Bombeiro faz coleta para banco de leite
Edição de 24/05/2008
Solidariedade
Corporação se une no Pará e outros estados para incentivar o aleitamento materno
Acontece hoje, dentro da programação do 10º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (X Enam), o 1º Encontro Nacional de Bombeiros da Vida. No Pará, o Corpo de Bombeiros é responsável por 90% do leite materno armazenado no Banco de Leite Humano da Santa Casa de Misericórdia. Só em abril, a equipe paraense do Bombeiros da Vida fez mais de mil visitas domiciliares.
O 1º Encontro Nacional de Bombeiros da Vida vai reunir representantes das nove cidades brasileiras que adotaram o projeto idealizado pelo Ministério da Saúde. À exceção de Aracaju (SE), cujo projeto foi assumido pela Polícia Militar, em todas as outras capitais a missão é do Corpo de Bombeiros.
O Bombeiros da Vida faz a coleta externa de leite humano e visitas domiciliares, colocando à disposição dos bancos de leite agentes do Corpo de Bombeiros e voluntários, que ficam responsáveis pela agenda de recolhimento em domicílio e visitas às doadoras.
De acordo com o cabo Andrade Cruz, na capital paraense, o projeto foi implantado em 2001. Brasília (DF) é a cidade pioneira, seguida de Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belém (PA), Salvador (BA), Fortaleza (CE), João Pessoa (PA), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Natal (RN) e Vitória (ES). Essas são as capitais onde o projeto funciona plenamente.
A tenente-coronel Silvia Cruz, coordenadora do projeto no Pará, lembra que, só em abril deste ano, os bombeiros fizeram mil visitas domiciliares às amamentadoras-doadoras. Oito militares e doze voluntários constituem o efetivo do projeto. Atualmente, os bombeiros têm 300 doadoras cadastradas.
A programação do Encontro Nacional de Bombeiros da Vida acontece das 8 às 12 horas de hoje, na sala Açaí. Seu término coincide com o encerramento do 10º ENAM. Duas palestras constam na programação do encontro dos Bombeiros da Vida: Psicologia e amamentação e Conhecimento dos doadores em amamentação e linguagem. O discurso de abertura do evento será do coronel Paulo Gerson, comandante geral do Corpo de Bombeiros do Pará.
CULTURAL
A sexta-feira foi reservada pelo Enam ao lançamento de livros, cd´s e dvd´s e diversos materiais educativos produzido pelas Amigas do Peito. Entre os livros lançados estão: Aspectos Constitucionais do Aleitamento: Saúde da Criança e Liberdade Econômica, do promotor de Justiça paulista, Newton Dantas, mestre em direitos fundamentais da criança e do adolescente e membro da Ibfan e O Aleitamento materno no contexto atual: políticas práticas e bases científicas, uma coletânea de vários autores. Também foi lançado o DVD Somos Mamíferos, do pediatra Luís Tavares e o CD Nutrição e Ciência na Amazônia, da professora Rahilda Brito Tuma, da UFPA.
A programação cultural também contou com exposição da fotógrafa Fernanda Sá, especialista em clicar bebês, crianças e mulheres grávidas. Para fechar o dia os participantes do encontro assistiram ao show do Arraial do Pavulagem, que promoveu o Arrastão no Hangar.
Participantes de encontro vão difundir importância da amamentação
Edição de 24/05/2008
A apresentação da Carta de Belém vai marcar, hoje, às 12 horas, o encerramento da programação do 10º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam). Desde quarta-feira, 21, a capital paraense se transformou na capital brasileira do aleitamento materno, numa série de ações que começou com a reunião de mais de mil mães na Estação das Docas.
O 10º Enam acontece no Hangar Centro de Convenções da Amazônia. É a primeira vez que o tema é discutido, em nível nacional, na região Norte. Centenas de profissionais da área da saúde se revezam num ciclo de palestras, mesas-redondas, painéis, conferências e debates. Cerca de duas mil pessoas participam do evento. Troca de experiências e discussão sobre pesquisas voltadas para o aleitamento materno está na pauta do dia. A realização é da Associação de Amigos da Amamentação do Pará e da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (Ibfan).
