
SURTO de MENINGITE?
Uma breve nota técnica sobre casos de Meningite no Rio de Janeiro no outono de 2015
Prof. Marcus Renato de Carvalho
Crianças acometidas de Meningite em alguns bairros levaram pais a procurarem clínicas de vacinação por temeram uma epidemia.
O que precisamos saber?
Precisamos compreender que as Meningites apresentam-se de forma endêmica, i.é, sempre haverá alguns casos, mesmo com várias vacinas disponíveis.
Outro esclarecimento imprescindível: há muitos tipos de Meningite – virais (benignas e autolimitadas); bacterianas por Pneumococos (com vacinas disponíveis); por Haemophilus Influenza tipo B (também com vacina disponível); por Tuberculose (prevenível parcialmente com a vacina BCG); e finalmente a mais perigosa – a Meningite Meningocócica. Essa Meningite pode ser causada por bactérias do tipo A, B, C, W, Y… e tem o potencial de serem epidêmicas, porque são altamente contagiosas.
Vacinas estão disponíveis
Desde 2010, a vacina contra Meningite Meningocica C está presente no calendário básico de imunização do Ministério da Saúde e pode ser aplicada a partir dos 3 meses em 2 doses com um reforço aos 12-15 meses. Recentemente contamos com uma nova vacina contra os tipos A-C-W-Y – quadrivalente que só está disponível nas clínicas privadas. Essa vacina pode ser dada a partir dos 2 anos de idade sem data limite de aplicação. Em breve, também teremos uma vacina contra Meningite Meningocócica do tipo B.
Sanitaristas da Vigilância Epidemiológica acompanham diariamente o surgimento de novos casos, por localidade, observam os contactantes íntimos, e dependendo do tipo de Meningite, antibióticos profiláticos são administrados aos que tiveram contato bastante próximo.
Surto ou epidemia?
A manifestação, em uma comunidade ou região específica, de casos de uma doença com uma frequência que exceda a incidência normal prevista (número esperado de casos) caracteriza-se como surto.
Uma Epidemia significa que há um número de casos acima da média histórica, de aparecimento súbito que se propaga em determinado período de tempo em uma área geográfica acometendo um elevado número de pessoas.
Por que tanto pavor?
Na década de 70 tivemos uma epidemia de Meningite Meningocócica do tipo A que foi escondida por um tempo até que se tornou impossível de ser censurada pelo Estado. Talvez esse trauma tenha permanecido até hoje. Com os sistemas de vigilância municipal, estadual e federal, com a internet e aplicativos de mensagens instantâneas, é impossível que um surto seja encoberto pelas autoridades sanitárias. Justamente, por termos acesso a mais informação dos casos que surgem, fica a impressão que eles estão em número maior do que em um passado recente. Para nos tranquilizar, apesar do aumento populacional, a cada ano temos menos casos. De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental do Estado do RJ, no primeiro trimestre deste ano, foram registrados 32 casos e no mesmo período de 2014, 16 casos a mais. A cobertura vacinal está aumentando e cada vez novas vacinas estão disponíveis.
O que é Meningite?
As meninges são finas membranas que envolvem o sistema nervoso central, daí a gravidade da inflamação e infecção dessas estruturas. Com a diminuição da temperatura ambiente, ficamos em ambientes mais fechados, aumentando a transmissão de doenças infectocontagiosas.
Como evitar as Meningites?
Com as vacinas disponíveis para seus diversos tipos. A imunização não oferece risco nem tem contraindicação. Com a higiene das mãos, especialmente antes das refeições.
Quais os sinais e sintomas mais comuns?
No início é difícil diferenciar de outras infecções por vírus ou bactérias. Febre alta, dor de cabeça, inapetência, prostração, vômitos em jato (não precedidos de náuseas), rigidez da nuca… são motivos para levar imediatamente ao pronto-socorro para exames neurológico e complementares.
Leia mais: Meningite, a epidemia que a ditadura não conseguiu esconder.
Dr. Marcus Renato de Carvalho, Docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, Editor do www.aleitamento.com