EU VENCI A DEPRESSÃO PÓS-PARTO !
Fiquei tão feliz de saber que neste site é possível encontrar informações sobre o que é a depressão pós-parto, que resolvi dar o meu depoimento para, quem sabe, ajudar outras mamães. É muito importante sabermos que não somos as únicas a ter esse tipo de problema.
No meu caso, tudo foi muito planejado: um casamento feliz de dez anos, um emprego estável, um marido atencioso e desejoso de ser pai, casa própria, carro, quartinho do nenen, uma gravidez tranqüila, minha mãe e minha sogra prontas para me ajudarem , curso para gestantes (só não compareci a aula sobre amamentação) dentre outros preparativos. Estava tão feliz que tudo estava acontecendo como havia planejado !! O que poderia dar errado ?
No dia 06 de janeiro de 2003 fui para a maternidade (hospital particular e muito conceituado). O obstetra havia me convencido a marcar a cesariana já que o Lucas estava na posição pélvica (sentado) e não seria possível o parto normal. Fiquei um pouco abalada pois queria muito um parto normal mas acabei me deixando levar pelas palavras do médico.
No parto tudo correu bem. Lucas nasceu cheio de saúde…Nota dez de Apgar.
Fui para o quarto e logo depois chega ele pronto para mamar !!
Aí, começaram as dificuldades: Não consegui me virar para alimentá-lo. Sentia dor da operação!! Mas isso, não era problema: “vamos tentar mais tarde” disse a enfermeira que sequer tentou outra posição (bebês mamam em várias posições!!). Fiquei dois dias no hospital e saí de lá sem conseguir amamentar o Lucas corretamente. Ele mal se alimentava em um seio só. Contudo pensei:
– Não tem problema. Em casa, com calma, tenho certeza que conseguirei.
Pois não foi isso que aconteceu. Meu bico do seio rachou, comecei a sentir dores horrorosas e amamentar se tornou um tormento. Além disso, não conseguia dormir nos intervalos das mamadas. Virei uma mãe-zumbi !
Não demorou muito e entrei em depressão. Chorava a todo momento e me perguntava:
* Por que todos dizem que é maravilhoso ser mãe ? Não se dorme, a criança chora, vc não consegue fazer nada em casa, vc mal consegue se alimentar !!
* E amamentar ? Que coisa mais dolorida ! E essa criança que não larga do meu peito ??
Enfim, eu quero minha vida de volta !! Não estou feliz com ele !!
E durante o passar dos dias, vc começa a se sentir uma pessoa incapaz, insensível, um verdadeiro monstro por não estar gostando da sua criança.
Graças a Deus, tive muito apoio de toda a família e, durante mais uma crise de choro, minha mãe telefonou para o obstetra procurando ajuda. Me levou quase a força ao seu encontro e tive, não uma consulta técnica, mas uma conversa em que eu percebi que precisava de ajuda. Foi quando comecei a reagir ao meu total estado depressivo.
Acho que um dos maiores problemas é conseguir motivação para superar a doença. É uma situação frustrante: precisamos de ajuda porque estamos deprimidas, mas a depressão nos impede de procurar ajuda ou de tentarmos nos ajudar sozinhas. Acho que as mães que sofrem esse problema precisam tornar a depressão controlável, e então é mais fácil procurar ajuda.
Tentando reagir ao problema, procurei um médico especialista em amamentação (Dr. Marcus Renato) mas fui decidida a parar de amamentar. A pergunta seria: o que fazer para acabar com esse tormento ??
E novamente, tive a ajuda profissional e emocional que precisava. Dr. Marcus me ensinou a colocar o Lucas para mamar, me ensinou a fazer a ordenha manual, e ME CONVENCEU QUE EU ERA CAPAZ DE AMAMENTÁ-LO. Desse dia em diante, comecei uma melhora gradativa.
Pois, queridas mamães: Não se sai da depressão de um dia para outro!!
Temos que travar uma batalha diária. Vencer um dia após o outro.
Por isso, para ajudar as mães que passam por esse problema aqui vão alguns conselhos, que acho que podem ser úteis:
1) Não se deixe levar por pensamentos negativos (faça alguma coisa para espantá-lo)
2) Não tente fazer tudo de uma vez. Não se desespere se vc não realizar todos os objetivos traçados durante a gravidez
3) Não se compare com outras mães
4) Não se sinta culpada se tiver um acesso de raiva.
5) Estabeleça tarefas simples (prazerosas para vc) diariamente (ler duas páginas de um livro, telefonar para uma amiga, etc)
6) Assim que se sentir em condições, dar uma volta pela vizinhança. Sair um pouco de casa mesmo que seja por alguns minutos.
7) Não tente fingir alegria
8) E mais importante, admita que vc tem um problema e precisa de ajuda. Procure ajuda em sua família, nos médicos, psicólogos, grupos de aleitamento e em quem vc achar que poderá ajudá-la.
9) Se seu filho tiver um pai presente, explique a ele seus sentimentos e peça ajuda.
9) Lembre-se: você não é a única a ter depressão pós-parto.
10) A maioria das pessoas tem vergonha de admitir seus sentimentos, principalmente aqueles que a sociedade recrimina. Experimente contar a outras mães os seus sentimentos e vc verá que eles são mais comuns do vc imagina.
11) Nem toda mulher sai da maternidade amando incondicionalmente seu filho. O amor surge no dia –a – dia.
Hoje, estou livre da depressão, amamentando e muito feliz com o Lucas.
Márcia B. Nunes de Oliveira