O Enam é uma oportunidade valiosa para reunir grupos, profissionais, pesquisadores, gestores, formuladores de políticas e cidadãos comprometidos com a saúde das crianças, lembrou Maria Eunice Begot da Silva Dantas, presidente do encontro. Um norte para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, em comemoração aos 20 anos da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras é o tema central do evento. Entre as palestras de hoje estão amamentação e o meio ambiente e a mulher e os mitos da amamentação O encontro reúne ainda, paralelamente, o 1º Encontro Amazônico de Bancos de Leite Humano e o 1º Encontro Nacional de Bombeiros da Vida.
Brasileiras amamentam menos de 1 mês
Edição de 23/05/2008
Mudar conceito
Novas campanhas vão difundir duração maior à prática da amamentação
Mães brasileiras amamentam em média 23 dias, somente. A constatação é do Ministério da Saúde e foi divulgada ontem, durante o Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam), que está sendo realizado no Hangar, desde o dia 20. Conhecido como o país de maior excelência em campanhas de aleitamento materno, o Brasil, nos próximos anos, deverá vivenciar novas campanhas por uma duração maior à prática do aleitamento.
Queremos difundir a prática da amamentação até os seis meses de idade, pelo menos. De acordo com nossas pesquisas, as mães amamentam em média 23 dias. Depois disso já passam a dar outro tipo de alimentação. É necessária uma campanha forte para mudar a idéia de que o bebê precise de outro complemento alimentar. O leite é suficiente, afirmou Elsa Giugliano, coordenadora da área técnica de saúde da criança, do Ministério da Saúde.
Segundo Elsa, o Brasil está entre os países melhores sucedidos na questão de aleitamento materno. Temos projetos no Brasil, que não há em outro lugar do mundo. Estamos até mesmo exportando tecnologia para países da Europa e África, para a construção de banco de leite materno, afirmou Elsa Giugliano.
Ontem, o Enam reservou o dia para divulgar os números positivos da Fundação Orsa, que desenvolve há oito anos, projetos de incentivo ao aleitamento nos municípios de Almerim (PA), Laranjal (AP) e Vitória do Jari (AP).
Segundo os números da fundação, em quatro anos de ações contínuas, o Projeto Bandeira, da Fundação Orsa, atendeu diretamente a 10 mil mães e 15,1 mil crianças, somando 25,1 mil atendimentos de saúde e incentivo ao aleitamento.
No início das ações, em parceria com as prefeituras, a equipe detectou que a falta do aleitamento materno era o principal fator de desnutrição infantil nos três municípios, situação que acabava se prolongando na primeira infância das crianças. Entre as ações para obter a adesão das mães ao aleitamento, foram realizadas a partir de 2002, no Vale do Jari, diversas capacitações para profissionais da saúde, parteiras, agentes da pastoral da criança, estudantes e professores da rede municipal e estadual de ensino, além de palestras nas unidades básicas de saúde, nos hospitais locais e campanhas nas rádios comunitárias.
Enanzinho
Também, ontem, à tarde, houve a oficina de Aleitamento Materno para crianças de 6 a 12 anos. A atividade faz parte do Enanzinho, evento realizado desde março, do qual participaram oito escolas públicas e particulares de Belém e onde crianças e adolescentes aprenderam um pouco sobre a importância da amamentação. Desse evento, saiu um concurso de redação, no qual a redação premiada foi a da aluna Fernanda Furtado, do colégio Santa Catarina de Sena, do bairro de Nazaré.
Mães atravessam a Baía do Guajará para se integrar ao evento
Edição de 21/05/2008
Cerca de 200 mães das ilhas de Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba desembarcaram no píer da Estação das Docas com seus filhos no colo para integrar o exército da amamentação durante o 10º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam), nas Estação das Docas. Elas saíram muito cedo de casa. Enfrentaram a maré da Baia do Guajará para chegar a Belém por volta de 8h da manhã.
