O aleitamento protege contra abuso e negligência infantis?
Um grande estudo australiano foi realizado para estabelecer se houve efeito protetor do aleitamento materno em maus tratos da mãe para com a criança. Um total de 7.223 pares de mães-bebês australianos foi monitorado por 15 anos e maus tratos foram confirmados com base em relatos feitos pela instituição de proteção à criança.
Em 6.621 casos (91,7%), a duração do aleitamento materno foi analisada quanto a maus tratos à criança (inclusive negligência, abuso físico e, ao mesmo tempo em que fatores capazes de confundirem os resultados foram levados em conta (p.ex., fatores sócio demográficos, se a gravidez foi ou não desejada, se houve ou não abuso de substâncias na gestação, emprego após o parto, atitudes relativas a oferecimento de cuidados à criança e sintomas de ansiedade ou depressão).
De 512 crianças com relatos comprovados de maus tratos, a proporção anormal de maus tratos maternos aumentou, na medida da diminuição do tempo da amamentação. Após ajustes das variáveis de confusão mencionadas, os desvios relativos a maus tratos ficaram 2,6 vezes acima.
Negligência materna foi o único tipo de maus tratos associado, de forma independente, à duração do aleitamento. Os autores concluíram que o aleitamento materno, entre outros fatores, pode ajudar a proteger as crianças contra maus tratos feitos pela mãe, em especial, negligência infantil.
Strathearn L, Mamun AA, Najman JM et al (2009) Does breastfeeding protect
against substantiated child abuse and neglect? A 15 – year cohort study.
Pediatrics, 123, [2], 483-493.
Traduzido por Regina Garcez – Rede IBFAN Brasil
Does breastfeeding protect against substantiated child abuse and neglect?
A large prospective study in Australia was carried out with the aim of
establishing whether there was a protective effect of breastfeeding on
maternally perpetrated child maltreatment. A total of 7223 Australian
mother-infant pairs were monitored over 15 years and maltreatment was
confirmed on the basis of substantiated reports by the child protection
agency. In 6621 (91.7%) cases, the duration of breastfeeding was analysed
with respect to child maltreatment (including neglect, physical abuse, and
emotional abuse) whilst factors which may confound results were taken into
account (e.g. sociodemographic factors, whether the pregnancy was wanted,
substance abuse during pregnancy, postpartum employment, attitudes regarding
infant care giving, and symptoms of anxiety or depression). Of 512 children
with substantiated maltreatment reports, the odds ratio for maternal
maltreatment increased as breastfeeding duration decreased. After adjustment
for the above confounding variables, the odds for maltreatment for
non-breastfed infants remained 2.6 times higher. Maternal neglect was the
only type of maltreatment associated independently with breastfeeding
duration.
The authors conclude that breastfeeding, among other factors, may
help to protect children against maltreatment by their mother, particularly
child neglect.