Leite materno pasteurizado evita Doença de Chagas durante a amamentação
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) constataram que o leite materno, submetido ao processo de pasteurização, previne transmissão de doença de Chagas durante a amamentação. O procedimento consiste em aquecer o alimento à temperatura de 63º C no forno de microondas e, em seguida, levá-lo ao refrigerador até chegar a 4º C.
“O processo de pasteurização é clássico e pode ser feito em casa. Basta apenas um pequeno treinamento”, garante o médico e supervisor da pesquisa, Cláudio Santos Ferreira. Para testar a teoria, os cientistas usaram forno doméstico, com 2.450 megahertz (mHz) e potência entre 100 e 700 watts.
A opção pelo forno de microondas, de acordo com Ferreira, foi pelo fato de o eletrodoméstico ser cada vez mais comum em residências, laboratórios e postos de saúde.
Prevenir o contágio
Os experimentos feitos no Laboratório de Investigação Médica/Parasitologia da FMUSP comprovaram ser possível eliminar a transmissão do parasita Trypanosoma cruzi durante o aleitamento. As outras formas de contágio são pela transfusão do sangue infectado e consumo da carne de animal silvestre portador do parasita.
Embora os parasitas transmissores do mal de Chagas estejam sob controle em todo o Estado, há casos de pessoas infectadas que se deslocam de seus lugares de origem e contagiam outros indivíduos.
Para as regiões que registram casos de doença, Ferreira recomenda o uso do microondas em unidades hospitalares e postos de saúde.
Eficácia comprovada
Para realizar os testes, os pesquisadores adicionaram várias doses do Trypanosoma cruzi no leite humano, obtido no Banco de Leite do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e alimentaram camundongos de laboratório com o preparo.
Ferreira relata que os animais nutridos com o leite materno contaminado e sem tratamento no microondas ficaram doentes. Os que receberam o alimento depois de serem submetidos ao aparelho não contaminaram-se.
27 de agosto de 2003