AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA (E MESMO PREDOMINANTE)SALVA VIDAS
Acaba de sair no Boletim da OMS de junho de 2005 um estudo de Rajiv Bahl e colaboradores de bastante relevância
Infant Feeding patterns and risks of death and hospitalization in the first half of infancy: multicentre cohort study. Bull.WHO, 83(6):418-426; June 2005
A meta deste estudo foi determinar a associação de diferentes padrões alimentares com a mortalidade e a morbidade infantil nos primeiros meses de vida. Os achados baseiam-se em um estudo multicentrico sobre vacinação + suplementação com vitamina A. No total, 9424 pares compostos por mães-bebês (2919 em Gana, 4000 na Índia e 2505 no Peru) participaram, entrando no estudo quando os bebês tinham de 18 a 42 dias de vida. Foram coletadas informações sobre a alimentação das crianças (aleitamento materno exclusivo, aleitamento predominante, aleitamento parcial e ausência de aleitamento) e sobre sua saúde e morte, entre 6 semanas a 6 meses de vida.
O risco de morte nos bebês não-amamentados foi 10 vezes maior que os exclusivamente ou predominantemente amamentados. Não foi observada diferença importante quanto a risco de morte entre bebês exclusivamente amamentados com os predominantemente amamentados. As explicações seriam:
a) a proporção de bebês exclusivamente amamentados na Índia e em Gana (distrito de Kintampo) foi pequena; e/ou
b) não foram coletadas informações sobre padrões alimentares e de mortalidade nas duas primeiras semanas de vida (período em que o aleitamento materno exclusivo pode fazer a diferença entre a vida e a morte).
Quando mães infectadas pelo HIV são informadas sobre as opções alimentares de seus bebês o risco extremamente elevado de mortalidade infantil, associado a não ser amamentado precisa ser levado em conta. Mãe HIV negativa ou que desconhece a situação de ser portadora (essas duas categorias representam mais de 95% das mulheres em muitos lugares) devem receber apoio para o aleitamento exclusivo dos filhos nos primeiros 6 meses de vida, e para manutenção do leite materno, com alimentos complementares e práticas alimentares adequadas até a criança ter 24 meses de idade e além.
Nas mulheres HIV+ e no caso daquelas para as quais a substituição do aleitamento não é aceitável, factível, acessível, sustentável e segura (AFASS), elas devem receber apoio para o aleitamento materno exclusivo dos filhos, até que uma alimentação substituta passe a ser AFASS.
Uma das mais inovadoras implicações deste estudo é que em áreas onde a amamentação predominante é a regra, esforços de promoção do aleitamento devem levar isto em conta. As ações de saúde deveriam ser direcionadas a sustentar tal habito, em vez de buscar uma troca desta pratica de dar leite materno com outros fluidos não nutritivos (água/chá) pelo aleitamento materno exclusivo por 6 meses. Este, como sabemos, pode ser extremamente difícil para muitas mulheres.
Traduzido por Regina Garcez (Porto Alegre); revisto e adaptado com informações do artigo original por Marina Rea (IBFAN ).
NUTRITION MATTERS – UNICEF
BREASTFEEDING SAVES LIVES IN GHANA, INDIA, AND PERU
Issue n.31; July 2005