ALERTA:
Com tantas matérias sobre mamadeira de plástico e bisfenol,
nada mais natural do que mães e pais ficarem preocupados com os produtos que estão sendo utilizados pelos seus filhos.
DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE O BISFENOL A
O que é bisfenol-A (BPA)?
O bisfenol-A é um produto químico usado na fabricação de plásticos. O BPA também é utilizado no revestimento interno de quase todas as latas de alimentos e bebidas, inclusive em latas de fórmula para bebês.
Por que o bisfenol A é usado em recipientes de comidas e bebidas?
Porque ele é transparente, forte, leve e duradouro e torna o plástico mais resistente a rachaduras. O revestimento de BPA usado no interior de latas de comida e bebida evita que as latas enferrujem.
O contato com o bisfenol-A traz riscos à saúde?
Nos últimos 10 anos, estudos com animais realizados em laboratório sugeriram que quantidades mesmo muito pequenas de bisfenol-A podem ser prejudiciais para a saúde, afetando principalmente o desenvolvimento de bebês e crianças pequenas.
Quais são os possíveis perigos do bisfenol-A para a saúde?
Os perigos incluem alterações no desenvolvimento do sistema nervoso do bebê (função da glândula tiroide e crescimento do cérebro); mudanças no comportamento e no desenvolvimento do intelecto (hiperatividade e agressividade). O bisfenol-A também foi associado à obesidade, problemas cardíacos, diabetes, câncer, puberdade precoce e tardia, abortos, infertilidade e anormalidades no fígado. Pesquisas já associaram o químico a problemas sexuais em homens, como a diminuição da qualidade e da quantidade de esperma.
Como estamos expostos ao bisfenol A?
Bebês e crianças: há duas formas mais comuns de contato com o BPA:
1 – O BPA pode ser transmitido para criança através do consumo de alimentos ou bebidas acondicionadas em plástico, como mamadeiras, copinhos, pratinhos e talheres. É importante salientar que o aquecimento da mamadeira leva a um maior desprendimento do bisfenol-A, no entanto, em mamadeiras de plástico a migração vai acontecer independe dela ser aquecida ou não.
2. O BPA também pode migrar de latas, como as de leite em pó, e assim ser ingerido pela criança. É cientificamente comprovado que o bisfenol-A passa pela placenta e a contaminação do feto ocorre sempre que a mãe ingerir um produto que esteve em contato com o químico.
Adultos: Pela ingestão de alimentos ou bebidas provenientes de latas, recipientes plásticos usados para guardar alimentos na geladeira, garrafas (squeezes) e garrafões.
Como evitar o contato com o bisfenol A?
– Consuma frutas e hortaliças frescas. Ao comprar conservas prefira as de vidro.
– Não aqueça comidas ou bebidas em recipientes de plástico.
– Rejeite qualquer recipiente de plástico que estiver velho, gastou ou turvo. Isto inclui garrafas d’água. Para acondicionar alimentos prefira os de aço inox, cerâmica ou vidro.
Como proteger o meu bebê do bisfenol A?
– Evite ingerir bisfenol-A se estiver grávida ou em fase de amamentação;
– AMAMENTE;
– Prefira mamadeiras de vidro ou que tenham o selo BPA free.
BEBÊS SÃO OS QUE MAIS ABSORVEM BISFENOL A
Estudo revela que bebês que mamam de mamadeiras são os mais afetados;
mesmo doses muito pequenas da substância pode ter impacto negativo sobre a saúde
O bisfenol A (BPA) é um elemento chave na fabricação de policarbonato e resinas epóxi – aproximadamente 3 milhões de toneladas são produzidas no mundo anualmente. Muitos plásticos que estão no nosso dia a dia, equipamentos médicos, mamadeiras e embalagens são feitos com policarbonato. A resina epóxi é utilizada como verniz interior de latas de alimentos e bebidas e também como selador de encanamentos. O BPA entra em nossos corpos pelo contato do alimento com embalagens plásticas. Mesmo pequenas doses dessa substância podem afetar o desenvolvimento sexual, especialmente em fetos masculinos e em bebês. Baseado em estudos toxicológicos, a European Food Authority (Autoridade Alimentar Européia – EFA) estabeleceu um limite diário de consumo de BPA em 50 microgramas por kg de massa corporal. “No entanto, o limite não incluí estudos feitos sobre o impacto hormonal do BPA, que normalmente são difíceis de interpretar,”disse Natalie von Götz, uma pesquisadora do Instituto de Química e Bioengenharia (Institute of Chemistry and Bioengineering).
