Amamentação protege contra poluição do ambiente, diz estudo
Alimentação do bebê no peito combate efeitos negativos de partículas finas e NO2 (dióxido de nitrogênio)
POR O GLOBO
Pesquisadores na Espanha começaram a monitorar mulheres rurais grávidas em 2006
Foto: Reprodução/Pixabay
Nos quatro primeiros meses de vida da criança, a exposição a poluentes como o dióxido de nitrogênio e partículas transportadas pelo ar podem causar efeitos negativos no desenvolvimento motor e mental, mas um novo estudo publicado na “Science Daily” da Universidade do País Basco apontou que esses efeitos são combatidos em bebês que são amamentados.
Pesquisadores na Espanha começaram a monitorar mulheres rurais grávidas em 2006, e analisaram amostras de 638 mulheres e seus bebês aos 15 meses. Eles descobriram que os bebês que são amamentados (com leite materno) não sofrem com o impacto potencialmente prejudicial de desenvolvimento das chamadas partículas finas (PM2.5) – presentes na fumaça da combustão de óleos ou de cigarros – e do NO2 (dióxido de nitrogênio).
Elas são habitantes dos vales Goierri-Alto e Medio Urola, uma parte da província de Gipuzkoa onde a atividade industrial, rural, e as áreas residenciais convivem. O objetivo da pesquisa é avaliar como a exposição à poluição ambiental durante a gravidez afeta a saúde e também examinar o papel da dieta no desenvolvimento físico e neurocomportamental na infância.
Morar em uma cidade com um alto nível de tráfego de veículos ou perto de uma siderurgia significa viver com duas fontes intensas de poluição ambiental. No entanto, a pesquisa, realizada pela pesquisadora Aitana Lertxundi, indica que o efeito nocivo de PM2.5 e do NO2 desaparece em bebês amamentados durante os primeiros quatro meses de vida. A amamentação, então, desempenha um papel protetor na presença destes dois poluentes atmosféricos.
Segundo a “Science Daily”, é a primeira avaliação sobre o efeito da poluição ambiental no desenvolvimento da capacidade motora e mental entre a fase pré-natal até que o bebê tenha 15 meses de idade.
“Na fase fetal, o sistema nervoso central está sendo formado e carece de mecanismos de desintoxicação suficientes para eliminar as toxinas que se acumulam”, destacou Aitana Lertxundi.
As partículas PM .5 medem menos que 2,5 micra, isso é, são quatro vezes mais finas que um fio de cabelo e são suspensas no ar. Como são tão pequenas, podem facilmente penetrar no corpo, e, por pesarem tão pouco, podem se espalhar sem dificuldade pelo ar. Assim, movem-se para locais distantes da fonte de emissão inicial. A composição destas partículas neurotóxicas depende das fontes de emissão na área. A área observada tem uma alta presença de matéria de partículas neurotóxicas compostas de chumbo, arsênico e manganês da atividade industrial e do tráfego. Em comparação com as médias urbanas, onde a principal fonte de poluição é o tráfego, a concentração é menor.
Por isso que afirmamos que “Amamentar é um ato ecológico!”