Aleitamento materno também nutre
a alma do bebê, diz pediatra
A Tribuna, Santos, SP
Mais do que garantir a alimentação de uma criança durante os seus primeiros 6 meses de vida, a amamentação nutre a alma do bebê e forma vínculos indissolúveis entre mãe e filho.
A avaliação é da pediatra e responsável pelo banco de leite do Hospital Guilherme Álvaro (HGA) de Santos, Keiko Miyasaki Teruya, que, às vésperas da Semana do Aleitamento Materno, celebrada entre os dias 1º e 7 de agosto, reforça a importância de amamentar.
“A amamentação transcende o ato de nutrir uma criança apenas fisicamente. Ela nutre também a alma do recém-nascido. Ao amamentar, há o contato da pele da mãe com a da criança e há troca de olhares. Amamentar é importante para a formação mental e física do bebê. Além disso, o leite materno ser o melhor nutriente que a criança pode ter”, afirma Keiko.
Ainda segundo a médica, a correria do dia a dia e a desinformação de muitas mulheres contribuem para a diminuição da amamentação por parte de algumas mães. “Muitas não sabem que o leite materno nada mais é do que o próprio sangue dela, mas sem os glóbulos vermelhos. O leite materno é repleto de nutrientes que promovem fatores de proteção para a criança. Esse tipo de proteção não é encontrado no leite de nata ou de lata”, afirma.
E o benefício não é exclusivo para as crianças. “As mães que amamentam por pouco mais de um ano estão protegidas de doenças como hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2, por exemplo”.
Recomendado pela Organização Mundial de Saúde, o leite materno é o melhor alimento para todos os bebês. Possui nutrientes e anticorpos que previnem doenças como a dengue e o cólera e pode evitar o desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta.
Banco de Leite do HGA recebe doações em Santos
Mas, se por um lado, o leite materno é tão importante e precioso, por outro é escasso nas situações onde é mais recomendado. Balanço do Ministério da Saúde aponta que o País registra um déficit do produto de aproximadamente 40% para atender aos recém-nascidos em unidades de terapia intensiva.
“A doação é muito importante. Imagine um recém-nascido que nasce prematuro, seu sistema de defesa não está pronto. Para essas crianças, em algumas situações, posso dizer que o leite materno chega a se configurar como um fator de sobrevivência. Mesmo que a mãe só consiga doar um pouco, esse pouco é bastante para quem precisa”, explica Keiko.
Podem doar mulheres que estão amamentando e que não sejam não portadoras de doenças crônicas, que não fazem uso de nenhum tipo de medicamento, não fumantes e que não ingerem bebidas alcoólicas.
Todo leite humano doado passa por um processo de pasteurização, é submetido a controles de qualidade e distribuído aos bebês prematuros e outras crianças que são clinicamente impossibilitados de receber leite do seio materno.
As mães que desejam doar passam por instrução de como retirar o leite no Centro de Lactação do HGA/Unilus. Quando decidir fazer a doação em outras ocasiões, ela pode fazer o procedimento em casa e o próprio banco de leite faz a coleta do material. O HGA fica na Rua Oswaldo Cruz, 197, no Boqueirão, em Santos. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 32021323.
Terceira edição da hora do mamaço ocorreu em Santos
Para este ano, a expectativa é de que cerca de 100 pessoas participem. “No evento do Facebook 70 pessoas já confirmaram presença”, afirma Thaís. O evento é promovido pela comunidade Aleitamento Materno Solidário do Brasil (AMS).
A mobilização ocorrerá simultaneamente em outros estados e cidades do Brasil e deve reunir milhares de mães em pontos turísticos de suas cidades para amamentar seus bebês.
A primeira edição do evento foi em 2012, em comemoração à Semana Mundial de Aleitamento Materno. Na ocasião, 45 cidades participaram com o envio de mais de 50 vídeos e 200 fotos. Em 2013, mais de 1.500 pessoas estiveram envolvidas na iniciativa em vários estados do Brasil e até em outros países.
Polêmica
Thaís, que tem dois filhos (um de 6 e outro com pouco mais de 1 ano), afirma que sempre amamentou em ‘livre demanda’, ou seja, no momento em que a criança tem fome, sem hora marcada. “A recomendação médica é amamentar de três em três horas, mas depois de um tempo comecei a seguir o tempo do bebê”.
Ainda segundo a mãe, a amamentação em locais públicos não deveria ser motivo de polêmica. “Nenhuma mãe que amamentar hoje em um local público será a primeira ou última mulher a fazer isso. Amamentar é algo natural e não deve ser motivo de vergonha ou tabu. Nenhuma mãe deve ser retirada de um local por estar amamentando”.
Para a coordenadora da Hora do Mamaço, amamentar é ‘algo muito particular’. “Há pessoas que não gostam de se expor e nem precisam deixar de amamentar em público por causa disso. A mãe, independente de onde esteja, pode usar uma fralda de pano para cobrir o seio, por exemplo. É preciso se adaptar ao local. Amamentar não é vergonha para ninguém. É uma forma de amor”.