Com base em Evidências
UM COMPÊNDIO DE SAÚDE AO BINÔMIO MÃE/FILHO
ORANDINA MACHADO
Este estudo foi requisito final (mini-monografia) do III Curso Manejo Ampliado da Amamentação, oferecido pelo www.aleitamento.com e apresenta um compêndio de saúde ao binômio Mãe/filho.
Com base na experiência de duas décadas de trabalho no Banco de Leite Humano e Central de Informações sobre Aleitamento Materno, da Maternidade Carmela Dutra, de Florianópolis – SC foi possível unir a teoria com a prática e intensificar as estratégias para ampliar o Apoio, a Promoção e a Proteção ao Aleitamento Materno.
A apresentação em “ordem alfabética” promove a concentração das atenções para cada situação da Mãe lactante, bem como de profissionais que se envolvem com a prática do Manejo Clínico.
Justificativa: O Apoio, a Promoção e a Proteção sobre Aleitamento Materno são pilares básicos para o sucesso da Amamentação. Estas ações são aplicadas no mundo inteiro, através da iniciativa de Órgãos que promovem a Saúde: A Organização Mundial de Saúde (OMS); o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); o Ministério da Saúde (MS); World Alliance for Breastfeeding Action – WABA – Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno, dentre outros.
O Leite Materno é um alimento incomparável, não podendo ser produzido por nenhuma indústria alimentícia do mundo.
O Artigo “O Aleitamento Materno na Prática Clínica”, publicado pela Médica Pediatra Dra. Elsa B. J. Giugliani no Jornal de Pediatria e também encontrado no site aleitamento.com, traz um cabedal de informações sobre as evidências da importância do Aleitamento Materno, por seu alto valor nutritivo, imunológico e afetivo, evidenciando as desvantagens do uso de outros leites precocemente, na tenra idade da criança.
Segundo a autora, não somente o bebê recebe grandes benefícios, quanto também à mulher que amamenta, a família e a sociedade em geral.
Objetivo: Promover iniciativas que vão ajudar as Mães a garantirem o direto de amamentar com naturalidade e tranqüilidade.
Local: Estas iniciativas serão aplicadas, em primeira instância, no Banco de Leite Humano e Central de Informações sobre Aleitamento Materno da Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis – SC – Brasil.
O primeiro passo a ser dado é o contato com a diretoria da Maternidade, a fim de dar ciência sobre o objetivo proposto. Em seguida, propõe-se confeccionar um pôster para exposição na Recepção do Banco de Leite Humano da referida Maternidade, contendo o “ALFABETO DA AMAMENTAÇÃO”.
Para concluir o Projeto e AMPLIAR sua aplicabilidade, há a intenção de aprofundar os estudos sobre o assunto e lançar os conhecimentos adquiridos em forma de um livro. Almejo lançar o livro na Semana Mundial de Aleitamento Materno de 2008.
Avaliação: Os conteúdos abordados no III Curso Manejo Ampliado da Amamentação foram de grande relevância para enriquecer o cabedal de conhecimentos e fazer “pensar” em mais ações possíveis para garantir o Apoio, a Promoção e a Proteção ao Aleitamento Materno.
A – Amamentar em posicionamento confortável – Mãe e Bebê.
Para obter êxito na Amamentação, é de fundamental importância que a mãe adquira uma posição confortável, tanto para si, quanto para o bebê. É recomendável que o bebê fique posicionado de frente para a Mãe, de forma que o abdômen dele fique encostado no abdômen da Mãe. A cabeça do bebê deve ficar apoiada no braço da Mãe, de forma que a boca do bebê fique próxima ao mamilo, a fim de fazer a “boa pega” mamilo areolar, para evitar as famosas “fissuras mamilares” ou, como também é conhecido popularmente, “rachaduras nos mamilos”. Mas não é somente por esse fato. Isto também facilita para a qualidade das mamadas, porque o bebê consegue pegar as ampolas galactófaras, onde o leite fica depositado. Se ficar só no bico do seio, além de provocar traumas mamilares, poderá ocorrer que o bebê sugue por muito tempo, mas ingerindo pouco leite. É aí que entra a expressão de muitas Mães: “eu acho que é cólica, porque eu estou derramando leite e ele mama, mama…, mas continua chorando…”. Na verdade, o bebê “suga, suga”, mas poderá estar retirando pouco leite por não mamar corretamente. Ao corrigir a “pega” do bebê, melhora a qualidade da mamada, a Mãe não sente dor no mamilo e ainda manifesta a sensação de “alívio”, emitindo a expressão de bem estar: “Que maravilha!”.
