Tecnologia humanizada
Tecnologia:
conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo
de atividade.
Humanizar:
tornar humano; dar condição humana a; humanar. Esta no Aurélio.
Analisando estes termos fica simples definir o Método Mãe Canguru como Tecnologia humanizada de cuidados com o recém-nascido pré-termo.
Por muitos longos anos o homem desenvolveu, através da ciência,
aparelhos de função impar cujo objetivo sempre foi simular o humano.
Dessa forma conseguiu alcançar limites impressionantes, mimetizando o ambiente fisiológico com grande precisão.
Este progresso, à medida que permitiu tratamento de males considerados de difícil controle, foi associando de modo
quase irreversível a doença ao tratamento tecnologicamente avançado.
Assim sendo, respiradores e incubadoras, por exemplo, tornaram-se cada vez mais sofisticados e essa sofisticação passou
a ser tanto mais essencial quanto mais perfeitamente mimetizava as condições fisiológicas que ela objetivava tratar.
Surgiram os servocontroles, onde a temperatura do bebe regulava a temperatura da incubadora num moderno sistema de retroalimentação de informação. Respiradores tornaram-se
microprocessados e inteligentes. Era a técnica imitando o homem. E essa imitação foi se tornando e buscando se tornar
sempre e a cada dia mais igual ao homem.
E mais cara.
E quanto mais cara e mais perfeita, menos disponível, uma vez que cada vez uma parcela menor dos serviços de saúde possuía verba suficiente para aplicar seus benefícios.
Mas se por um lado um ramo da ciência caminhou buscando mimetizar o humano, outro ramo passou a buscar no próprio homem caminhos e retornos para servir por soluções.
Se imitar o homem tornou-se alvo da ciência, utilizar o próprio homem no lugar da parafernália que o imita passou a
significar mais do que um avanço, mas um novo caminho, um novo atalho no curso do tratar.
Ao receber o contato com o corpo materno, pele a pele, como veremos nos próximos posts, o corpo do bebe recebe, de uma só vez, o amor daquela que o gerou, a fonte de calor na temperatura adequada, o estimulo respiratório que irá prevenir pausas respiratórias, a proteção anti-refluxo, e uma interatividade completa com a maquina que cuida dele.
A tecnologia humanizada descobre assim, no homem, potenciais e atividades que levariam anos para serem desenvolvidas por máquinas.
A tecnologia humanizada permite, sem custos e acessível a todos, tratamentos de alta especificidade e função.
Que outra máquina doaria calor a uma intensidade tão própria ao bebe quanto o faz a sua própria mãe?
Que máquina, ao respirar naturalmente, emprestaria estímulos táteis que preveniriam o surgimento de apnéias nos bebês sob sua atividade?
E qual delas, ao bater seu coração, despertaria no bebe as mesmas velhas e agradáveis sensações que ele sentia no útero onde foi gerado?
Que tecnologia, senão a humanizada, consegue isso tudo de modo tão simples e acessível?
Olhai os lírios do campo.
Eles não tecem nem fiam.
Entretanto nem Salomão com toda sua riqueza jamais se vestiu
como um deles.
Continuaremos…