Coração de pai:
livro retrata a relação entre pai, filhos e neto
Em entrevista exclusiva à CRESCER, o jornalista José Ruy Gandra conta como foi organizar o livro com as emoções e as dificuldades na educação dos filhos, as mudanças da vida até a descoberta de um novo papel: o de avô. Confira
Bruna Menegueço
CRESCER: Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre as suas experiências com seus filhos?
JOSÉ RUY GANDRA: Há muito tempo, eu escrevo crônicas sobre o meu relacionamento com meus filhos Paulo, 28 anos e Pedro, 15. Algumas delas, inclusive, foram publicadas originalmente na CRESCER. Então, resolvi reunir todo o material, reler e selecionar as melhores. Depois, fui escrevendo novas histórias para conectar os textos e criar um fio condutor em ordem cronológica.
C: Você é pai de dois filhos de gerações diferentes. Qual é o maior desafio dessa diferença?
J. R.G.: Aos 26 anos, fui pai pela primeira vez. Pouco mais de um ano após o nascimento de Paulo, hoje com 28 anos, eu e a mãe dele nos separamos. Nessa época, o meu ritmo de trabalho era intenso e quando ele foi à praia pela primeira vez, eu não pude acompanhá-lo. Quando eu percebi que meu filho estava na praia, descobrindo o mundo e eu estava longe dele, comecei a chorar. Naquele momento, decidi que eu sempre teria tempo para o meu filho. Comecei a pensar a partir da cabeça dele, nos interesses dele. Juntos, entre partidas de futebol descalços e banhos de chuva, começamos a construir uma relação de pai e filho cheia de poesia. Treze anos depois, já no segundo casamento, nasceu Pedro, hoje com 15 anos. Nessa época, Paulo estava morando comigo e isso foi muito importante para reconstruir a imagem de família. Era engraçado, sabe? Em uma parede do quarto, estava o pôster da banda Nirvana e na outra, o Pernalonga. O que eu aprendi após ser pai em momentos tão diferentes é que o Paulo me ensinou a criar o Pedro e o Pedro permitiu consertar a educação do Paulo.
C: Você tem uma história preferida?
J.R.G.: Preferida, não. Mas tem uma que gosto muito. Ela se chama Pedaços de Nós, e eu falo das peças que o espelho nos prega. São muitas as semelhanças que percebo entre mim e meu pai e entre meus filhos e mim.
C: O que muda ao se tornar avô?
J.R.G.: É um momento maravilhoso! Um amigo bem definiu o papel de avô em uma frase que compartilho: “avô é um cavalo bravo que o filho amansa para o neto montar”. É exatamente assim que eu me sinto. Quando meu neto, Rodrigo, hoje com 4 meses, nasceu, eu me senti poderoso. É mais um pedaço de mim que nasceu, mais uma geração. E fico ainda mais orgulhoso de meu filho. Percebo que ele está empenhado em não cometer os meus erros. Por isso, apesar de estar sempre ocupado, arruma um tempo para almoçar em casa, ver o filho sempre que possível. Isso é bacana, sinal de que aprendeu a ser melhor.
Coração de Pai
Sub-título: Histórias sobre a arte de criar filhos
Autor: José Ruy Gandra
Idioma: Português
Número de Páginas: 176
Formato: 14×21
ISBN: 978-85-64684-01-0
O livro reúne 45 histórias sobre as alegrias e dilemas na criação dos filhos, sempre descritos pela ótica paterna. Todas retratam episódios emblemáticos das diferentes fases na vida de um filho e os desafios que cada uma delas lança para os pais. Temas como amizade, separação, sexo, carreira, adolescência, perdas ou futebol são o ponto de partida para reflexões valiosas sobre como transmitir aos filhos valores e princípios sólidos. O propósito é fortalecê-los para um mundo cada vez mais competitivo sem que, para isso, eles tenham de abrir mão da própria felicidade ou de virtudes como a delicadeza, a bondade e a compaixão. E ao transformar temas singelos em reflexões tão poéticas e amorosas, Gandra dá uma verdadeira aula sobre paternidade, amor e o eterno aprendizado da vida.
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