Para facilitar esta posição, a Mãe deve apoiar as suas costas, tendo como padrão de referência o encosto de uma cadeira, ou poltrona, onde ela deve encostar os ombros. Nesta posição, o nariz do bebê não fica encostado na mama, o que facilita a respiração, não havendo a necessidade de a Mãe colocar o dedo na mama para “aliviar o narizinho” do bebê enquanto amamenta. É natural que a Mãe se incline para frente, numa posição de ACOLHIDA ao bebê. Isto é interessante porque demonstra que é uma “Super-Mãe”: quer aconchegar o bebê. Mas, para amamentar, deve demonstrar que é uma “Super-Mãe” oferecendo o seio de forma correta. Então, Mãe, amamente com as costas apoiadas no encosto da cadeira ou poltrona, ombros relaxados e “peito pra frente!”.
Ao observar mães amamentando, houve a percepção de que o bebê até consegue fazer “boa pega”, mas, ao colocar o dedo na mama para “aliviar o narizinho”, o mamilo é puxado ao contrário. Então ficam forças opostas: Mãe puxa para um lado e o bebê para o outro. Nas Mães em que os mamilos são protrusos, isto é, são salientes, bem expostos, é comum ocorrer a famosa fissura circular na base, ou seja, abertura em volta dos mamilos, exatamente pelo fato das forças opostas. Se os mamilos são planos, ou semiplanos, há a possibilidade de o bebê pegar o tecido areolar e conseguir fazer a sucção, mas se o tecido mamário é puxado para trás, então, ocorrerá um trauma sobre o mamilo, porque a gengiva superior do bebê vai friccionar pelo movimento de sucção que o bebê faz.
Se a Mãe sente dor, automaticamente ela se contrai, dificultando a ejeção do leite. Portanto, amamentar em posicionamento confortável, a Mãe não sente dor nos mamilos e o bebê consegue ingerir mais leite de forma muito tranqüila.
B – Buscar orientações e/ou auxílio sempre que julgar necessário.
Atualmente, é comum ver Mães se prepararem muito durante todo o período gestacional. Elas ficam atentas a tudo o que informa sobre Amamentação e cuidados com o bebê. Os Cursos para “Casais Grávidos” estão sendo oferecidos com freqüência; as campanhas sobre Aleitamento Materno estão sempre em evidência; muitas revistas, atualmente, trazem assuntos relacionados à amamentação; o site www.aleitamento.com é pioneiro na publicação de conteúdos relacionados ao tema, além de outras fontes de informações. Porém, no momento em que a Mãe inicia a experiência prática, pensa que não precisa mais de ajuda, pois considera que já se preparou o suficiente e agora tem que “dar conta” de colocar em prática o que aprendeu. É importante dizer a você, Mãe lactante, que não somente pode como também deve buscar auxílio para amamentar, sem nenhum constrangimento de dizer que se preparou, mas precisa de ajuda. Busque auxílio dentro da própria Instituição em que foi atendida no Parto, ou em outra, se for necessário, em Grupos de Apoio, etc., a fim de obter os recursos humanos adequados, através de profissionais habilitados no Manejo Clínico da Lactação.
C – Cultivar pensamentos de SUCESSO!
Acreditar que é capaz é o primeiro passo, mas precisa persistência e não desistir de amamentar quando surgirem dificuldades. Costumo apresentar algumas afirmações positivas às Mães, para que elas se tornem mais autoconfiantes:
EU AMAMENTO COM NATURALIDADE E TRANQÜILIDADE.
AMAMENTAR É UM ATO NATURAL E TRANQÜILO.
