Summary
Traduzir os slogans que a WABA propõe a cada ano não é fácil. Não basta a tradução literal, temos que analisar o contexto de conteúdos que são sugeridos. Esse ano, acertamos? “Closing the gap: breastfeeding support for all”. Seria “Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”? Compreendi que a proposta é que o apoio deve chegar a quem não estamos alcançando:
Mulheres indígenas, quilombolas, negras, periféricas, pessoas trans, desalojadas pelas calamidades climáticas, recém-nascidos que são mais vulneráveis ao desmame precoce...
É muito difícil traduzir do inglês os slogans que a WABA propõe a cada ano. Não basta a tradução literal, temos que analisar o contexto de conteúdos que são sugeridos.
Esse ano, acertamos?
“Closing the gap: breastfeeding support for all”
Seria “Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”?
Compreendi que a proposta é que o apoio deve chegar a quem não estamos alcançando:
Mulheres indígenas, quilombolas, negras, periféricas, pessoas trans, desalojadas pelas calamidades climáticas, recém-nascidos que são mais vulneráveis ao desmame precoce.
O slogan decidido foi:
Amamentação: apoie em todas as situações.
Só que, lactantes indígenas, negras, quilombolas, homens e mulheres trans não estão em uma “situação” ou circunstância temporária.
As lactantes negras, indígenas, quilombolas, trans… não são “situações” … As nutrizes que estão sofrendo com as tragédias, sim. Com essa expressão acabamos por “limitar” a abrangência de quem devemos apoiar com mais afinco.
A tradução acabou restringindo o conceito para o suporte a pessoas que estão em uma conjuntura momentânea de emergência, de desastres…
No site da WABA dedicado às SMAM, tinha sido publicado uma tradução do slogan para o “Português europeu”:
Minimizando a distância: apoio à amamentação para todos.
Mas, a WABA decidiu não levar em conta essa decisão das ativistas portuguesas e unificou a tradução como “luso-brasileira”. Não tem problema Portugal ter um slogan e o Brasil outro.
Com as mudanças climáticas e com as tragédias ambientais que serão mais frequentes, como a que ainda estamos vivendo no Rio Grande do Sul, é acertado incluir no debate desse ano, o conteúdo já abordado, tema da SMAM 2009:
Breastfeeding is a vital emergency response
Traduzido para: Na calamidade, desastre ou emergência. Amamentar é garantia de sobrevivência.
E o slogan veiculado pelo Ministério da Saúde foi:
Amamentar em todos os momentos, mais saúde, apoio e proteção.
E o objetivo principal foi que nas catástrofes, devemos dar prioridade às nutrizes e evitar a distribuição de fórmulas, que nessas circunstâncias são mais arriscadas de serem preparadas de forma segura, devido ao pouco acesso à água potável.
Algo que gostaria de entender:
Quem, quando e como se decide a tradução dos slogans no Brasil?
Quando a Denise Arcoverde, do Grupo Origen (Olinda, PE) era a representante da WABA no Brasil, realizávamos reuniões preparatórias para chegarmos a um slogan mais apropriado e discutíamos de forma abrangente os conteúdos que seriam veiculados.
Não está na hora de ampliarmos a discussão sobre os slogans antes de serem decididos?
E deixar mais transparente essa decisão para que mais pessoas possam pensar no melhor slogan?
Para que possamos compreender melhor a proposta da SMAM, desde 2020 organizamos pelo 5º ano consecutivo, um Seminário online preparatório para a Semana Mundial de Aleitamento no www.agostodourado.com
Evento preparatório para a Semana Mundial de Aleitamento deveria ser organizado pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde para que os profissionais pudessem desenvolver atividades que fossem mais adequadas ao tema de cada ano.
Prof. Marcus Renato de Carvalho