Foi o caso de Alcidéia Souza, moradora de Cotijuba, que trouxe a pequena Jackline de 7 meses para participar da programação. Ela só mamou no peito até os seis meses de idade e nunca teve sequer uma gripe, comemora a mãe, que está cadastrada no Programa de Aleitamento Materno (Proame) da unidade de saúde da família da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) de Cotijuba onde recebe todas as orientações desde o pré-natal.
Em cada uma das unidades do Proame do município de Belém as mães são atendidas de acordo com a Política Nacional de Aleitamento Materno do Ministério da Saúde (MS), que tem como objetivos promover, proteger e apoiar a prática do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementado até os 2 anos de idade ou mais. As estratégias de promoção proteção e apoio ao aleitamento materno e alimentação saudável são prioridades do município de Belém e do MS. O trabalho desenvolvido tem rendido bons resultados nos últimos anos.
Durante as atualizações anuais da Pesquisa Nacional de Prevalência do Aleitamento Materno nas capitais e no Distrito Federal, realizada pelo Ministério da Saúde, Belém figura com o melhor indicador de duração da amamentação. Ou seja, as mães de Belém, amamentam seus filhos por um período maior que as mães do resto do país, esclarece Lúcia Helena Monteiro, diretora do Núcleo de Promoção à Saúde.
Para garantir os bons indicadores de amamentação que são sinônimos de saúde para os recém-nascidos, a Sesma desenvolve ações do Proame, que é um serviço de saúde pública, de atendimento ambulatorial, com atuação de uma equipe multidisciplinar que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 meses de vida, orientando e incentivando as mães para que amamentem seus filhos exclusivamente ao seio.
Belém é exemplo de aleitamento materno
Edição de 21/05/2008
Pela vida
As 1.600 mães foram à Estação mostrar que dar de mamar é mais do que ato de amor
Na manhã de ontem, a Estação das Docas, às margens da Baía do Guajará, foi o cenário para 1.600 mães amamentarem seus bebês, durante o evento Mil Mães. O número superou a expectativa da organização, é um recorde nacional e mobilizou também mulheres dos municípios de Marituba, Ananindeua e do distrito de Mosqueiro, que chegaram em um barco para integrar o movimento de incentivo ao aleitamento materno. A programação precede a abertura oficial, hoje, do X Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam), que pela primeira vez ocorre numa cidade da Região Norte do Brasil.
Depois de um banho de sol, às 8h, as mães e seus bebês receberam as bençãos do arcebispo de Belém, D. Orani Tempesta. Ele falou sobre a importância do evento se realizar às margens de um rio. Aqui, hoje (ontem), elementos essenciais à vida se juntam: a água e o sol, abundantes em Belém e o leite, com seus anticorpos que protegem os bebês, disse. O arcebispo lembrou que o homem do século XXI está cada vez mais preocupado em retornar aos aspectos naturais, um aspecto positivo, segundo ele. Há uma preocupação maior em valorizar a natureza humana, ao invés das coisas artificiais e nada mais natural do que amamentar. Deus abençoe todas as mães e que seu leite possa alimentar seus filhos de todas as necessidades.
A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, participou da abertura do evento e aproveitou para anunciar o envio da Emenda Constitucional para garantir às servidoras do Estado o direito à licença-maternidade de seis meses. É uma forma de incentivar o aleitamento materno. Como mãe de dois filhos, sei o quanto isso é importante, enfatizou. Ela informou que Belém já é a capital brasileira da amamentação, segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, mas ainda é preciso sensibilizar outros municípios do estado.
Ana Júlia lembrou também da importância do trabalho na área de aleitamento materno feito pela Santa Casa de Misericórida, que atravessou recentemente por crises de infra-estrutura, inclusive com ameaça de greve de médicos. Na Santa Casa são realizados 500 partos por mês e lá as mães são incentivadas a amamentar seus filhos, tanto que, em 1998, recebeu o título de Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Unicef e foi considerado o Melhor Hospital da Região Norte do Brasil, graças aos profissionais de saúde, pessoas dedicadas a essa causa.
A representante do Ministério da Saúde, Elza Giugliani, participou do evento e aproveitou para felicitar a cidade pelo incentivo ao aleitamento. Quero parabenizar o Estado do Pará, porque Belém é a capital onde mais se amamenta no País. O aleitamento é prioridade para o Ministério da Saúde, porque representa saúde para o bebê e para a mãe também, disse.