A NATUREZA É PERFEITA: ASSIM COMO PRODUZ O LEITE, TAMBÉM SE ENCARREGA DE FAZER A EJEÇÃO.
MEU LEITE É PRODUZIDO E LIBERADO NATURALMENTE.
AMAMENTAR É MARAVILHOSO!
Estas afirmações têm produzido efeitos surpreendentes neste lindo e maravilhoso processo da Amamentação. Já está comprovado, pelos estudos sobre a Mente Humana, que “o que se cria na mente, torna-se realidade” (GRISA, 2002). Então, “criar na mente” as afirmações citadas (e outras que cada Mãe pode acrescentar), a Amamentação tornar-se-á um ato prazeroso, além de benéfico.
D – Dedicar um tempo para descanso
O repouso é fundamental para a Mãe obter uma boa produção e liberação Láctea.
Durante o Parto, há uma perda brusca de sangue, diferente da menstruação comum. O organismo necessita de um tempo para se recompor. Também não há uma “noite inteira bem dormida”, porque precisa amamentar. Então, Mãe, não sinta “vergonha” em dormir de dia. Sinta-se no direito de repousar. Isto é tão importante (ou mais) quanto uma tarefa diária comum, especialmente nas primeiras semanas de lactação.
Tenho observado que muitos casos de Mastite – Inflamação da mama – ocorrem por retenção de leite nas glândulas mamárias ou nos canais galactófaros, por contração muscular das mamas, provocada pela exaustão da Mãe. Também pode ocorrer queda na produção do leite, como forma de “proteção” do organismo da Mãe – Obra na Natureza: não consumir toda a reserva.
Portanto, Mãe, dedique um tempo para repouso e observe o sucesso na Amamentação.
E – “Esvaziar” as mamas, sempre que a produção do leite for superior ao consumo do bebê.
Sempre que a produção do leite for superior à quantidade que o bebê consome, é necessário esvaziar as mamas, a fim de evitar o ingurgitamento, ou “empedramento”.
Se o bebê ficar satisfeito mamando somente em um peito, a Mãe deve fazer a ordenha do outro, para não ocorrer o ingurgitamento.
É importante fazer a ordenha também nos intervalos das mamadas, a fim de manter as mamas “macias”, mediante a fluência do leite que não pode ficar parado nas glândulas mamárias ou nos canais galactófaros por longo período. Este procedimento ajuda a evitar Mastite.
F – Fazer a ordenha manualmente.
A ordenha manual do leite é a melhor forma de fazer o esvaziamento mamário. O uso de bombas de sucção pode provocar dor e traumatizar os mamilos, além de exigir maior cuidado para não contaminar o leite.
Para facilitar a técnica, basta fazer expressão com os dedos: indicador e polegar, pressionando, levemente, a região areolar em direção ao próprio corpo, de forma que os dedos se “encontram” atrás do mamilo. Os primeiros “toques” não vão produzir efeito imediato, pois a finalidade é proporcionar o estímulo da ocitocina – hormônio que libera o leite como se o bebê estivesse mamando. Jamais fazer massagens de fricção sobre as mamas, pois, além de não produzir o efeito almejado, torna-se dolorido. Para não sentir dor, é importante espalmar a mão sobre a mama e, com as pontas dos dedos, fazer leves “toques” em toda a mama ou nos pontos túrgidos, como se estivesse fazendo o “auto-exame de mama”.
Após estes procedimentos, deve-se fazer a expressão manual com os dedos indicador e polegar para a retirada o leite.
G – Guardar o leite excedente – congelado – e oferecer a um Banco de Leite Humano.
Sempre há bebês ou crianças maiores internados (as), necessitando de Leite Materno, devido às propriedades nutritivas e também imunológicas contidas no Leite Humano.
Os Bancos de Leite Humano estão equipados para fazer o processamento de controle e distribuição do Leite doado.
H – Higienizar as mãos antes da ordenha e/ou amamentação.
A higiene das mãos é fundamental, não só para não contaminar o leite, mas também para não levar possíveis germes ou bactérias para os mamilos, evitando inflamação mamilar e até Mastite.
I – Investir na amamentação para ter reflexo na Saúde – Mãe e Filho (a).
