Paraná quer expandir atuação dos Bancos de Leite Humano
Rogerio Theodorovy/Gazeta do Povo
Rogerio Theodorovy/Gazeta do Povo / Patrícia e Wellinton com a filha: orientação antes da alta na maternidade do HC.
Patrícia e Wellinton com a filha: orientação antes da alta na maternidade do HC.
Curitiba – O Paraná planeja triplicar sua rede de Bancos de Leite Humano em 2007 e também espera que mais mães doem leite excedente para que a expansão tenha resultados práticos. Celestina Grazziotin, coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná e consultora internacional credenciada pelo International Board Consultant Lactation Examiners (IBCLE), diz que das atuais 7 unidades o estado passará a ter 22, que serão construídas com recursos federais em locais ainda não definidos.
A ampliação da rede é importante não só para a coleta, como também para incentivar o aleitamento materno, que traz incontáveis benefícios para o bebê.
Com a expansão da rede garantida, o maior desafio será conseguir bons estoques para os bancos. O Hospital de Clínicas, por exemplo, conta com apenas 209 doadoras. Em outubro, foram coletados aproximadamente 260 litros de leite. “No Paraná, a média é de apenas mil litros por mês”, afirma Celestina. A quantidade é suficiente apenas para os bebês prematuros em tratamento hospitar. “Infelizmente não há leite suficiente para ser fornecido, por exemplo, aos bebês de mães com o vírus da aids”, completa.
A cada semana, o serviço obstétrico do HC faz dois ou três partos de portadoras do vírus HIV, que recebem leite artificial para dar aos filhos. “É importante expandir a rede de bancos de leite justamente para suprir essa demanda, uma vez que mães soropositivas não podem amamentar devido ao risco de contaminar o bebê.”
Incentivo
A relação entre a falta de amamentação e a mortalidade infantil passou a ficar mais evidente há 20 anos. Apesar disso, Celestina estima que as brasileiras só amamentem exclusivamente seus bebês por 45 dias, em média. O ideal seriam pelo menos seis meses. “Muitas mulheres não confiam no leite que produzem, falta incentivo e orientação profissional.”
Nunca é demais lembrar que a amamentação traz benefícios físicos, mas também emocionais, já que os pequenos se sentem seguros e amados no colo materno: seus batimentos cardíacos ficam mais compassados, a respiração se equilibra e a inteligência social é estimulada.
A lição já foi aprendida por Patrícia Veiga de Freitas, de 23 anos, que na semana passada deu à luz a filha, na maternidade do HC. Ela e o marido, Wellinton Garzo, receberam orientação sobre amamentação antes da alta hospitalar. O ideal, diz Celestina, é que o estímulo parta também dos ambientes de trabalho. “Seria ótimo que as empresas tivessem locais apropriados para que a mãe pudesse tirar e congelar o leite.”
Mesmo com dificuldade para suprir a demanda, o modelo brasileiro de bancos de leite já foi “exportado” para Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai. Da coleta em domicílio à análise clínica de todo o leite doado, o custo, no Brasil, gira em torno de R$150 por litro. Não é barato, mas o esforço, garantem os especialistas, vale a pena.