A coordenadora do Mil Mães e vice-presidente da Associação Amigos da Amamentação (Amamen), Rosângela Monteiro, reforçou a importância de incentivar o aleitamento exclusivo do bebê até os seis meses de vida. Esse evento é fundamental para que possamos mostrar a todos que o leite materno pode salvar vidas. Hoje o Brasil conseguiu baixar a mortalidade infantil, de 31 mortes para cada mil nascidos, para 18,3 para mil, em 10 anos, à custa do aleitamento materno, incentivado principalmente pela Pastoral da Criança. Temos no estados bons exemplos disso, como a cidade de Altamira, que tem um índice de mortalidade infantil menor do que a média nacional, de 17 mortes para cada mil nascidos. Nossa meta é diminuir ainda mais esses números, informou.
A presidente do Amamen, Eunice Begot, ressaltou que a principal mensagem deixada pelo Mil Mães, em Belém, é a importância do amamentar. Essa é a única forma de garantir saúde e qualidade de vida para os filhos, reforçou.
X Enam discute a história do aleitamento no Brasil
Edição de 21/05/2008
Hoje começa no Hangar, o X Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam) e vai até o dia 24 de maio, com o tema Um Norte para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. A conferência de abertura: 20 anos do Código de Proteção do Aleitamento Materno no Brasil: Uma História bem Sucedida, proferida pelo médico da Malásia, Jean Pierre Allain, militante da Rede Internacional em Defesa do Direitos de Amamentar no Brasil (International Baby Food Action Network – Ibfan).
A expectativa do evento é reunir cerca de duas mil pessoas para acompanhar a programação, que inclui palestras e oficinas promovidas por mais de 80 pesquisadores e profissionais, referências no assunto no Brasil e em outros países, como a Malásia, Guatemala e Portugal.
O encontro é realizado pela Associação de Amigos da Amamentação do Pará (Amamen), além Rede Internacional em Defesa do Direitos de Amamentar no Brasil (International Baby Food Actions Network – Ibfan) e pelo Governo do Estado, através da Secretaria Executiva de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa).
Campanha estimula a amamentação
Edição de 18/05/2008
EM BELÉM
Mulheres se unem para incentivar o aleitamento
ALEXANDRA CAVALCANTI
Da Redação
A Baía do Guajará foi o cenário escolhido para apresentar o Mil Mães, evento que pretende reunir, no próximo dia 20, um número expressivo de mulheres, para juntas amamentarem seus bebês num ato de amor e de incentivo ao aleitamento materno. A escolha do local, a Estação das Docas, localizada em uma das margens do Rio Pará, que banha a cidade, faz alusão a importância da água para vida e do leite da mãe para o desenvolvimento saudável de seu filho. A programação precede a abertura oficial do 10º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam), em Belém.
Os números indicam que o incentivo à amamentação ainda se faz necessário, apesar das informações amplamente difundidas sobre a importância de amamentar o bebê nos seios durante os seis primeiros meses de vida. A mortalidade infantil no Brasil que, nos anos 90 levava 50 de cada mil nascidos até um ano de idade, hoje foi reduzida a metade, graças principalmente ao combate à diarréias, pneumonias e subnutrição, principais causas das mortes, usando um remédio ao alcance de todos as mães: o aleitamento materno. Esse é um trabalho que a Pastoral da Criança, por exemplo, já realiza há mais de 20 anos, e ele se mostrou fundamental na redução da mortalidade infantil, afirma a vice-presidente da Associação Amigos da Amamentação (Amamen), Rosângela Monteiro, que atua como coordenadora do Mil Mães.
A criação do título Hospital Amigo da Criança, uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas (Unicef), implantado para promover a adoção de práticas facilitadoras da amamentação nas maternidades, também é apontada como uma iniciativa que ajuda a promover o aleitamento materno. O Brasil foi um dos primeiros países a incluir o título em sua prática governamental de proteção e apoio à amamentação. Atualmente, já são 400 hospitais em todo o País, e somente no Pará, já são nove, entre eles, a Santa Casa de Misericórdia, que é referência em todo o Estado, afirma a presidente do Amamen, Eunice Begot.