O investimento na Amamentação reflete na saúde do binômio MAE / FILHO (A).
Amamentar na primeira hora após o parto, ou o mais cedo possível, promove a contração do útero, contribuindo para evitar hemorragia no pós-parto.
A mulher que amamenta reduz os riscos de câncer de mama.
O Leite Materno contém todos os ingredientes necessários ao crescimento e desenvolvimento do bebê, até o sexto mês de idade, além de imunizar o organismo.
É de fácil digestão, protege o bebê contra muitas doenças, tais como: infecção de ouvido, garganta, intestinal, diarréias, dentre outras.
J – Jogar fora a “idéia” de oferecer bicos artificiais ao bebê.
Os bicos artificiais oferecidos ao bebê são prejudiciais por vários motivos, dentre os quais podem ser citados:
Cria um hábito desnecessário e que pode levar a criança a ter dificuldade de se “desapegar” do mesmo.
O bebê suga a “chupeta” e gasta energia na sucção, sem ingerir alimento, podendo acarretar perda de peso, ou não se desenvolver de acordo com os padrões mínimos aceitáveis dentro da tabela de crescimento, conforme consta na Caderneta de Saúde da criança.
Pode ser uma fonte de bactérias para a boca do bebê.
Interfere na formação da arcada dentária, podendo, inclusive, ocasionar a respiração bucal da criança. É constatado que muitas crianças com respiração bucal apresentam dificuldades na aprendizagem, devido à baixa oxigenação do cérebro.
Pode levar ao DESMAME PRECOCE, fazendo o bebê deixar de mamar no peito.
L – Leite Materno é o melhor alimento até o 6o mês de idade.
Pesquisas científicas confirmam que o Leite Materno é o melhor e mais completo alimento para a tenra idade do bebê, até completar seis meses de nascimento. Bebês que só mamam no peito não necessitam de complementos com água, chás ou sucos.
M – Manter o Aleitamento Materno após o 6o mês, paralelo a outros alimentos, até dois anos ou mais, se possível.
Após o sexto mês de idade, a criança passa a receber outros alimentos, os quais deverão ser acrescentados de forma gradativa, a fim de promover boa digestão. Mas é fundamental continuar sendo amamentada no seio materno até completar dois anos, ou mais, se possível. Esta é uma orientação dos conceituados Órgãos: OMS; UNICEF; MS e WABA.
O desmame deve acontecer de forma natural e tranqüila, tanto para a Mãe quanto para a criança. Para que isto aconteça, é importante que a Mãe reduza o número de mamadas, gradativamente, conversando com a criança. Diga-lhe que é uma criança saudável, que está com “X – IDADE”, que já mamou o suficiente no seio da MAMÃE e está dispensando o mamar porque já está apta a se alimentar com tantos outros alimentos saudáveis que a Natureza oferece, após o Aleitamento Materno. Esta mensagem fica registrada no Subconsciente da criança e ela irá desencadear o comportamento almejado para a situação. Para a Mãe, torna-se tranqüilo porque promove a involução da produção Láctea, também de forma gradativa, dispensando métodos desconfortáveis para inibir a lactação, além de sentir-se satisfeita por ter produzido o melhor alimento do mundo para sua prole, durante o tempo necessário.
N – Não acreditar na hipótese da existência de Leite Materno fraco.
“NÃO EXISTE LEITE FRACO”, conforme afirma a OMS. O Leite Materno difere na cor, mas não na riqueza de nutrientes. Por mais que pareça “aguado”, conforme expressão popular, este contém a mais pura e completa fonte de nutrientes necessários à criança, até o sexto mês de idade.
O Leite dos primeiros dias é chamado de COLOSTRO. Este leite, geralmente, apresenta um aspecto amarelado.
Uma das causas que podem levar a Mãe a pensar na hipótese de “leite fraco”, é a “MÁ PEGA” do bebê no mamilo, levando-o a sugar muito, mas retirando pouco leite. A Mãe fica com as mamas cheias e o bebê com fome. Se isto ocorrer, a Mãe deve buscar auxílio e perceber que SEU LEITE É O MELHOR DO MUNDO.
