Querido Marcus Renato,
É importante, fundamental, nunca descartável, a abordagem dessa visão. Ser prematuro por um dia. Viver a intensa e desconfortante busca da vida. Lutar com as todas (muito poucas) forças, pelo direito de viver. Num ambiente hostil. Num mundo impróprio. Em condições inadequadas. Assistido por profissionais incapazes, (incapacitados), para atender às minhas reais necessidades…
Tudo isso é muito complexo, passível de inúmeras discussões.
Só gostaria de colocar um novo tempero a esse molho, já “muito caliente”!
Sou pai de prematuro.
Vivi. Sofri. Chorei a cada distúrbio metabólico. A cada intercorrência. A cada dificuldade.
Talvez, poucas pessoas entendam o que é um pai, ao lado da incubadora, assistir a mãe, aos prantos, tocar um dedo no seu rebento (era o que permitiam). Frágil, indefeso, longe de tudo o que qualquer mãe, mulher, sonha como desfecho natural da sua gestação.
Você defende e educa (como mais ninguém nesse país), a participação do pai.
Passa da hora de agirmos firme e eficientemente, no sentido de garantir direitos que a sociedade sacramentou, e a “rotina” ignora.
Sonho, acredito, luto pelo direito do pai. Mas sou um obscuro pediatra, atuando numa pequena cidade, lutando conta a corrente. Dando murro em ponta de faca. Confesso que ganharia muito mais dinheiro, se abrisse mão de minhas convicções. Mas não olharia para meus filhos, com o mesmo ar de dignidade.
Querido Marcus:
Tudo isso (você já sacou que eu não sei escrever pouco), é para dizer que, acho nessa discussão sobre a prematuridade, que o “entorno” da criança (pai, mãe, família, trabalho) é fundamental.
Que incluamos (todas) as questões pertinentes. E que possibilitemos um profunda e abrangente discussão sobre o tema, garantindo aos nossos queridos bebês o melhor que podemos proporcionar.
Um abraço, de quem sonha por prematuros felizes.
Dalton Chiaradia
Queridos Marcus, Raquel e Dalton,
Ser prematuro por um dia pode significar muito para o comportamento de nós, seus pretensos cuidadores, seus quase sempre algozes incompassivos.
Quando redigi a Declaração Universal (que está publicada aqui neste site), em verdade devo ter me imaginado prematuro se não por um dia, por algumas palavras que significassem essa personificação de nosso semelhantezinho tão gigante e tão indefeso…
O prematuro lembra um poeta de mãos decepadas e língua retirada da boca. Este poeta incapaz de dizer ou de escrever ou poemas que pensa é um oceano de vida inteira e exuberante cujas ondas e marés são imperceptíveis aos seus vizinhos…
Da mesma forma a história da vida e a própria biologia de um bebe prematuro e de seu entorno são repletos de significação e exemplos quase invisíveis ao olho nu e técnico do cuidador-algoz, do doutor deselegante, do profissional hostil e do entorno hediondo…
Estarei Dra Raquel, em seu workshop.
Quero experimentar a veracidade de cada um dos
12 Direitos Universais
de nossos irmãos prematuros e me entregar à sua defesa e a seu entendimento.
Que bom sabermos que somos todos pela mesma causa.
Que Deus nos abençoe hoje e sempre
O amigo
Luis Alberto MussaTavares.