
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA:
por que NÃO levar o seu filh@?
A Perigosa Cultura do Pronto-Socorro
O Pediatra e Professor Jayme Murahovschi* faz esse alerta ao público em geral e as mães e pais em particular
A criação do Pronto-Socorro (PS) – Hospitais de atendimento de Emergência (incluindo as atuais UPA – Unidades de Pronto Atendimento) foi uma conquista avançada no contexto da recuperação da saúde e é uma instituição irreversível. Infelizmente, com o tempo, ele foi se desvirtuando e usado como ambulatório com consequências desfavoráveis para a saúde da população, particularmente para as crianças.
Qual o objetivo do pronto-socorro?
Atender as urgências e emergências e, nisso ele é insubstituível, depois encaminhando devidamente o caso para o seguimento adequado. Ou seja, retornando ao seu Pediatra, Clínico Geral ou Médico de Família
Por que atualmente se vai tanto ao pronto-socorro?
Porque, como já foi dito, estabeleceu-se uma cultura de Pronto-Socorro. A expressão clássica “esta noite eu corri ao pronto-socorro” reflete a tirania da urgência vigente na sociedade atual.
Mas por que se vai tanto ao pronto-socorro sem necessidade real?
Porque os pais acham que o atendimento é rápido. Na realidade, eles acabam esperando durante horas, atravessando a madrugada, com sérios prejuízos para as atividades do dia seguinte. Porque os pais acham que é o lugar mais fácil para se fazer exames. O pedido de exames que é feito no PS acaba aumentando o tempo de espera. Muitos desses exames não seriam necessários se a criança fosse atendida por um Pediatra que a conhece e que pode aguardar, em contato com os pais, a evolução da doença.
Porque a família não tem um serviço de saúde pública adequado ou não tem um pediatra que atenda nos momentos que os pais atingem um estado de grande ansiedade.
A solução é a comunidade, com o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Brasileira de Pediatria, pressionar as autoridades de saúde, a melhorar os serviços de ambulatório, inclusive com o funcionamento no fim da tarde e começo da noite.
Por outro lado, ao escolher um Pediatra, confirme que ele está à disposição para orientações breves nas ocasiões de urgência além de se esmerar na Puericultura.
Por que cuidar de nossas crianças fora das urgências?
Porque a longevidade aumentou muito – a vida longa está garantida, mas a qualidade dessa vida não. O que acontece para a criança nos primeiros anos de vida determina todo o seu futuro. Cabe ao pediatra verificar: estado nutricional, história alimentar, curva de crescimento, desenvolvimento neuropsicomotor, comportamento, vacinação, atividades físicas, visão, audição, saúde bucal, sono, desenvolvimento da sexualidade, cuidados domiciliares, condições do meio ambiente, desempenho escolar…
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que essas consultas de puericultura devem ser feitas em idades-chaves, mesmo que a criança não esteja doente.
Quando se deve ir ao PS:
1) Levar ao PS nas emergências verdadeiras como febre muito alta em criança abatida/gemente (prostrada), vômitos que não param, diarreia líquida seguida, dor de cabeça súbita forte, falta de ar, crise asmática forte, acidentes e traumas, intoxicação… e nas urgências em que o pediatra não pode ser encontrado.
2) Assim que possível, comunique o ocorrido ao seu pediatra. Ele vai orientar a continuação do tratamento.
A consulta periódica de seu filho sadio evita doenças
Nós recomendamos que as consultas no 1º. ano de vida sejam mensais.
E depois:
De 1 a 2 anos a cada 2 meses
De 2 a 3 anos a cada 3 meses
De 3 a 5 anos a cada 6 meses
De 5 a 13 anos a cada ano
3) Nunca procure fazer tratamentos completos no PS, fazendo retornos frequentes com plantonistas diferentes.
Se for necessária a ida a um PS, saiba que o PS apenas começa o tratamento.
Comunique-se o mais breve possível com seu pediatra para que ele acompanhe o tratamento. A volta ao PS só se houver piora e nesse caso também o pediatra deve ser comunicado.
Academia Brasileira de Pediatria (ABP)
As idas as Emergências e aos Especialistas devem ser evitadas
Geralmente os Pediatras das urgências pedem RX, exames de sangue e prescrevem antibióticos e corticoides com mais facilidade, porque não conhecem o paciente e seus cuidadores e não tem como avaliar a evolução do quadro alguns dias depois.
Nos setores de Emergência dos hospitais acabam atraindo muitas crianças com doenças infecto contagiosas e os ambientes são, portanto, mais suscetíveis de contaminação, expondo seu filho(a) há mais um risco.
Aproveito para alertar que há também uma cultura de se recorrer aos Especialistas, na maioria das vezes de forma desnecessária. Por exemplo, se sua filha(o) está com Conjuntivite, Diarreia ou uma Dermatite, você não precisa levá-la ao Oftalmologista, ao Gastroenterologista e Dermatologista. O Pediatra tem condições te diagnosticar e tratar 95% das afecções que chegam ao consultório. Não se preocupe, que nós mesmos podemos encaminhar à um colega de confiança quando for necessário.
Prof. Marcus Renato de Carvalho, UFRJ
A próxima consulta do seu filho já está marcada?
Há quanto tempo a sua filha não é consultada pelo Pediatra que a acompanha?