CÓLICAS do LACTENTE
Ressuscitar o cueiro pode ser uma boa maneira de controlá-las, dizem alguns médicos
As crises de cólica que acometem a maioria dos bebês ao longo de seus três primeiros meses de vida ainda são um desafio para a medicina. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que as cólicas estavam exclusivamente relacionadas a problemas gástricos comezinhos, como gases e espasmos dos músculos intestinais, entre outros. Uma das causas seria o acirramento de determinados hábitos da vida moderna, como o consumo de alimentos industrializados por parte da mãe que amamenta. Várias pesquisas mostram, no entanto, que as cólicas são comuns a bebês de todas as culturas – das mais modernas às mais arcaicas. Recém-nascidos de tribos primitivas são vítimas do mesmo incômodo. Com o aprofundamento dos estudos sobre o desenvolvimento infantil, a teoria de que se trata de um problema gástrico puro e simples foi derrubada. A mais aceita atualmente é também a mais curiosa: a cólica seria reflexo da imaturidade neurológica da criança – uma conseqüência inevitável do processo de formação do sistema nervoso dos bebês que dela sofrem.
Por processo de formação entenda-se a criação das ligações neurais que permitem ao cérebro exercer todas as suas funções. Tais ligações são estabelecidas com o passar do tempo – e uma delas é justamente aquela que controla os movimentos do intestino responsáveis pela composição e eliminação da massa fecal. “Como essa conexão cerebral ainda não está totalmente completa, isso pode levar o intestino a ter movimentos descoordenados – o que pode se traduzir em cólica”, diz o neuropediatra Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. Com o aperfeiçoamento do sistema nervoso, as dores tendem a desaparecer depois do primeiro trimestre de vida.
O que fazer, então, diante da inevitabilidade das cólicas ?
Alguns especialistas estão ressuscitando um método antiqüíssimo para acalmar as crianças: o uso de cueiros. Enrolar o corpo do bebê, restringindo-lhe os movimentos, levaria a que ele se sentisse mais protegido – numa espécie de simulação do ambiente intra-uterino dos dois últimos meses de gravidez, em que a criança fica mais contida pela falta de espaço. Essa segurança proporcionada pelo cueiro, acreditam tais especialistas, ajudaria os movimentos do intestino a entrar em harmonia, diminuindo ou cessando as cólicas. Um dos defensores do método, o pediatra americano Harvey Karp, da Califórnia, vai além. Ele propõe que, ao contrário do que pregam pediatras modernos:
um bebê com cólicas não deve ser deixado sozinho, num quarto escuro e silencioso.
“Trata-se de uma situação que perturba ainda mais o recém-nascido, visto que é um ambiente bem diferente daquele que estava acostumado a ter no ventre materno, cheio de movimento e barulho”, diz Karp, autor do livro O Bebê Mais Feliz do Pedaço (The Happiest Baby on the Block), que já vendeu 350.000 cópias. Ou seja, se Joãozinho está com cólicas, cueiro nele e muita festa.
* Leia outras artigos sobre cólicas no neste site.
* Vocês notaram que são mais argumentos contra deixar o bebê chorar, como recomenda o equivocado livro do Dr. Estivil.
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