Leite na mamadeira => obesidade infantil
Estudo mostra que forçar as crianças a tomarem todo o leite servido na mamadeira pode desregular o apetite. Assim, elas consomem mais do que o necessário, contribuindo para o ganho de peso
Drielle Sá
Você já sabe que uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos são as melhores armas contra a obesidade infantil. Uma nova pesquisa, que será divulgada em junho na revista Pediatrics, aponta mais uma maneira de combater o excesso de peso: o aleitamento materno, direto do peito, e não na mamadeira. Os pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) analisaram 1.250 bebês durante o primeiro ano de vida. Aqueles que bebiam tanto leite materno quanto fórmulas lácteas na mamadeira nos primeiros seis meses de vida mostraram uma menor “autorregulação” de apetite.
Isso significa que os bebês alimentados com mamadeira desde cedo tendem a não conseguir controlar a quantidade de comida suficiente para se sentirem satisfeitos. Esse tipo de comportamento permanece nos anos seguintes, quando eles já conseguem comer sozinhos.
“Não está claro por que a amamentação pode encorajar uma melhor autorregulação do apetite das crianças, mas, quando os bebês são amamentados, eles controlam a quantidade de leite que consomem; quando os pais dão mamadeira, eles podem tentar fazer o bebê esvaziá-la todas as vezes. É possível que isso interfira na capacidade inata de o bebê de regular sua ingestão de calorias”, afirma Ruowei Li, pesquisadora que participou do estudo.
Isso indica que a obesidade pode ser causada não somente pelo tipo de alimento que a criança consome, como também pelo modo que você oferece. Segundo os pesquisadores, os bebês que tiveram mais de dois terços de sua alimentação via mamadeira no início da vida tinham duas vezes mais chances de, mais tarde, esvaziar o recipiente do que aqueles que tiveram menos de um terço de sua alimentação dessa forma.
Como saber que ele está saciado?
A primeira dica que o seu bebê vai dar é empurrar o bico do peito ou da mamadeira com a língua, ou desviar o rosto quando você oferecer mais. Se ele demonstrar sonolência, esse também é um sinal de que já está na hora de parar. Outro indício é a velocidade com que o bebê mama. No começo, ele toma o leite devagar e, conforme se desenvolve, passa a ingerir um maior volume em menos tempo. “Às vezes, os pais ficam preocupados porque o filho está mamando durante pouco tempo. Mas, quando muda o padrão das mamadas, antes de insistir, eles devem ficar atentos para perceber que tipo de mudança aconteceu”, afirma Márcia Regina da Silva, enfermeira chefe responsável pelo grupo de aleitamento e pelo banco de leite do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
De qualquer forma, é recomendável sempre conversar com o pediatra para se certificar de que a quantidade de alimento que o bebê está ingerindo é a adequada. Normalmente, esse volume é indicado segundo idade e tamanho da criança, e varia de caso para caso.
Alimentação depois dos 6 meses completos
A partir dos 6 meses, os pais já podem introduzir na dieta dos bebês, aos poucos, uma alimentação complementar. Nesse caso, é recomendado servir frutas (em pedaços ou como papa), papa com legumes e carne e, claro, o leite materno quantas vezes o bebê quiser (o que costuma acontecer de seis a oito vezes ao longo do dia, nos intervalos entre as outras refeições).
Fonte: Márcia Regina da Silva, enfermeira chefe responsável pelo grupo de aleitamento e pelo banco de leite da maternidade São Luiz – Itaim (SP)
Leia mais aqui no www.aleitamento.com
9/2/2005
OMS: BEBÊS ALIMENTADOS EM EXCESSO com LEITES EM PÓ !