Marcando ritmo com o coração
A cada acorde musical, uma lágrima. A cada batida do tambor, uma emoção. A cada choro, um desabafo. A agonia das mães de bebês prematuros nascidos na Maternidade-Escola da UFRJ, em Laranjeiras, dissipa-se durante as sessões de Musicoterapia. Chocalhos, congas, pandeiros, violões e surdos compõem o cenário do programa criado para aliviar os ânimos das mamães cujos filhos estão internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e na Enfermaria Mãe Canguru.
Sob olhares atentos de psicólogas e musicoterapeutas, todas as participantes cantam suas músicas preferidas e, ainda, arriscam nos instrumentos. O trabalho ajuda, ainda, o aleitamento materno. Depois que uma das mães jorrou leite durante encontro, a coordenadora do projeto, Martha Negreiros Sampaio Vianna, percebeu a necessidade de estudar a relação da música com o aleitamento. O resultado foi para lá de positivo tanto que o programa se chama Musicoterapia no Aleitamento Materno Exclusivo (Mame).
(…) Três vezes por semana, além de aliviar os ânimos cantando – e diga-se de passagem que qualquer gênero musical é bem-vindo –, as mamães se reúnem para falar da saúde de seus filhos. “A troca de experiência é essencial para a recuperação emocional das participantes”, explica o musicoterapeuta Albelino Silva Carvalhaes.
O comportamento das participantes é observado atentamente por estagiárias de Musicoterapia, que registram os dados para depois, então, analisar as emoções, auxiliando no desenvolvimento psicológico das mães.
O tratamento musicoterápico se estende até a alta do bebê da Enfermaria Canguru – que ocorre quando ele ultrapassa dois quilos e apresenta estabilidade clínica.
(…)
Viviane Barreto
Jornal O Dia – Editoria Ciência e Saúde
31 de agosto de 2003
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