Dicas para melhorar a alimentação do seu filho
FOTO: Ela é boa de garfo, define a mãe, Sônia Ben Lolo. A pequena Noa, de 11 meses, só faz careta quando sente algum sabor novo. Depois de algumas garfadas, costuma se entusiasmar
Mãe nunca é tão mãe como na hora em que dá de comer ao filho. Contabilize a quantidade de vezes em que você negociou (Só mais um pouquinho, vai!), fez alguma brincadeira (Olha o aviãozinho!) ou lançou mão de uma chantagem do bem (Quem não come o salgado não ganha o doce!) esta semana. De fato, não há tarefa para a qual uma mãe se dedique com mais afinco. Pode-se atribuir o bom e velho instinto materno, já que alimentação e sobrevivência estão diretamente ligadas. Muitas vezes, no entanto, a relação da mãe com a alimentação do filho é puramente emocional. A maioria acha que a criança não come o suficiente, atesta o nutrólogo Mauro Fisberg, chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Universidade Federal de São Paulo e coordenador do Centro de Pesquisas Aplicadas à Saúde e Nutrição da Universidade São Marcos. Só que isso, normalmente, não corresponde à realidade. Crescimento e desenvolvimento adequados indicam se a alimentação está correta. Difícil mesmo é ver uma mãe satisfeita com essa explicação.
Em geral, quando a mãe reclama que o filho não come, está se referindo ao fato de ele rejeitar um grupo de alimentos: frutas, verduras e legumes. É uma verdadeira queda-de-braço, em que os adultos não conseguem respeitar as vontades da criança, o que leva muitas vezes a criança a comer mal e errado. Se nós trocamos arroz, feijão e bife por um sanduíche, eventualmente, as crianças também têm suas vontades. Só que a capacidade de a mãe tolerar a recusa do filho é muito menor do que a teimosia dele. E as crianças resistem bem comendo mais ou menos até (acredite!) 15 dias. Haja coração. CRESCER falou com especialistas e selecionou as melhores dicas para lidar com a questão. Bom proveito!
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TOMA O LEITINHO O leite, rico em cálcio, é um dos alimentos mais importantes na vida dos bebês, fundamental para o crescimento e o fortalecimento dos ossos. Mas até completar 1 ano de vida, ele não deve ingerir leite de vaca in natura: além de aumentar a chance de provocar reações alérgicas, esse leite não tem os nutrientes em quantidades adequadas. Os pediatras costumam recomendar os modificados, em pó. Normalmente bem aceito, o leite torna-se um problema quando a criança, maior, não quer experimentar outros alimentos. Ou, ao contrário, se tem aversão a ele.
Leite de mais Crianças que ingerem grandes quantidades de leite tendem a comer menos nas refeições. Procure diminuir o volume e a freqüência. Evite leite após as refeições, pois o cálcio diminui a absorção do ferro.
Leite de menos A recusa do leite pode estar associada com intolerância à lactose, que causa desconforto intestinal. A intolerância pode ter uma característica genética e é mais freqüente em alguns povos, como os orientais. É possível encontrar no mercado até iogurte sem lactose. O cálcio também está presente em alguns peixes, em vegetais como a couve e no tofu.
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DEPOIS DO ALEITAMENTO A partir do sexto mês, a Organização Mundial da Saúde recomenda a introdução de outros alimentos, além do leite materno (dependendo do pediatra, isso pode acontecer a partir do quarto mês). Normalmente, suco, fruta e papinha são dados pela ordem mais aceita. Nesse momento, os estoques de ferro do bebê, provenientes da gestação, já estão em baixa e passam a ser repostos pela ingestão de carnes vermelhas e verduras de folhas verde-escuras, como brócolis, couve, etc. O ferro, aliás, é melhor absorvido se for incluída vitamina C na refeição, em um suco de laranja, por exemplo.
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REGRA BÁSICA Não se desespere! Se o seu filho não comeu em uma das cinco refeições do dia, mantenha as quantidades habituais na seguinte e evite guloseimas fora de hora. Se a fome apertar, lembre-o de que isso, provavelmente, tem relação com o tal almoço pela metade. Acredite, se eles descobrem que uma mãe aflita abre exceções (às vezes bem mais sedutoras), a história tende a se complicar cada vez mais.
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INSISTA! Às vezes, é preciso expor a criança de 10 a 15 vezes ao mesmo alimento até que ela o aceite. É uma espécie de defesa diante de algo que pode fazer-lhe mal. Um dia, ela adora determinado alimento. Depois de um tempo, passa a odiá-lo. E o contrário também acontece. A criança é muito instável em seus apetites e gostos. Paciência. Jamais tire de vez do cardápio o alimento que foi recusado. Ele pode voltar a ser apreciado quando você menos imagina. Experimente oferecer esses ingredientes em outros formatos. Que tal um pastel, croquete ou sanduíche com recheio de verduras e legumes? Cheeseburger com alface e cenoura ralada? Omelete com escarola, queijo e peito de peru? Substitua a massa da lasanha por abobrinha fatiada. Sucos podem mesclar frutas e hortaliças, como o de goiaba com agrião e melão.
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REFORCE ATITUDES POSITIVAS Não torne o horário da refeição um tormento. Evite frases do tipo: Se comer tudo, mamãe vai ficar feliz, Se não comer, vai para a cama agora, Só sairá da mesa se comer tudo. Prefira dizer: Nem vou lhe dizer que comer verdura é importante para você crescer porque é inteligente e sabe disso ou Você não é obrigado a comer, mas um bifinho ajuda a crescer, ficar forte e saudável. Quando seu filho comer de forma equilibrada e saudável, não deixe de elogiar.
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O AVIÃOZINHO Quem começa fazendo aviãozinho pode se ver obrigado a construir até nave espacial para o filho comer! Essas atitudes desviam a atenção e comprometem a percepção dos alimentos. Saiba que, nos primeiros meses de vida, o bebê tem um reflexo de cuspir o alimento que encosta na ponta da língua. A dica é colocar o alimento no canto da boca com uma colher pequena.