Von Götz é a primeira cientista a publicar um estudo onde os vários meios de exposição ao BPA são relacionados às consequências da exposição. O objetivo era calcular valores médios representativos para as doses de BPA por kg de massa corporal para nove grupos de idades na Suíça, Alemanha e Austria. A equipe de pesquisa do Konrad Hungerbühler’s Safety and Environmental Technology Group começou determinando quais doses eram absorvidas por que produtos. Isso foi feito medindo a concentração do BPA em vários alimentos e outras fontes relevantes. O resultado foi multiplicado pelo total absorvido pela pessoa, dado já coletado em estudos anteriores. Por último o total acima foi dividido pelo peso do consumidor. Os pesquisadores chegaram então a doses individuais de 17 fontes estudadas para obter o valor médio de consumo de BPA para cada grupo de idade.
Bebês e mamadeiras – O estudo revelou que bebês absorvem mais BPA. Bebês que mamam em mamadeiras com BPA são os mais afetados, em média ingerindo 0.8 microgramas de BPA por quilo de massa corporal através do contato do leite com a garrafa. Esse montante é abaixo do que é permitido legalmente. “Estudos recentes porém, demonstraram que em ratos, mesmo doses muito pequenas, podem ter um impacto negativo”, afirmou von Götz. A exposição diminui com a idade, embora o estudo relate que a exposição também depende da dieta e do estilo de vida: pessoas que ingerem alimentos enlatados, esquentam comida em embalagens plásticas feitas com policarbonato no micro-ondas ou acabaram de fazer ou refazer obturações com resina epóxi são expostas a uma maior dose de BPA. A diferença desse novo estudo é que foi o primeiro a examinar o quanto fontes individuais contribuem para o total da exposição, estressa von Götz. No entanto, o estudo também revelou que mais pesquisas são necessárias. Por exemplo, o BPA está presente em enlatados em diferentes quantidades e se são diferentes pelo tipo de lata ou pelo modo como o alimento foi processado ainda não está claro. Von Götz diz que é necessário que indústrias dividam seu conhecimento e que mais pesquisas sejam feitas. Afinal, de acordo com a pesquisadora, precisamos reduzir a quantidade de substâncias químicas que são liberadas das embalagens em nossos alimentos. É claro que materiais sintéticos não podem ser totalmente eliminados por apresentarem consideráveis qualidades, o revestimento de enlatados protege os alimentos e também a lata de corrosão, por exemplo.
BISFENOL A PASSA DA PLACENTA PARA O FETO
Estudo inédito mostra que o bisfenol A, uma substância nociva encontrada em alguns plásticos, passa da placenta para o bebê. Os cientistas que estudam essa substância querem que ela seja banida. Veja o que fazer
Um estudo recém-publicado pos pesquisadores japoneses mostra, pela primeira vez, que o bisfenol A, uma substância encontrada em alguns plásticos e nociva para o nosso organismo, passa da placenta da gestante para o feto. O estudo mostrou ainda que o fígado do bebê não é capaz de processar essa substância. O estudo foi realizado com roedores. Segundo os cientistas, o sangue materno e os vasos do feto, nos animais, são separados por duas camadas. No caso do ser humano existe apenas auma, o que levou a equipe a acreditar que isso pode ser ainda mais perigoso.
Vários pesquisas mostram que ele poderia provocar câncer, influenciar na má formação dos órgãos masculinos do feto e ser um dos responsáveis pela puberdade precoce em meninas (o componente imitaria o hormônio feminino estrogênio), e até ser uma das causas da hiperatividade. As pesquisas indicam que o risco seria maior em crianças, porque elas são mais frágeis a esses malefícios. Por isso o bisfenol A foi banido no Canadá, na França, Dinamarca e na Costa Rica.