Belém também já figura como uma das capitais referência em amamentação. Em 1999, os números da Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal, realizada pelo Ministério da Saúde, apontou a capital paraense, como a cidade campeã em aleitamento materno, onde 20% das mulheres amamentam seus filhos no peito. Em 2006, um estudo feito pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), coordenado pela professora Rosa Marques, mostrou que esse percentual já é de 50%. Uma nova pesquisa do Ministério da Saúde será realizada este ano e esperamos novamente ter bons resultados. Mas é claro que isso ainda é pouco, porque 50 crianças em cada 100 ainda estão correndo o risco de ter diarréia, desnutrição e infecções respiratórias, principalmente a pneumonia, em função da não amamentação, afirma Eunice Begot, que é nutricionista e coordenadora do Banco de Leite Materno da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Para ela, os principais entraves do aleitamento materno continuam sendo o marketing não ético da alimentação infantil, aliada a propagação do uso de mamadeiras e chupetas, e a falta de informação. Esses são fatores predominantes para não termos alcançado ainda um índice melhor, acredita a presidente da Amamen.
O descompasso entre o que recomenda a OMS, a amamentação exclusiva no seio até os seis meses, e a lei que concede apenas quatro meses de licença maternidade, é outro entrave, que aos poucos está sendo derrubado. A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou esta semana, o Projeto de Lei 2.513/07, que concede incentivo fiscal a empresas que prorrogarem a licença-maternidade por 60 dias, passando dos 120 atuais para 180 dias. Isso garantiria os seis meses de amamentação do bebê. A proposta, elaborada no Senado e que tramita em caráter conclusivo, ainda precisa ser analisada pelas Comissões de Finanças e Tributação, de Constituição e Justiça e de Cidadania. Até então havia um desencontro, um conflito entre a orientação da OMS com a lei, que aos poucos está sendo vencido, acredita Rosângela Monteiro.
Jovem amamenta filha de um ano e ainda doa para banco de leite
O Mil Mães será realizado pela segunda vez no Brasil. A primeira foi a dois anos em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde devido ao frio, apenas 150 mulheres participaram do evento à beira do rio Guaíba. Deste vez, às margens da Baía Guajará, a idéia é unir com o mesmo objetivo de promover a amamentação, mais de mil mulheres e seus bebês.
Uma delas será a auxiliar de cobrança Neila Rodrigues, de 28 anos, mãe de Luiza Caroline, de um ano. Graças às orientações recebidas durante o período de gestação pelo médico que a acompanhou, Neila amamentou sua filha exclusivamente no peito até os seis meses. Após esse período introduziu outros alimentos, mas ainda mantém a amamentação e consegue fôlego para ajudar outros bebês que necessitam do leite materno, fazendo doações quase diárias ao Banco de Leite da Santa Casa de Misericórdia de Belém, se juntando a outras 349 doadoras.
A idéia do Mil Mães de unir mamães para incentivar amamentação logo ganhou a simpatia de Neila. Assim que fui convidada para participar, marquei no meu calendário e, com certeza, vou estar lá, garante. Os benefícios do leite materno na vida da filha, Neila observa no dia-a-dia. Ela é um bebê super saudável. Acredito que o primeiro leite funcionou mesmo com um soro que a protege de doenças, afirma.
A preparação para viver plenamente a maternidade e a amamentação, ela conta que começou logo no início da gestação. Procurei manter uma alimentação saudável e hoje posso dizer que durante toda a minha vida, a coisa mais prazerosa que me aconteceu foi amamentar minha filha, garante.
Para conseguir se realizar plenamente como mãe, amamentando a filha exclusivamente no seio até os seis meses, Neila lembra que precisou vencer algumas barreiras. As pessoas diziam que a bebê tinha sede, que eu precisaria dar água, chazinho, mas por fim consegui convencê-las de que somente o leite do peito seria suficiente para suprir todas as suas necessidades, conta. (A. C.).
