Estudo: baixa escolaridade leva mulher a parar amamentação
Baixa escolaridade, trabalho informal e falta de um companheiro na fase adulta são alguns dos fatores que pesam na hora de uma mulher decidir substituir o aleitamento materno pelo leite artificial nos primeiros meses de vida de uma criança. A constatação faz parte de um estudo desenvolvido por pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com os estudiosos, mães com menos de oito anos de estudo, ou seja, que não concluíram o Ensino Fundamental, têm uma chance 29% maior de introduzir leite artificial na alimentação do bebê, comparadas com as que terminaram essa etapa dos estudos. Aquelas que contam com a tranqüilidade de um posto de trabalho formal, com os direitos trabalhistas assegurados, têm 60% menos chances de recorrer a produtos industrializados.
Para chegar a essas conclusões, foram avaliadas mais de mil mulheres atendidas em 27 unidades básicas de saúde da rede municipal do Rio de Janeiro. Entre elas, quase metade (44%) havia introduzido o leite industrial durante o período de amamentação exclusiva recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja nos seis primeiros meses de vida.
Segundo a pesquisadora Roberta Niquini, uma das responsáveis pelo estudo, a prática da amamentação está muito ligada à tranqüilidade da mulher e ao apoio que ela recebe da rede social na qual está inserida.
“Mulheres adultas que contam com apoio do companheiro ou aquelas que têm seus direitos garantidos pela CLT Consolidação das Leis do Trabalho têm mais chances de manter o aleitamento exclusivo nessa fase. Isso também foi observado no caso daquelas mães que têm escolaridade mais alta, ou seja, têm mais facilidade de assimilar as informações passadas por profissionais de saúde ou pelas campanhas governamentais e segurança para rejeitar influências negativas de pessoas próximas”, explicou.
Foi o que ocorreu com a relações públicas Érika Leal Trezzi. Mãe de dois filhos, ela conta que encontrou no marido o apoio de que necessitava para não recorrer ao leite industrializado logo que os filhos nasceram.
“Meus dois filhos nasceram muito magrinhos e a minha mãe, minha sogra e outros parentes insistiam em me aconselhar a dar leite em pó porque, segundo elas, meu leite era fraco e não era suficiente para alimentar meus filhos. Nesse momento, meu marido foi fundamental para me ajudar a manter a amamentação”, afirmou.
Segundo Érika, mesmo no período em que o filho prematuro permaneceu internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neo-natal, tirava o leite manualmente para alimentá-lo e estimular as mamas, para que não parassem de produzir leite.