce, galletita brasileña , que lembrava-lhe o Rio.
Jornal O Globo – 6 IV 2004
GRACIAS A LA VIDA!
Para Bíbi Vogel
Mulher-Cidadã
Mulher-Mãe
Mulher-Atriz
Mulher-Feminista
Uma luz que não se apagará
É cantando que agradeceremos o dom da vida de Bíbi Vogel, dia 12 de abril, às 19h, no Centro Cultural do CEDIM, à rua Camerino , 51 Centro da Cidade do Rio de Janeiro, RJ. Cantando a beleza de ter vivido a vida de mulher e mãe, feito música, teatro, amamentado, lutado pela liberdade e pelos direitos humanos.
Cantando lembraremos as muitas facetas desta mulher múltipla, que viveu aqui no Rio, nos Estados Unidos e na Argentina. Mulher que se destacou como cantora e atriz, registrou sua marca em vídeos sobre a maternidade, a
amamentação e que cantou as músicas que retratam sentimentos brasileiros, que batalhou como feminista.
Nos dois últimos anos superou a cada momento as dificuldades de uma doença que a consumiu: câncer de estômago. Até sua última mensagem deu exemplo de coragem e de amor cantando “Gracias a la Vida” (Violeta Parra), mesmo
falando dos inúmeros problemas que a acometiam, das dificuldades de locomoção e de respiração e a fraqueza destes dias que passaram.
As homenagens que recebeu este ano estão na página das Amigas, bem como o texto lido na Assembléia do Rio de Janeiro, dia 9 de março.
A todos que enviam seus carinhos, convidamos para cantar conosco a vida da nossa AMIGA Bíbi Vogel.
Amigas do Peito
www.amigasdopeito.org.br
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Uma homenagem do www.aleitamento.com a fundadora do
Grupo de Mães AMIGAS do PEITO