Nos Estados Unidos o material é proibido apenas nos estados de Chicago e Minnesota, mas a tendência e que o veto se estenda por outros estados. Na última semana a Agência de Proteção Ambiental americana classificou o bisfenol A como preocupante. Isso esquentou a discussão no país, mas ainda não foi suficiente para modificar a legislação e a postura da FDA (agência norte-americana que regula produtos alimentícios e farmacêuticos). Assim como brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a FDA diz que a quantidade de bisfenol A presente em plásticos (0,6 mg/kg) é segura.
Segundo eles, o componente é completamente eliminado pela urina, sem alcançar a corrente sanguínea. Do outro lado estão os pesquisadores que estudam o impacto dessas substâncias na vida das pessoas. Para eles, não existe nível seguro. Até a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que é contra o uso de mamadeiras, faz ressalvas. “Os pais devem evitar os produtos com essa substância”, diz Paulo Nader, presidente do Departamento de Neonatologia da SBP.
No Brasil, a discussão só acontece entre os cientistas e passa despercebida pela maioria da população. Mas nos Estados Unidos a procura dos consumidores por mamadeiras com plásticos feitos sem bisfenol A é grande. Por isso lojas infantis adotaram a venda de produtos livres da substância como estratégia de marketing. Esse é o caso da Baby “R” Us que anunciou que só comercializa produtos BPA-free. Mas nem todas as lojas seguem essa tendência, as britânicas Mothercare e Boots, por exemplo, continuam vendendo produtos com bisfenol A em suas lojas presentes em vários países.
Falta informação – A engenheira química Sônia Corina Hess, professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, estuda os efeitos nocivos dessa substância há dez anos. No fim de 2008, quando o governo canadense mostrou-se inclinado a proibir a venda de produtos com bisfenol A, ela preparou um parecer técnico reunindo todas as pesquisas que mostravam os riscos à nossa saúde. O documento foi entregue ao Ministério Público, mas não houve discussão.
CRESCER entrou em contato com diversas universidades brasileiras para repercutir as informações. Algumas assessorias de imprensa disseram que não tinham profissionais para falar sobre o tema, outras diziam que os médicos não se sentiam seguros. O médico Paulo Saldiva, chefe do Laboratório de Poluição da USP-SP e um dos maiores especialistas em substâncias nocivas à nossa saúde, tem uma explicação. “Falta no Brasil uma política ambiental que cuide das pessoas. Ela já foi criada no papel, mas não é funcional. Por isso, poucos falam sobre o assunto”, diz.
Não é pelo contato direto com a nossa pele que a substância entra no organismo. Ela é liberada quando o alimento está armazenado em um recipiente feito com bisfenol A. Quando o plástico é aquecido – como no micro-ondas – a liberação é ainda maior. O último estudo publicado, da Faculdade de Saúde Pública de Harvard (EUA), analisou por uma semana o nível de bisfenol A na urina de 77 participantes que tomaram líquidos em garrafas plásticas. O aumento da concentração dessa substância chegou a 69%, considerado um nível alto.
O que você deve fazer
Não pense no quanto você já esquentou a mamadeira, por exemplo, foque no futuro. Substitua o plástico por opções sem bisfenol A (a informação vem na embalagem) ou pelo vidro. Sim, são mais caros, mas valem a pena. Se você não conseguir encontrá-los, já que no Brasil a oferta ainda é modesta, compre plásticos de números 3 ou 5 (a informação vem no fundo da embalagem), que tem menos bisfenol A. Esterilize do jeito você fazia. Depois que a mamadeira esfriar, lave-a em água corrente e seque. Esquente o alimento em outro recipiente e só depois coloque no plástico pois, assim, a transferência de bisfenol A é menor. “Quanto melhor a qualidade do plástico, menor a transferência. Mas mesmo assim não estamos imunes”, diz Saldiva.
Texto originalmente publicado no www.crescer.com.br por Thaís Lazzeri em 17 de abril de 2010.
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