Amamentação sem complicação
Os medos infundados acabam prejudicando esse momento especial
Por Thiene Barreto para o site Bolsa de Mulher
Medo de não ter leite, de sentir dor, de ter fissuras no seio… A amamentação é um momento de cumplicidade entre mãe e filho, mas não são poucas as inseguranças que as mulheres sentem, principalmente no início da prática. Os temores são naturais, mas, nem por isso, irão se concretizar.
“Não ter leite ou ter leite ‘fraco são medos infundados. Toda mulher é capaz de amamentar e todo leite é de qualidade. Já a dor e as fissuras são intercorrências não obrigatórias. Na mulher que é bem orientada, estes problemas não ocorrem”, explica o pediatra Marcus Renato de Carvalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do International Board Certified Lactation Consultants (IBCLC).
As mamas são preparadas naturalmente durante a gestação e o que faz produzir leite é o bebê sugar as mamas – quanto mais suga, mais leite.
Apesar de 96,4% das mães brasileiras afirmarem que as crianças foram amamentadas pelo menos uma vez, a exclusividade desse alimento em bebês com até seis meses de vida alcança 40% das crianças, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A recomendação do órgão é a amamentação exclusiva até os seis meses e continuada até 2 anos ou mais.
O aleitamento deve ocorrer na primeira hora após o nascimento. O primeiro leite é o colostro, rico em anticorpos. Estatísticas apontam que cerca de sete mil mortes de bebês até o primeiro ano de vida no Brasil poderiam ser evitadas com a amamentação na primeira hora após o parto.
Uma das principais dificuldades na amamentação é quando o bebê não suga ou tem a sucção fraca. Para resolver à questão a mãe deve estimular a mama regularmente, no mínimo cinco vezes ao dia, por meio de ordenha manual ou por bomba de sucção. Isso garantirá a produção do leite. “As mamas são preparadas naturalmente durante a gestação e o que faz produzir leite é o bebê sugar as mamas – quanto mais suga, mais leite”, explica Marcus Renato.
Muitas vezes os bebês resistem à amamentação devido ao uso de bicos artificiais ou chupetas, Às vezes a criança também sente dor quando é posicionada para mamar. De acordo com cartilha distribuída pelo Ministério da Saúde, a solução para esses casos é manter a calma, suspender o uso de bicos e chupetas e insistir nas mamadas por alguns minutos cada vez.
A recomendação funcionou com a psicóloga Tania Mara. Sua segunda filha resistiu para “pegar” no peito. Depois de consultar um pediatra, decidiu tirar a chupeta e, pouco a pouco, a criança foi se acostumando. “Mas tive que insistir”, lembra.
Sentir dor nos mamilos ou ter os órgãos feridos também é comum no início da amamentação, devido à forte sucção deles e da aréola. A dor é considerada normal e, em geral, não passa da primeira semana.
A causa mais comum são lesões nos mamilos por posicionamento e ‘pega’ inadequada. “O mais importante é a ‘pega correta. O bebê deve abocanhar não só o mamilo, mas toda a aréola. No início, para que isso aconteça, é importante a criança ser posicionada no colo ‘barriga com barriga”, explica o pediatra.
Para evitar a dor, é importante manter os mamilos sempre secos e iniciar a amamentação pelo lado menos lesado
Para evitar a dor, é importante manter os mamilos sempre secos e iniciar a amamentação pelo lado menos lesado. O uso de cremes com vitamina A e D ocasionalmente pode ajudar, assim como usar creme com corticóide após as mamadas em casos de fissuras graves.
Se o tratamento não surtir efeito, a recomendação é suspender a amamentação no seio mais comprometido por 24 a 48 horas, e esvaziar (manual ou com bomba de sucção) a mama comprometida, após cada mamada no outro seio. Depois desse período, o indicado é fazer o mesmo com a outra mama.
“Preparar o peito passando bucha e tomando sol, assim como ter que tomar muita água são algumas lendas relativas à amamentação. Todas estas são crendices que não ajudam em nada”, diz Marcus Renato.