BENEFÍCIOS da GUARDA COMPARTIDA
Crescimento
O contato próximo e regular possibilita a ambos os adultos acompanharem o crescimento do filho.
Educação
É uma tarefa árdua -ou impossível, diriam alguns- educar o filho com encontros bimensais. Com a guarda compartilhada, ambos os pais têm tempo para transmitir seus valores.
Morador de duas casas
A criança não se sente visita na casa do pai ou da mãe; na verdade, ele ganha duas casas.
Regras
Por morar em duas residências distintas, a criança tem de se adaptar às regras e aos costumes de cada uma que, muitas vezes, são diferentes. Isso dá a ela flexibilidade para entender padrões variados e para lidar com eles.
Segurança
O sentimento de segurança do filho, geralmente abalado pela separação dos pais, é protegido quando os adultos, apesar de separados, vivem em sintonia.
Sentimento de culpa
O filho não desenvolve o sentimento de culpa comum em crianças que se sentem objeto de disputa dos pais.
Tempo livre
Dividindo o filho com o ex-cônjuge, tanto o pai como a mãe ganham mais tempo para si.
Vínculo
Em situações de guarda única, com visitações esporádicas do pai ou da mãe, a criança corre o sério risco de cair no chamado ciclo do afastamento, pois é natural que tenha dificuldade em se sentir incluída na vida do outro. Em geral, aos poucos, o vínculo afetivo é rompido. Isso não costuma ocorrer se o filho passa período equivalente com os dois pais.
Cuidados no dia da visita
Atividades
Não imponha os programas à criança. Proponha que ela elabore uma lista do que gostaria de fazer no dia de visita, como ir ao cinema ou assistir TV ao seu lado. E faça o mesmo. Depois, conversem sobre os desejos de cada um e decidam a programação.
Educação
Não hesite em desempenhar o seu papel de educador com receio de que isso possa afastar o filho.
Combinados
Esforce-se ao máximo para comparecer aos dias combinados de visita, estabelecendo, assim, uma rotina. Se tiver de faltar, avise com antecedência, explicando a razão.
Discrição
Evite perguntar sobre a vida pessoal da ex-mulher (ou do ex-marido). Não faça perguntas que deixem a criança sentindo como se estivesse traindo o outro adulto.
Intimidade
Se tiver mais de um filho, separe alguns momentos para ficar a sós com cada um, dando a eles a oportunidade de conversarem em particular com você e sem interrupções. Ocasionalmente, combine saídas individuais e faça passeios de que um gosta, mas que não interessam ao outro.
Leva-e-traz
Assuntos pertinentes ao divórcio devem ser discutidos pessoalmente pelos pais. Jamais use o filho como mensageiro.
Recusa
Se nos dias de visita a criança tiver outros planos -como festa de aniversário de colegas-, não se ofenda. Mas, se a recusa em visitá-lo for constante, seja claro ao dizer que aquele dia é importante para ficarem juntos.
Rotina
Não altere sua rotina nem abandone seu filho, integre-o às atividades do seu dia. Por exemplo: se você tem de arrumar a estante de livros, peça que ele participe, ajudando-o.
Grupos de apoio ao pai separado
“Meu mundo desabou no tribunal. De pai, saí como visitante.” Declarações desoladas como essa e o sentimento de desgosto de pais que se vêem privados da convivência dos filhos deflagraram movimentos de ajuda para homens que reivindicam o direito de continuarem a ser pais. Ou seja, de viverem separados do cônjuge, mas não do filho.
No Brasil, já há cerca de dez associações legalizadas que oferecem de apoio psicológico a assistência jurídica. Cada uma é voltada a um tipo de assistência. O aspecto jurídico do divórcio e da guarda dos filhos, por exemplo, é a especialidade do site Pai Legal, que reúne artigos, leis e grupo de discussão on-line. Já a ONG Pais para Sempre fornece informações sobre as vantagens da guarda compartilhada para o equilíbrio emocional da criança e também as características legais do regime. Confira nesta página uma relação de entidades daqui e do exterior.
Foi a perda da guarda do filho, em 1997, que motivou o autor da frase que abre este texto, Carlos Roberto Bonato, a fundar a Apase, uma das entidades pioneiras do gênero.
“Da mesma maneira que precisei de amparo emocional e jurídico, senti que outros também poderiam precisar, daí me empenhei em organizar a Apase.” No início, Bonato restringia a participação à entidade apenas para homens. “Depois entendi que o principal motivo de nossa luta é a convivência da criança com ambos os pais”, explica, dizendo que mais de 2.000 pessoas já foram ajudadas pela Apase. “Certamente, de 70% a 80% são homens. Porém as mulheres são bem mais participativas.”
Assim como os pais lutam pelo direito de conviver com o filho, algumas mães procuram entidades para tentar aproximar o ex-marido de seus rebentos. “De quebra, ainda tentam entender a alma masculina”, diz Alfredo Oton de Lima, presidente da Participais e “separado há oito anos de meu filho”.
“Depois de nos separarmos, meu ex-marido “fazia o favor” de ver nossos filhos. Procurei a Participais para tentar trazer de volta o relacionamento que ele tinha com as crianças”, conta a analista de sistema D.S.F., que não quis se identificar para preservar os filhos e o ex.
Aos poucos, a analista, apoiada pela entidade, mostrou ao ex-marido a importância de sua participação na criação dos filhos. “Não adianta recorrer à Justiça para obrigar o pai a ver seu filho. Isso tem de ser espontâneo, e não uma obrigação.”
Jornal Folha de São Paulo – 23 de outubro de 2003