MÃE – CANGURU: AVANÇO NO CUIDADO DO BEBÊ PREMATURO
O cuidado Mãe – Canguru foi idealizado na Colômbia em 1979 pelos doutores Edgar R. Sanabria e Hector Martinez como uma revolucionária forma de preservar a vida e humanizar a atenção ao recém nascido prematuro e de baixo – peso. O UNICEF teve um papel essencial de ser o primeiro avalista desta nova metodologia, divulgando-a para todo o mundo.
No Brasil, os primeiros programas aplicando esta nova tecnologia foram o Hospital Guilherme Álvaro em Santos (1992) e depois o Instituto Materno Infantil de Pernambuco – IMIP (1994) em Recife, atualmente temos mais de 60 maternidades adotando este inovador paradigma de assistência perinatal.
Em 1997 o modelo de assistência Mãe – Canguru do IMIP foi reconhecido pela Fundação Getúlio Vargas na premiação “Gestão Pública e Cidadania” tendo uma repercussão nacional. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social reconheceu este trabalho como uma “best practices” financiando a reforma e ampliação das instalações do IMIP e se articulando com o Ministério da Saúde para que esta forma de cuidado fosse oficializada como uma modalidade assistencial do SUS. Em março de 1999 uma grande conferência foi realizada no Rio de Janeiro com a presença de um dos seus criadores e a participação de dezenas de instituições que já adotavam este método. O Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho que elaborou a Norma de Atenção Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso – Método Canguru e apresentou publicamente esta regulamentação no final deste mesmo ano, tornando-se portaria no. 693 GM/MS (5 de julho de 2000). A adoção do método exige uma mudança grande de atitudes e práticas do pessoal de saúde, daí a ênfase dada aos cursos de capacitação de 40 horas para membros da equipe neonatal (pediatra, enfermeira, psicóloga, assistente social, fonoaudióloga, musicoterapeuta…) que são realizados nos 6 centros de referência designados.
O Ministério da Saúde em parceria e recursos do BNDES e ação executiva da Fundação ORSA estão trabalhando na disseminação, apoio ao treinamento e implementação dos centros de referência.
O Brasil avançou muito na concepção e aplicação do Método Mãe – Canguru – e a Norma de Atenção Humanizada reflete esta visão.
Com esta abordagem este tipo de cuidado começa na UTI/UI – 1ª etapa da metodologia onde mãe e bebê ficam algumas horas juntos: pele-a-pele sempre que possível, ou se tocando, “conversando”, trocando olhares…
Na 2ª etapa: na Enfermaria ou Alojamento Canguru, os prematuros ficam em posição canguru no seio materno em tempo integral, recebendo um leite materno especial de sua mãe, seus cuidados e o contato com seus outros familiares.
Na 3ª etapa: Ambulatorial e Domiciliar – o binômio recebe alta ainda em posição canguru (para evitar refluxo e conseqüente broncoaspiração) com a garantia de um acompanhamento especial de “follow-up”.
Os resultados têm sido surpreendentes, não só pela diminuição da morbi-mortalidade neonatal, mas na qualidade e humanização da atenção proporcionada pela nova atuação da equipe de “cuidadores” – onde a mãe tem o papel protagônico.
Publicado em: 04/10/2001
no Canal Saúde do escelsanet.com.br
——————————————————————————————–
Marcus Renato Carvalho
Pediatra, Sanitarista
Consultor em Aleitamento Materno e Método Mãe Canguru
[email protected]