Amamentar previne a obesidade por toda a vida
Especial para o Portal Saúde 360
Dedicado à conscientização e combate à obesidade infantil, o Movimento Saúde 360 reúne ações de qualificação de profissionais de saúde, relacionamento com instituições de ensino e sociedades médicas, eventos para pais, gestantes e crianças, pesquisas e um site com conteúdo atualizado sobre o tema (www.portalsaude360.com.br). Especialistas apontam que a obesidade infantil é uma das doenças típicas do mundo contemporâneo e, por isto, é uma questão que precisa ser tratada pelo poder público, pela iniciativa privada e pela sociedade.
Por Marcus Renato de Carvalho*
A obesidade é uma epidemia global, e sua prevalência em crianças e adolescentes vem aumentando em todo o mundo, provocando um alto impacto negativo na saúde pública. A obesidade precoce eleva o risco de doenças associadas ao excesso de peso, como diabetes, inflamações intestinais e problemas cardiovasculares, como pressão alta. A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida e continuada até dois anos ou mais é um fator de proteção contra a obesidade.
A maioria dos estudos relata o efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade na criança, especialmente quando relacionado a um período de amamentação exclusiva acima de três meses. E um dos fatores envolvidos nessa proteção é a presença do hormônio leptina no leite materno. Ele inibe o apetite, e, assim, o bebê fica mais saciado. Tanto que os animais que não produzem leptina tornam-se extremamente obesos.
Outras pesquisas mostram que, para cada mês de retardo na introdução de alimentação complementar, há diminuição de 6% a 10% no risco de excesso de peso na vida adulta. Quanto mais tempo a mulher puder amamentar, menor o risco de obesidade na criança por toda a vida. Um estudo com adultos na Finlândia mostrou que indivíduos que foram amamentados de cinco a sete meses tinham o índice de massa corporal (IMC) mais baixo em relação ao grupo que não foi amamentado pelo mesmo período. E estudo envolvendo países europeus diz que a alta concentração de proteína presente nas fórmulas de substituição do leite materno (leites de vaca modificados para uso infantil) é uma das causas de obesidade infantil, pois altera a autorregulação do consumo de energia nos primeiros anos de vida.
Portanto, o aleitamento materno deve ser incentivado por todos os benefícios que oferece ao crescimento e ao desenvolvimento saudável, e também na prevenção da obesidade infantil.
*Marcus Renato de Carvalho é professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, editor do site www.aleitamento.com e do livro “Amamentação — bases científicas” (Editora GEN/Guanabara Koogan).