Organização distribui mil convites em oito maternidades da capital
De acordo com a coordenadora do Mil Mães, Rosângela Monteiro, o objetivo é acolher mães e filhos em aleitamento em uma programação artística e cultural e colocar em evidência a importância da amamentação para a vida, que pode se expressar pela simplicidade da natureza, pela arte, pela sabedoria, pela saúde, pela paz e por muitas outras maneiras de viver com felicidade.
Para garantir um bom número de mulheres, foram distribuídos mais de mil convites em oito maternidades de Belém. Ao invés de um simples convite, as mães convidadas recebem um calendário-convite, com espaço para colar a foto do filho, produzidos com o apoio do Instituto Criança Vida.
A organização teve o cuidado de envolver também mães de outros municípios do Pará. Como é difícil para as mães que moram distante da capital virem para Belém com seus bebês, pedimos que enviassem mensagens sobre amamentação para serem mostradas por meio de um telão durante o evento, ressalta a coordenadora.
Mães dos municípios de Altamira, Santarém, Anajás e Curralinho já mandaram suas declarações em defesa do aleitamento materno. Os municípios de Ananindeua e Marituba vão levar dois ônibus para o evento com mães e bebês. O Rotary em parceria com a Agência Distrital de Mosqueiro vai trazer o navio que faz linha para a ilha cheio de mães amamentando, que no dia do evento vai aportar na Estação das Docas, antecipa Rosângela Monteiro.
A programação do Mil Mães está marcada para iniciar às 8 horas da próxima terça-feira, com uma caminhada para promover o banho de sol dos bebês. Em seguida no Bouvelard das Feiras, haverá brincadeiras animadas pela Tia Bola e Boi de Máscara Veludinho. A abertura oficial vai contar com a presença de autoridades do Estado, como a governadora Ana Júlia Carepa e o prefeito de Belém, Duciomar Costa, e uma bênção inicial dada pelo arcebispo metropolitano, dom Orani João Tempesta. Estão previstas ainda a apresentação do Coral Saúde e Vida, da Santa Casa, do Setran’Art e do cantor Pinduca, além da distribuição de lanches e brindes para as mamães e seus bebês. (A. C.)
Dois mil participantes vão debater aleitamento em encontro nacional
Entre os dias 21 e 24 deste mês, com o tema Um norte para a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno acontecerá o 10º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam), que, pela primeira vez, acontece em uma capital da região amazônica.
A expectativa do evento é reunir cerca de duas mil pessoas no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. Dentro da programação, palestras e oficinas promovidas por mais de 80 pesquisadores e profissionais que são referências no assunto no Brasil e em outros países, como a Malásia, Guatemala e Portugal, entre eles o médico Jean Pierre Allain, militante da Rede Ibfan.
O encontro é realizado pela Associação de Amigos da Amamentação do Pará (Amamen), além da Rede Internacional em Defesa do Direitos de Amamentar no Brasil (International Baby Food Actions Network, o Ibfan) e pelo Governo do Pará, através da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa).
Para a presidente do Amamen, Eunice Begot, o encontro é uma oportunidades de deixar definitivamente a semente de incentivo a amamentação plantada no Pará e mobilizar os profissionais para a importância do incentivo ao aleitamento materno.
Dentro da programação do encontro, está prevista a Oficina de aleitamento para crianças, direcionada para criança em idade entre 8 e 12 anos. É uma forma de orientar desde cedo sobre a importância da amamentação, sem perder de vista que somos mamíferos, afirma Eunice.
Entre as questões abordadas no 10º Enam estão a situação dos povos indígenas frente a questão da amamentação. Elas estão sofrendo com a ação do marketing. Estive há pouco tempo na tribo dos tembés, em Capitão Poço, e pude ver isso de perto. Aos três meses, as crianças já passam a tomar mingau na mamadeira, diz a presidente da Amamen. Ela cita ainda a questão das mães com necessidades especiais e as mães que estão cumprindo pena. Assim como todas as mães, a lei garante a elas o direito de amamentar os filhos até os seis meses, resta saber se isso de fato está acontecendo, diz. (A. C.)