“Extended breastfeeding” = Amamentação estendida
Precisamos falar sobre
amamentação prolongada
Amamentar o filho por dois anos ou mais deveria ser recebido como um ato natural e saudável para a criança
Alguns ainda se espantam com a amamentação prolongada por mais de dois anos. Algumas mães são inclusive julgadas, principalmente quando amamentam em público. Esta é uma situação que não deveria causar espanto e muito menos julgamentos. Estudos antropológicos e arqueológicos demonstram que, em épocas pregressas, crianças foram amamentadas até a idade de 5-7 anos, o que ajudou na sobrevivência da espécie humana.
A amamentação prolongada é indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, Pediatras e especialistas em amamentação recomendam a amamentação até dois anos de idade ou mais. Isto significa que o leite a ser ingerido pela criança até os 2, 3 ou 4 anos deve ser o da mãe, sem a necessidade de introdução de outro leite.
+Pai, dê o peito para o seu filho
Segundo uma pesquisa da OMS, 500 ml de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína de alto valor biológico (com anticorpos) e 31% do total de energia (ou calorias) de que uma criança precisa diariamente.
Saiba que mamar até os 2 anos ou mais não deixa a criança ficar dependente da mãe, uma vez que a dependência psicológica é determinada pelo tipo de relação entre os dois. O ato de amamentar deve ser visto positivamente e, não, como um tipo de chantagem ou recompensa, e não se deve dar o peito toda vez que a criança tem uma contrariedade, mas em horários ou situações que sejam confortáveis para a mulher.
Veja alguns indicadores usados para comparar a duração “ideal” da amamentação nos mamíferos:
Desmame ao alcançar o triplo do peso do nascimento
Esta ideia de que os mamíferos desmamam quando suas crias triplicam ou quadruplicam seu peso de nascimento aparece extensamente na bibliografia sobre Amamentação. As pesquisas indicam que o desmame nos grandes mamíferos (incluídos os primatas: macacos, chimpanzés, gorilas e o homem) ocorre alguns meses depois que o peso de nascimento dos filhos quadruplica. O lactente quadruplica seu peso em torno dos 27 meses (os meninos) e aos 30 meses (as meninas).
Desmame ao alcançar 1/3 do peso do adulto
Estudos sugerem que os primatas se comportam como outros mamíferos, desmamando a cada um dos seus descendentes quando eles alcançam um terço do peso de adulto. Os humanos, alcançamos tamanhos bastante variáveis, porém, com este critério, o desmame teria lugar entre os 4 – 7 anos de vida.
Desmame em função da duração da gestação
Entre as espécies de primatas de grande tamanho, a duração do período de aleitamento materno excede amplamente a duração média do período de gravidez. Para os primatas mais próximos da espécie humana, o chimpanzé e o gorila, a duração da amamentação é superior em mais de 6 vezes a duração do período gestacional. É sabido que compartilhamos mais de 98% do material genético com os chimpanzés e gorilas.
Utilizando-se este critério, a idade natural do nosso desmame seria 4,5 anos – 6 vezes a duração da gravidez.
Desmame em função das erupções dentárias
De acordo com estudos, muitos primatas desmamam sua prole quando irrompem os seus primeiros molares permanentes. Nos seres humanos, isso acontece entre os 5,5 ou 6 anos. Os dados disponíveis sugerem que as crias humanas estão desenhadas para receber todos os benefícios do aleitamento durante um período mínimo de 2,5 anos e um aparente limite máximo de 7 anos.
Hoje em dia muitas sociedades podem satisfazer as necessidades nutritivas das crianças, mas as necessidades físicas, cognitivas e emocionais das crianças persistem. Por isso, a sociedade deveria tomar consciência de que, para alguns autores, dos 3 aos 5 anos é uma idade razoável e apropriada para o desmame dos humanos, ainda que seja pouco habitual.