As aventuras de um bebê prematuro
Divulgação
As aventuras de um bebê prematuro
A Fundação Orsa vai lançar no dia 26 de janeiro o guia de orientações “As aventuras de um bebê prematuro: eu!” destinado às famílias de recém-nascidos de baixo peso. A cartilha tem o objetivo de fornecer informações complementares às obtidas nas maternidades sobre as necessidades especiais desses bebês e estimular um atendimento mais humanizado, com a maior participação dos familiares. Uma das principais formas estimuladas pela publicação é o método mãe canguru, que consiste na colocação do bebê prematuro na posição vertical, colado à pele da mãe, durante algumas horas por dia. Entre os benefícios da prática estão o estímulo ao aleitamento materno, o ganho de peso mais rápido e o estreitamento dos laços entre mãe e filho.
O método, que surgiu na Colômbia há 26 anos, só chegou ao Brasil em 1992. Os estados pioneiros foram Pernambuco e São Paulo. Essas iniciativas foram premiadas e o Brasil passou a discutir a eficácia do método. A coordenadora do Programa do Método Mãe Canguru da Fundação Orsa, Ione Queiros, explica que, no início, houve muitas críticas de profissionais que achavam que o objetivo era substituir a incubadora. “Não é essa a idéia. Não é um método alternativo porque não dispensa nada da medicina convencional. Queremos apenas complementar o tratamento dos bebês prematuros”, rebate. Segundo ela, o objetivo é que a mãe auxilie na recuperação do bebê.
De acordo com Ione, o método canguru proporciona ao bebê um bem-estar indispensável à sua melhora, através do contato com a pele da mãe. “Esse cuidado normalmente diminui o tempo de internação, ajuda na respiração do bebê, ritmada pelas batidas do coração da mãe, e diminui o risco de apnéia. Mas o fundamental é o fortalecimento do vínculo afetivo com a família”, explica. Segundo ela, o recém-nascido de baixo peso é muito estressado pela manipulação excessiva e, por isso, é preciso que a maternidade se adapte ao método para proporcionar uma internação mais breve e humanizada para os pequenos. “Várias mudanças são necessárias, como a diminuição da luz e do barulho e o respeito à hora do sono do bebê. Mas o fundamental é a possibilidade do acesso dos familiares à UTI durante 24 horas por dia”, diz, criticando a restrição do horário de visitas de parentes na maioria das UTIs neonatais.
O programa da Fundação Orsa, financiado pelo BNDES, faz parte do Programa de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso do Ministério da Saúde, criado em 2000, e que faz do Brasil o único país que adotou o método mãe canguru como política pública. Além disso, a coordenadora destaca que em nenhum país a disseminação do método foi tão ampla. São 590 maternidades atendidas pelo programa e 4.981 profissionais capacitados. “O trabalho da Fundação é realizar o treinamento dos profissionais nas maternidades. Para complementar, elaboramos o guia para orientar também os familiares, que estão passando por um momento difícil e têm muitas dúvidas”, explica Ione. Cerca de 20 mil exemplares serão distribuídos nos Centros de Referência, escolhidos pelo Ministério da Saúde, e nos hospitais capacitados para a aplicação do método. Em breve, a publicação também terá uma versão online, disponível no endereço metodomaecanguru.org.br.
O guia foi elaborado com uma linguagem objetiva e acessível e busca esclarecer para a família as necessidades especiais dos bebês prematuros, que representam 8% do total de recém-nascidos. “Esses bebês são geralmente muito estressados por causa da grande manipulação e precisam de um pouco de tranqüilidade. A publicação também explica como deve ser aplicado o método mãe canguru, que é a melhor forma de criar um vínculo forte com a família. Por mais difícil que seja a vida da mãe depois que o filho deixar o hospital, tenho certeza de que ele será bem cuidado”, afirma a coordenadora.