Grávida sedentária: esporte só a partir do terceiro mês
Lawrence Bodnar
TRANQÜILIDADE: Denise afirma relaxar durante
hidroginástica
Quem já pratica atividade física pode encarar a ginástica desde o início da gravidez. Mas especialistas alertam para riscos do exercício sem orientação
Sacudir a poeira e sair do sedentarismo são as teclas que os especialistas não cansam de bater quando o assunto é evitar doenças. Na linha da prevenção, os médicos também estão descobrindo que a atividade física durante a gravidez pode fazer maravilhas e não apenas para manter a boa forma das futuras mamães.
A ginástica durante a gestação evita os quilos a mais, previne dores na coluna e afeta até o humor. E é uma aliada da recuperação pós-parto. Pesquisas revelam que as mulheres que praticam alguma atividade física sentem menos dores durante o parto e ficam menos tempo no hospital.
Como o serviço público de saúde não dispõe de ginástica gratuita para grávidas, o DIÁRIO preparou um roteiro para quem não quer ficar parada enquanto a barriga cresce. Mas lembre-se: antes de iniciar a atividade física converse com seu médico. Mulheres sedentárias, por exemplo, não podem encarar os exercícios antes do terceiro mês de gravidez.
Quais são os benefícios da atividade física durante a gestação?
Além de diminuir a chance de a mulher sentir dor na coluna, devido ao peso do bebê, a atividade física reduz o inchaço, promove maior controle do peso e dá mais disposição.
De acordo com a professora de educação física especializada em gestantes, Karina Orlandin, da academia Projeto Acqua, os exercícios também melhoram a resistência muscular e cardiorrespiratória, aumentando a capacidade física da mulher para o parto. “As alunas se recuperam mais facilidade no pós-parto”, conta.
Esperando por isso, a supervisora de marketing, Denise Martinez, de 27 anos, não perde as aulas de hidroginástica. Grávida de nove meses de Theo, Denise afirma que a prática de exercícios melhorou até o seu humor. “Fico mais relaxada e consegui controlar meu apetite”, diz ela, que engordou apenas 12 quilos indicados.
Quais são os exercícios mais recomendados para as gestantes?
Caminhada, ginástica localizada, alongamento, natação, relaxamento, hidroginástica, pilates e ioga. A gestante pode praticar uma série de exercícios para manter-se em forma durante a gravidez e ir com mais calma para o parto. Exercícios de impacto como corrida e aeróbica devem ser evitados. “Quando a barriga começa a crescer, o peso sobrecarrega a região lombar da mulher, que começa a sofrer de dor nas costas e inchaço nas pernas. O pilates, por exemplo, educa a gestante, com exercícios de respiração e resistência muscular na região abdominal, a distribuir melhor esse peso”, explica a professora Maria Cristina Rossi Abrami, do Centro de Ginástica Postural Angélica (veja a sugestão de exercícios abaixo).
Qualquer gestante pode praticar exercícios?
Quais são as contra-indicações?
De acordo com o obstetra Abner Lobão Neto, coordenador do pré-natal personalizado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mulheres com gravidez de alto risco ou com ameaça de aborto precisam abrir mão dos exercícios. Por isso, é fundamental ter a liberação médica antes de praticar atividade física.
“As gestantes que apresentam sangramento, por exemplo, não devem praticar atividade física, pois o impacto, por mais baixo que seja, aumenta o risco de aborto”, alerta. A pressão alta, o diabetes e os problemas osteoarticulares também podem impedir a mulher de praticar exercícios. “Isso vai depender da fase da gestação e do controle dessas doenças”, completa Lobão.
Outro alerta do especialista vai para as gestantes que abusam dos exercícios. Se passar do limite, ela poderá ter vários problemas com o crescimento do bebê. “Durante o exercício intenso, parte do sangue deixa a placenta e se concentra na musculatura trabalhada”, explica o especialista. “Isso também não é bom, pois o bebê pode nascer pequeno demais”, diz o médico.
É permitido fazer dieta durante a gestação?
Dieta é proibido. Segundo o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital e Maternidade São Luiz, o ideal é estar com o peso correto para sua altura. “A desnutrição da mãe vai resultar em bebês de baixo peso. A obesidade aumenta o risco de a criança nascer com sobrepeso”, diz. O ganho de peso ideal de é 11 quilos. O nutrólogo Paulo Giorelli diz que a suplementação de ácido fólico nos três primeiros meses evita malformação.
(Colaborou Regiane Monteiro) Diário de São Paulo – 21 XI 2003