, ,Comecei a estudar o cuidado paterno quando percebi minha insatisfaç,ã,o e a de muitos homens com o pouco contato com os filhos. A partir daí,, todo um universo se descortinou em mim e iniciei a montagem de um grande quebra-cabeç,a &mdash, o homem e a paternidade. Comecei a procurar em meu á,lbum de famí,lia e descobri que nã,o havia nenhuma foto do meu pai me dispensando algum tipo de cuidado: alimentando, trocando fraldas, dando banho, levando para a escola, ao pediatra… Atos cotidianos que os homens da atualidade exercem nã,o mais como obrigaç,ã,o, e sim, pelo prazer que esses contatos evocam. ,
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Felizmente, a sociedade mudou em apenas uma geraç,ã,o. No entanto, as instituiç,õ,es de saú,de e també,m as escolares, jurí,dicas, etc., nã,o acompanharam a velocidade dessas transformaç,õ,es. Na minha formaç,ã,o em medicina e nos vá,rios cursos de pó,s-graduaç,ã,o stricto ou lato sensu que fiz, nunca tive uma aula sobre paternidade. Por vontade pró,pria busquei mais conhecimento e encontrei outros desbravadores desse tema e dia a dia seguimos trocando muitas descobertas.
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Inú,meros estudos comprovam que ser pai faz bem aos homens, à,s mulheres e, principalmente, a crianç,as e adolescentes. A presenç,a paterna está, associada a menor risco de gravidez na adolescê,ncia, envolvimento com drogas, violê,ncia e abandono escolar. Homens em contato com seus filhos no pó,s-parto produzem mais prolactina e ocitocina &mdash, hormô,nios do amor e do prazer &mdash, e menos testosterona, que está, relacionada à, violê,ncia e ao aumento da libido, num momento em que a mulher está, de resguardo fisioló,gico. ,
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Até, hoje, poré,m, os serviç,os de saú,de e educaç,ã,o sã,o espaç,os femininos, onde muitas vezes os homens se sentem pouco à, vontade de entrar e levar os filhos. Mas temos boas-novas. Na prefeitura do Rio de Janeiro está, sendo colocada em prá,tica uma polí,tica pú,blica de promoç,ã,o do cuidado paterno, como a Unidade de Saú,de Parceira do Pai e o Mê,s de Valorizaç,ã,o da Paternidade. Em Sã,o Paulo, há, o pré,-natal do homem, onde a gestante e seu parceiro sã,o atendidos juntos e os exames de sangue sã,o colhidos de ambos, com impacto na diminuiç,ã,o de doenç,as sexualmente transmissí,veis e uma gestaç,ã,o mais tranquila. E a ní,vel federal temos, há, cinco anos, uma Polí,tica Nacional de Atenç,ã,o Integral à, Saú,de do Homem e um dos eixos de seu programa é, o estí,mulo à, paternidade proativa.
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É, preciso realmente uma revoluç,ã,o cultural també,m nas questõ,es da paternidade para nos tornarmos uma sociedade mais feliz no contato com os filhos. Na Sué,cia, o pai e a mã,e tê,m a mesma importâ,ncia. A licenç,a-paternidade é, de seis meses, enquanto no Brasil quem toma conta é, a mã,e ou a sogra, depois a tia e, por fim, o homem. ,
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Sabem o que eu acho? Pai que é, pai acompanha a gestaç,ã,o, o parto e a amamentaç,ã,o, colabora nos cuidados cotidianos, participa das atividades escolares. Pai que é, pai ouve, olha nos olhos, brinca, está, presente no dia a dia de seus filhos. Providencia lazer, esporte e cultura para as crianç,as e, evidentemente, possibilita o acesso a seus direitos, à, saú,de e à, educaç,ã,o. E nã,o é, só,, nã,o. Pai que é, pai nã,o mente para seus filhos, é, é,tico e respeita suas escolhas, assim como garante sua presenç,a mesmo tendo se separado. ,
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Todos nó,s podemos ser promotores do cuidado paterno. Vamos chamar os homens para participarem mais do cuidado dos filhos? Vamos aumentar a licenç,a-paternidade? Vamos convidar os pais a trazerem seus filhos à,s consultas, à,s escolas? Vamos prestar mais atenç,ã,o nessas questõ,es de gê,nero para que possamos possibilitar com mais efetividade do crescimento e desenvolvimento integral de nossas crianç,as e adolescentes?
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* Marcus Renato de Carvalho ,