O – Ordenhar o Leite Materno e oferecer ao bebê, em copinho, colher (…), caso não possa amamentá-lo diretamente no seio.
Existem situações em que a Mãe não pode amamentar diretamente no seio, especialmente em casos de bebês prematuros. Para garantir a lactação, é necessário fazer a ordenha do leite e armazenar, para que seja oferecido ao bebê. Mas, atenção! Oferecer o leite ordenhado em copinho, seringa, colher ou conta-gota, para que o bebê não recuse o seio, posteriormente.
P – Promover a saúde e o afeto, através da Amamentação.
Segundo a NORMA BRASILEIRA DE COMERCIALIÇÃO DE ALIMENTOS PARA LACTENTE:
“O LEITE MATERNO EVITA INFECÇÕES E ALERGIAS E FOTALECE O VÍNCULO MÃE-FILHO”
Q – Qualquer dúvida sobre Aleitamento Materno, procurar um Banco de Leite Humano ou outro setor de saúde que possa fornecer os devidos esclarecimentos.
Se a Mãe apresentar qualquer que seja a dúvida em relação à Amamentação, mesmo após a alta hospitalar, deve procurar um serviço especializado para os devidos esclarecimentos, seja na própria Maternidade onde foi atendida, seja em um Banco de Leite Humano, enfim, que possa sanar a(s) dúvida(s), de acordo com as suas necessidades.
R – Respeitar o ritmo do bebê. Isto é: não estabelecer horários fixos, nem o tempo de duração das mamadas.
Cada bebê tem seu próprio ritmo de intervalo e duração das mamadas. Não há necessidade de “controlar” rigorosamente os horários. É importante fazer algumas observações para ter um parâmetro, mas não para causar ansiedade. Se o bebê mama com vigor e a Mãe percebe que houve esvaziamento mamário, não há com o quê se preocupar. Ele fica saciado e dorme tranqüilamente. A natureza vai acordá-lo para a próxima mamada. Contudo, se o bebê quiser mamar freqüentemente e “não dá trégua”, conforme algumas Mães se expressam, então é necessário verificar o que está acontecendo. Dentre as causas mais comuns, estão:
Pega incorreta, mesmo que não esteja machucando o mamilo; isto faz com e o bebê fique cansado de sugar e não retira a quantidade de leite que necessita.
Bebê prematuro ou “pequeno para a idade gestacional”, que poderá necessitar mais dias para conseguir mamar vigorosamente.
Bebê “grande para a idade gestacional”, necessitando uma quantidade de leite superior ao que consegue sugar, nos primeiros dias de nascimento.
Astenia (cansaço) da Mãe no pós-parto, que pode acarretar dificuldade na ejeção do leite, ou seja, a Mãe percebe que tem leite, mas este fica retido nas glândulas mamárias ou nos canais lactíferos.
É importante lembrar: “cada caso é um caso”. Algumas vezes é necessário fazer a ordenha manual e completar a mamada com o próprio leite da Mãe, até que o bebê fique satisfeito. Todavia, isto é mais comum na primeira semana de puerpério.
Se houver cuidados necessários e assistência adequada no tempo certo, o bebê vai adquirir seu próprio ritmo de mamada e o ato de amamentar se torna prazeroso.
Estas informações são baseadas em EVIDÊNCIAS, mediante o acompanhamento de Mães lactantes, no decorrer de duas décadas de profissão na área de Aleitamento Materno.
S – Servir-se de alimentos nutritivos e em quantidades adequadas ao seu organismo.
Existem muitos “mitos” em relação à alimentação da Mãe lactante. É importante que a Mãe se alimente com alimentos nutritivos e em quantidades adequadas ao seu organismo, sem deixar-se influenciar por tantas “dicas” que aparecem com freqüência. Se a Mãe seguir cada “conselho” que ouve sobre “o que pode ou não pode comer, o que é bom para produzir leite, etc”, ela vai ficar demasiadamente confusa. É importante, desde a gestação, ter acompanhamento com nutricionista ou orientações médicas adequadas, a fim de saber o que é melhor para a sua necessidade orgânica.
T – Ter autoconfiança no processo da Amamentação.
