PESQUISA da O I T
DESTRÓI MITO QUE
MÃO-DE-OBRA
FEMININA É
MAIS CARA
Maternidade encarece só em 1,2% custo de empresa com mulher no país
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizou uma pesquisa em cinco países latino-americanos (Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e México) que desmonta a tese de um custo enorme para contratação de mulheres devido os diretos relacionamentos com a maternidade. Nestes países, as empresas têm um aumento médio de 2% com serviços de creche, horas por dia que a mulher tem para amamentar o filho e custo para substituição da trabalhadora no período de licença-maternidade. No caso brasileiro, a elevação de despesa é de apenas 1,2%.
Mulheres ganham em média 30% a menos que os homens
Segundo a especialista regional em gênero da OIT, Laís Abramo, os representantes de empresas brasileiras utilizam o argumento de um custo trabalhista maior para justificar a preferência por homens na hora da contratação. Ela ressaltou que as despesas também não são tão grandes em vista do nível salarial das mulheres no Brasil, que está em média 30% abaixo dos salários recebidos pelos homens. Nos cinco países, informou Laís, os salários no período de licença-maternidade são bancados com recursos da seguridade social ou com um fundo público, como ocorre no Chile, sem acarretar mais custo para as empresas.
– A incidência de gestação vem caindo, especialmente entre as mulheres que têm emprego fora de casa. Além disso, as trabalhadoras não têm filhos todos os anos – disse Laís, acrescentando que o conteúdo completo da pesquisa será divulgado em 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
A especialista da OIT disse que 2004 foi bom para as trabalhadoras, pois houve queda maior de desemprego entre elas do que dos homens. Na cidade de São Paulo, a taxa de desemprego feminina foi de 21,5%, uma queda de 6,8% em relação a 2003. Entre os homens, o desemprego ficou em 16,3% (5,55% de redução), segundo dados do IBGE utilizados para embasar o documento da OIT.
As boas notícias terminam aí. Pelos dados de 2003, as mulheres representavam 54,1% dos 8,515 milhões de desempregados no Brasil. Entre 1993 e 2003, o contingente de mulheres desempregadas cresceu 120,5% e de homens, 70,2%.
Além disso, elas permanecem ganhando rendimentos inferiores aos dos homens, apesar de terem nível de escolaridade superior, de sete anos, contra 6,8 da força de trabalho masculina. Em 2003, as mulheres recebiam por hora cerca de 83% do rendimento dos homens.
A desigualdade de rendimentos entre homens e mulheres aumenta quanto maior nível de escolaridade. O salário das mulheres é de cerca de 65% do rendimento dos homens no grupo dos que têm 11 a 14 anos de escolaridade, e de 60% entre os que têm 15 anos ou mais. Para Laís, o quadro se torna mais grave quando se trata de mulheres negras:
– A desigualdade e a discriminação de gênero e raça não são questões de minorias. Se somarmos as mulheres e os negros de ambos sexos, são 70% da população economicamente ativa (PEA).
Com base em dados do IBGE, Laís salientou que as mulheres negras recebem entre 35% e 50% do valor dos salários dos homens não negros e de 45% a 65% em comparação às mulheres não negras.