Muitas Mães que se preparam, intensamente, durante a gestação, podem encontrar mais dificuldades por conta da ansiedade, especialmente aquelas Mães que têm seu primeiro bebê após os 35 anos. Elas ficam mais propensas a autocobrança, por conta da maturidade, e isto gera certo desconforto emocional. Qualquer situação que a leva a não ter o sucesso almejado, logo se pergunta: “onde é que estou errando?”. Na verdade, não está errando em nada! A única coisa que precisa fazer é buscar o auxílio necessário, como tantas outras Mães que não tiveram o mesmo tempo para se preparar.
Ter um acompanhamento adequado em Manejo Clínico da Lactação no decorrer dos primeiros dias de puerpério leva toda Mãe a perceber que Amamentar é um Ato Natural e Tranqüilo.
U – Usar vestuários confortáveis para amamentar.
Esta expressão pode trazer o pensamento de que seja necessário comprar roupas especiais para amamentar. Nada disso! O que precisa, é que a Mãe use roupas mais soltas na hora da amamentação, para que as mamas não fiquem comprimidas por roupas apertadas, nem os ombros contraídos por alças ou mangas inadequadas. Isto vai facilitar para a “boa pega” mamilo areolar, porque as mamas ficam bem expostas e também favorece a saída do leite.
V – Viabilizar meios para não interromper o Aleitamento Materno por ocasião da volta ao trabalho.
A Mãe que precisa voltar ao trabalho após a Licença Maternidade – que é a grande maioria – ou mesmo aquela que é autônoma, deve viabilizar meios para continuar amamentando.
Fazer a ordenha do leite e armazenar para deixar com quem vai cuidar do bebê é a melhor alternativa, se não puder se ausentar do local de trabalho para amamentar.
O leite deve ser acondicionado em recipiente limpo e guardado sob refrigeração, a fim de manter a qualidade. Se for utilizar no mesmo dia, não há necessidade de congelamento.
É importante lembrar (e treinar, se necessário) a quem for cuidar do bebê, para oferecer o leite ordenhado em copinho ou colher. É conveniente conversar com a criança, informando-a sobre a “nova forma” de receber o leite da Mamãe: muda a forma, mas o leite é o mesmo. Muitas pessoas perguntam: será que elas entendem? Afirmo com base em experiência: elas entendem e aceitam muito bem!
X – Xeretar os panfletos distribuídos pelos Órgãos de Saúde e outras fontes de informações sobre Aleitamento Materno e cuidados adequados para obter êxito na Lactação.
O Ministério da Saúde e outras fontes oferecem informações específicas sobre Aleitamento Materno, através de fôlderes, panfletos e outros meios. É importante ler sobre o assunto, prestigiar eventos, como por exemplo, a SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO.
Z – Zelar pelos seus direitos e exigir o cumprimento das “LEIS DA AMAMENTAÇÃO”.
A Consolidação das Leis Trabalhistas do Brasil – CLT, a partir da Constituição Federal de 1988 – garante o direito à Licença Maternidade de 120 dias para a Mãe ficar afastada do trabalho, sem prejuízo ao salário, para que possa permanecer junto ao filho e lhe garantir o melhor alimento que a Natureza providenciou para o início da vida do novo SER. Na volta ao trabalho, a Lei também garante a dispensa de uma hora diária para amamentar. Esta hora pode ser fragmentada em dois períodos de meia hora, até o bebê completar seis meses de idade. Alguns acordos trabalhistas já concedem a extensão da Licença em período integral por mais dois meses, para que a Mãe possa permanecer junto ao filho, com exclusividade, até que ele esteja apto a iniciar a alimentação com outros alimentos.
Para finalizar, é importante frisar: O LEITE MATERNO É O MELHOR E MAIS COMPLETO ALIMENTO QUE A NATUREZA PROVIDENCIOU PARA O INÍCIO DA VIDA DE TODO SER MAMÍFERO, SEGUNDO A SUA ESPÉCIE.
Referências Bibliográficas
GRISA. Pedro Antônio. Liberte seu Poder Extra. Florianópolis: EDIPAPPI, 2002.
www.aleitamento.com